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      As dificuldades de ser artista iniciante no Estado

      Apesar da expressão cultural de Pernambuco no cenário brasileiro nos mais diversos segmentos artísticos, os incentivos à produção artística, segundo os beneficiados, ainda estão aquém do que poderia ser realizado

      As dificuldades de ser artista iniciante no Estado (Foto: Luciana Dantas/Divulgação)
      Luiz Natanael avatar
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      Leonardo Lucena _PE247 – Pernambuco é, sem dúvida, um dos símbolos da riqueza cultural brasileira nos mais diversos segmentos artísticos. Mas sobreviver de arte não é tão fácil no Estado, sobretudo para os artistas iniciantes. Falta de incentivo do governo com projetos permanentes, em vez de eventos isolados, é a principal crítica feita por quem fez ou faz parte do universo artístico. Desse modo, a políticas de fomento à produção cultural surge como reflexão ante este cenário.

      De acordo com o produtor cultural Romildo Moreira, o problema é mais de caráter político. “A nossa Constituição Federal não vê o Poder Público também como produtor cultural”, diz. “Em Pernambuco, o governo ajuda na produção da cultura, mas não na distribuição e na comercialização”, afirma.

      Moreira explica que não só a falta de mercado, mas também o despreparo de vários artísticas implicam numa imensa dificuldade de sobreviver da arte, sendo necessário mais investimentos em formação. “A sociedade não tem uma cultura intelectual e se deixa levar mais pela arte da Indústria Cultural, como shows de Ivete Sangalo, por exemplo, aquela feita apenas para vender”, acrescenta o produtor.

      Segundo ele, no caso da música, por exemplo, várias bandas desconhecidas têm a oportunidade de mostrar seu trabalho em grandes eventos, como Virada Cultural e Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), mas esse não seria o caminho.

      “Em várias ocasiões, eventos que agregam diversas bandas desconhecidas não são suficientes para ajudar os artistas a ‘decolarem’, porque o público, muitas vezes, está à espera da atração principal”, comenta. “O ideal é você fazer projetos permanentes, a fim de que o artista mostre seu trabalho para um público específico”, propõe.

      Não há como negar a importância que o Rádio e a Televisão exercem no crescimento do trabalha de um artista. O vocalista da Orquestra Contemporânea de Olinda, Gilú Amaral, critica a “política do jabá”, quando se paga o veículo para tocar determinadas músicas. “A questão é mercadológica. Temos bom público, mas não temos rádios e tvs que toquem nossas músicas, o que prejudica muito, principalmente, quem está em início de carreira”, avalia.

      Quando se trata de política cultural, um dos principais aspectos é a Lei Rouanet, através da qual se concede incentivos fiscais a empresas patrocinadoras de projetos culturais. Mas, na prática, as instituições privadas são livres para escolherem quem vão patrocinar, o que, em muitos casos, prejudica os artistas desconhecidos, sobretudo os iniciantes.

      “Vários artistas ainda encontram dificuldades para encontrar um meio de assegurar suas demandas. Criar uma curadoria especializada no âmbito político é uma das melhores formas de concretizar políticas que assegurem projetos contínuos”, analisa Amaral. “Muitos artistas também precisam pensar mais no lado empreendedor. Boa parte pensa apenas no lado artístico”, acrescenta.

      Por outro lado, a assessora técnica da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura (MinC)/Representação Regional Nordeste, Teresa Huang, diz que o Sistema MinC - administração direta, que são as Secretarias Nacionais, e entidades vinculadas, como Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) - fomenta e divulga a produção cultural em vários ramos da área.

      “O Sistema MinC, através de sua política de editais de concursos, prêmios, programas de bolsas e passagens (intercâmbio), como também apreciação de projetos direcionados à Lei de Incentivo Cultural (Lei Rouanet) fomenta, incentiva, divulga e promove o acesso de todas envolvidas na cadeia produtiva da Cultura, em processos transparentes e republicanos”, explica.

      Teresa cita o exemplo do programa Fomento às Artes da Fundação Nacional de Artes (Funarte), anunciado na última quinta-feira (2) pela Ministra da Cultura, Ana de Hollanda. De acordo com a iniciativa, um orçamento de R$ 160 milhões será destinado para as áreas de circo, dança e teatro; artes visuais; música e artes integradas.

      “A ação terá a concessão de prêmios, bolsas, cursos de capacitação artística e técnica, além de programas internacionais”, informa a secretaria. Outras instituições atreladas ao Minc são a Fundação Biblioteca Nacional, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) e a Fundação Cultural Palmares.

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