BB sofre com plano de comprar o Santander
Ações do banco estatal caíram 4,20% ontem, em razão dos rumores de que estaria comprador de 49% da instituição espanhola no Brasil; foi preciso a presidente Dilma mandar avisar que não quer que o negócio seja feito; isso vai ser suficiente para acalmar o mercado hoje?
247 – O mercado financeiro é implacável. E a quarta-feira 23 foi um dia em que o maior banco do País, o Banco do Brasil, experimentou uma forte dose dessa verdade. Depois de perderem até 8% ao longo do dia, os papéis da instituição fecharam em baixa de 4,20%, enquanto um de seus concorrentes privados, o Banco Santander, de matriz espanhola, chegou a estar subindo 3% para encerrar o dia ainda no azul, com melhoria de 0,67%.
A comparação faz sentido à medida em que os dois bancos foram envolvidos, ontem, por rumores de que o primeiro estaria comprando 49% das operações do segundo. Um negócio de aproximadamente R$ 30 bilhões. Dele ainda faria parte o Banco Votorantim, hoje com preço de mercado estimado em R$ 6 bilhões e seguidos prejuízos em seus balanços. Pelo plano que parcialmente veio a público, o BB se tornaria sócio da instituição de Emilio Botín também como forma de dar um salto para a frente e diluir as perdas sofridas com a compra do Votorantim. Nesse caso, um forte sócio privado, o próprio Botín, estaria entrando para a convivência do círculo de comando do Banco do Brasil. Como se sabe, ele tem potencial para, até mesmo, se tornar majoritário no futuro, o que consumaria a sempre polêmica hipótese de privatização da instituição nacional. Isso não está nj
Todas essas conjecturas passaram pela cabeça dos agentes do mercado, que agiram ontem, em suas ordens de venda de BB e compra de Santander, como se o negócio estivesse a um passo da concretização. Sobrou para o BB. Nesta quinta, os efeitos da aventada aquisição ainda devem produzir efeitos na oscilação dos papéis.
Além da perda no valor das ações do BB, o que ficou para o mercado foi a certeza de que a compra de 49% do Santander no Brasil estava sim sendo ensaiada pela diretoria da instituição estatal. Essa certeza se consolidou na forma pela qual o desmentido do negócio foi anunciado hoje, no mesmo espaço em que a perspectiva da compra havia sido noticiada – a coluna da jornalista Sônia Racy, no jornal O Estado de S. Paulo. Esse desmentido não veio na forma de uma negativa da direção do banco, mas pela informação de que a presidente Dilma Rousseff, pessoalmente, determinara a imediata dos planos e conversas naquela direção.
O episódio é exemplar a respeito do momento do governo. A presidente Dilma, economista que chegou a frequentar as aulas de mestrado e doutorado em Ciências Econômicas na Unicamp, está cada vez mais presente nas decisões referentes aos assuntos econômicos. De conselhos a líderes internacionais sobre a superação da crise financeira à luta contra os juros altos dentro das fronteiras do Brasil, a presidente tem procurado se posicionar , com ênfase, sobre todos os temas. Ela não conseguiria, neste momento de desenvoltura, ficar calada diante de um movimento que, conforme julgou o mercado, ao punir duramente as ações do Banco do Brasil e premiar os papéis do Santander, passou a uma primeira impressão de que seria muito ruim para o um e muito bom para o outro. Por mais que a instutição brasileira queira crescer, e apesar de toda a vontade dos espanhóis de venderem ativos para salvar as contas de sua matriz, o implacável mercado – e Dilma – mandaram avisar que não é por ai.
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