Candidatíssimo, Aécio quer prévias no PSDB
Senador mineiro defende a escolha do candidato tucano j em 2013, um ano antes das eleies presidenciais. E pede um novo discurso para o partido
Minas 247 - Se depender do ex-governador, e atual senador, de Minas Gerais, Aécio Neves, o modelo de escolha do candidato a prefeito pelo PSDB em São Paulo será repetido para a definição do próximo presidenciável tucano. Se José Serra tentou até onde pôde evitar as prévias este ano, o colega de partido - ou seria rival de partido? - Aécio Neves considera esse o melhor modelo para os tucanos. O senador, já conhecendo o script das últimas eleições nacionais perdidas pelos tucanos, defende também um novo discurso para o PSDB, mas sem esquecer o que considera suas grandes bandeiras: o Plano Real, as privatizações, a modernização da economia e a responsabilidade fiscal.
Leia abaixo a entrevista que Aécio concedeu ao site Terra Magazine (ou clique aqui para lê-lo no próprio endereço eletrônico):
Terra Magazine: Você… tem uma frase que você usa e que seu avô (Tancredo Neves) usava: "Política é destino…" Bem, o destino nem sempre tá nas nossas mãos… tem os fados e os eventos… mas tem a construção, também. Como é que tá a construção pra 2014? Tem gente dizendo: "Ah, o Aécio tá muito quieto, tá muito calado…" Que importância tem isso? Você tá preocupado com isso agora?
Aécio Neves: Começando por Tancredo… ele dizia que a Presidência é destino… e ele foi a maior vítima disso, ele se preparou a vida inteira pra isso…
Terra Magazine: Cinquenta anos! E subiu a rampa (do Palácio do Planalto) num caixão!…
Aécio: Ele se preparou como, talvez, nenhum outro brasileiro para assumir a Presidência do Brasil, num momento crucial da vida brasileira, e o único compromisso que tinha era com a História. Tancredo não tinha compromisso com esse grupo, com aquele grupo… ele tinha compromisso com o Brasil e com história, e o destino não deixou que ele assumisse. E Tancredo também, nas várias lições que deixou, e não apenas pra mim, a todos que tiveram a oportunidade, você inclusive, de conviver com ele durante aquela campanha, as Diretas e, depois, na sua própria campanha (eleição indireta, via Colégio Eleitoral do Congresso), ele dizia que a arte na política, o desafio maior, é administrar o tempo. E eu tenho convicção disso. Uma decisão correta no tempo errado, ela não traz um resultado correto.
Então, agora, temos que compreender, o PSDB, o meu partido, precisa revigorar-se, precisa inserir um novo discurso na sua relação com a sociedade. Não adianta mais falarmos que nós fomos o partido do Real, da modernização da economia, o partido das privatizações… fomos tudo isso, o partido da responsabilidade fiscal… e é bom que isso seja um mantra a nos acompanhar, mas as pessoas vão optar pelo PSDB quando compreenderem que nós queremos ir pra frente. Acho que esse é o nosso desafio. O que o PSDB faria de diferente, por exemplo, em relacão à saúde pública no Brasil?
Eu digo: nós dariamos um financiamento público à saude maior do que o governo do PT vem dando. Hoje, os municípios financiam a saúde com 15% das suas receitas, os estados, com 12%, e a União não fixou um valor mínimo. Nós propusemos 10%. Na segurança pública; uma tragédia que hoje não é exclusividade dos grandes centros… nos pequenos e médios municípios brasileiros, o crack tá ai, atormentando, acabando com a vida de inúmeras famílias de brasileiros. O que o governo federal faz em relação a isso? Absolutamente nada. Infraestrutura? Caos absoluto, falta de planejamento… esse PAC é uma falácia, vendida como um grande projeto reorganizador do desenvolvimento nacional e, na verdade, é um grande ajuntamento de projetos, sem fiscalizacão, sem planejamento, com seus orçamentos triplicando em alguns casos ao longo do tempo. Então, nós vamos ter que mostrar à população brasileira que o PSDB, enquanto administra, administra melhor.
Que o PSDB, quanto às questões relativas à ética, que o PSDB é mais cioso, que o PSDB presta mais atenção a essas questões. E o PSDB pensa o mundo de uma maneira menos sectária que o PT. O PSDB vai buscar alianças pragmáticas em relação aos interesses do Brasil, comerciais, sobretudo, e não alianças ideológicas, atrasadas, que nenhum beneficio trazem aos interesses do Brasil.
Terra Magazine: Então…
Aécio: Então o grande desafio é esse: fortalecer o discurso do PSDB, ter um bom desempenho nas eleições municipais e, em 2013, no final de 2013, no que depender da minha posição pessoal, o PSDB, através de prévias, vai iniciar o processo de identificação do nome que vai conduzir essas bandeiras. Mas, não adianta ter nomes se não tivermos bandeiras. Agora é hora de construirmos essas bandeiras e o nome vai surgir na hora certa com chances, eu acho, de encerrarmos esse ciclo que aí está e que já não vem fazendo bem ao Brasil…
Terra Magazine: Pra encerrar, então é previsível que esse seja uma parte do discurso na eleição deste ano?
Aecio: Sem dúvida. O PSDB é um partido nacional, um partido que tem um projeto para o Brasil, e não pode se dar ao luxo de esquecer esse projeto, mesmo nas disputas municipais. É óbvio que o tema municipal é o que vai prevalecer, mas a emoldurar todas essas disputas haverá uma sinalização ao eleitor: "Olha, o partido desse candidato a prefeito…"
Terra Magazine: Haverá uma nacionalização do discurso?
Aécio: "… tem um projeto ousado, moderno e eficiente para o Brasil…" E obviamente o resultado das eleições municipais ajudará a impulsionar isso.
Terra Magazine: Mesmo em Cocorobó, Pau a Pique e Bem Bom haverá um pedaço para a nacionalização da mensagem?
Aécio: …em todos os municípios haverá espaço pra se falar de segurança pública, de saneamento básico, pra se falar de saúde e, obviamente, esses temas são temas nacionais…
Terra Magazine: Ok, muito obrigado.
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