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Cadeia do leite é a que mais evita êxodo rural no RS

Necessidade de mão-de-obra intensa e familiar faz com que a produção esteja presente em mais de 120 mil estabelecimentos familiares no estado, mas setor precisa de qualificação

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Felipe Prestes, Sul 21

A cadeia produtiva do leite tem características peculiares, que fazem com que seja importante sua manutenção e crescimento no Rio Grande do Sul. A necessidade de mão-de-obra intensa e familiar faz com que sua produção esteja presente em mais de 120 mil estabelecimentos familiares no estado. Sua produção também exige proximidade e aumenta a integração da cadeia, concentrando todos os elos da produção na mesma região.

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"A cadeia produtiva do leite é muito exigente em mão-de-obra, 365 dias por ano. Não é adequada para o meio patronal. É mais adequada à agricultura familiar. E a agricultura familiar é muito importante onde tem estrutura fundiária mais democrática", explica o economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), Carlos Paiva.

A participação da cadeia produtiva do leite no PIB do estado está em cerca de 3%, "bastante expressiva", segundo Paiva. De acordo com o IBGE, o Rio Grande do Sul é o segundo estado em produção de leite no país. Em 2011, foram produzidos 4 bilhões de litros – 12,5% da produção nacional – que geraram R$ 6 bilhões.

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Em 2012, de acordo com João Milton Cunha, coordenador da câmara setorial do leite da Secretaria Estadual de Agricultura, a cadeia do leite respondeu por 2,13% do PIB gaúcho. Ele também destaca que está comprovada ser a atividade que mais fixa o homem no campo. Além disto, está presente em 90% dos municípios do Rio Grande do Sul.

Cadeia leiteira precisa de qualificação

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Apesar dos números positivos, Carlos Paiva acredita que é preciso mais estímulos. Do contrário, há a opção cada vez maior pela produção da soja, em detrimento do leite, além de se manter uma produção de baixa qualidade. "A soja está explodindo em demanda, o preço é muito elevado, mas ela vai à granel para a China. Os chineses não querem comprar a soja já beneficiada, eles fazem óleo de soja e tofu melhor que nós. Ao menos parte da cadeia leiteira precisa ser beneficiada no local. Ela fomenta a indústria local, a soja não. Tem que ter ação do Estado para a cadeia leiteira", afirma.

Segundo Paiva, é preciso qualificar a questão da sanidade e de formação de mão-de-obra. Também é preciso melhorar a qualidade dos produtos derivados do leite. "A gente não produz queijos finos", exemplifica. Ele afirma que não há uma política para a qualificação da indústria de lácteos, apenas isenções fiscais, e afirma que atividades que são a vocação natural do estado precisam ser priorizadas. "Atividades como as do Polo Naval são importantes, mas é incerto por quanto tempo serão competitivas. O leite é uma vocação natural do estado", compara.

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O economista defende ainda uma política garantidora dos preços do leite, que oscila muito, ao contrário de outras matéria-primas, como a soja. "Apesar disto, as perspectivas são boas", pontua Paiva. "O mercado interno do país cresce. Pessoas saem da pobreza e, com isto, o consumo de proteínas cresce", explica.

No diagnóstico do setor feito para a política industrial gaúcha, o Governo do Estado chegou a conclusões parecidas com as apontadas por Paiva. "Os gargalos estão na qualidade e na sanidade", afirma João Milton Cunha.

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O parque industrial gaúcho tem capacidade para absorver 18 milhões de litros/dia e são produzidos apenas 10 milhões, gerando 45% de ociosidade. "É preciso aumentar a produtividade com qualidade. Isso também permitirá aumentar a diversidade de produtos", diz Cunha.

O Governo desenvolve programas que visam aumentar a qualidade e dobrar a produção de leite em dez anos. Um deles é o Mais Leite de Qualidade, lançado em março deste ano com objetivo de estimular a implantação de resfriadores de expansão direta e ordenhadeiras. O Governo do Estado investirá R$ 78,2 milhões no programa Mais Leite de Qualidade, subvencionando em 15% a aquisição de maquinário pelos agricultores que têm acesso ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e em 50% para aqueles que não têm possibilidade conseguir crédito. Os recursos aplicados devem gerar mais arrecadação para o estado. O Governo estima arrecadar R$ 318 milhões com as melhorias na produção do leite e calcula também que o produtor terá um acréscimo de renda muito maior que os custos para a aquisição dos equipamentos.

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Na questão da sanidade, o Governo trabalha com o Programa Estadual de Controle e Erradicação da Tuberculose e Brucelose Bovídea (Procetube). A ideia é que em oito anos todos os estabelecimentos que criam bovinos no estado estejam certificados. Outra iniciativa que visa a qualificação da produção de leite é o Programa Estadual de Incremento da Qualidade Genética da Pecuária de Carne e Leite (Dissemina), que conta com verbas dos governos estadual e federal para projetos desenvolvidos pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). O programa pretende distribuir material genético a custo zero e nitrogênio líquido a preço de custo aos agricultores, através de responsáveis técnicos indicados pelas prefeituras.

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