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      Carro zero: você precisa de um?

      Preço mais barato, que lota feirões, não é suficiente para avaliar a compra. Veículo usado é melhor moeda de barganha como dinheiro, para pagar a entrada do novo

      Carro zero: você precisa de um? (Foto: Shutterstock)

      Antonio De Julio* para o 247 - O primeiro fim de semana de vendas de veículos com IPI reduzido foi uma festa. Os feirões realizados pelas montadoras, com as concessionárias oferecendo as mesmas condições, venderam o triplo de um feirão típico, graças aos descontos nos preços puxados pelo pacote de incentivos do governo -- que vai até 31 de agosto.

      As montadoras conseguiram reduzir os estoques em seus pátios. Em uma loja, a meta de vendas para maio era de 340 carros -- venderam 536, superando a marca de março de 2009, quando realizaram sua primeira edição de vendas com IPI reduzido. O incentivo mais recente foi bom para todos: montadoras, lojas e consumidores, e os feirões prosseguiram neste primeiro fim de semana de junho.

      Será que era apenas uma questão de desconto o que separava os consumidores do seu sonho de consumo? Ou, melhor ainda: poderia este desconto ter sido maior?

      O fato trágico, mas real, é que grande parte dos consumidores brasileiros não sabe comprar. Usamos a internet para fazer todo tipo de pesquisa que possa favorecer o bolso. Mas quantos tiveram a curiosidade de entrar no site de uma montadora, em qualquer outro país da América Latina, para saber quanto nossos hermanos pagam por um carro igual ao nosso ou só para ter uma noção de preços?

      Entre nós, na hora de decidir uma compra, vale mais a regra: "cabe no bolso, vale um gosto". E não só para automóveis. Eletrônicos, roupas, serviços como internet e celular, tudo aqui é mais caro. Já ouvi várias pessoas que moram fora do Brasil dizerem: "Pelo que vocês pagam de impostos, vocês são milionários".

      Além da carga tributária, carregamos uma outra (mas, esta, porque queremos): a carga de lucro das empresas. Neste caso, a das montadoras de automóveis brasileiras. O governo, com a nobre intenção de baixar os preços dos carros nacionais, abriu nosso mercado para as montadoras estrangeiras, especialmente as chinesas, que trouxeram um novo patamar de custo-benefício para os consumidores. Tanto que muitos carros nacionais tiveram seus preços reduzidos, pelo "terremoto" que os estrangeiros promoveram.

      Mas o "terremoto", infelizmente, durou pouco, pois o mesmo governo, pouco tempo depois, aumentou a alíquota de impostos para carros que não têm um percentual de nacionalização, a fim de proteger a indústria nacional. Uma medida muito mais simples do que fazer uma profunda e necessária reforma tributária, fiscal e trabalhista, que está afogando a competitividade das nossas indústrias. Curamos a ferida, mas o tumor ainda está lá, presente.

      Temos a liquidação quando há necessidade, o consumidor acha que está barato e, assim, seguimos adiante, em um casamento perfeito.

      Na crise mundial de 2008, quando muitas montadoras americanas com fábricas no Brasil quase faliram, as filiais brasileiras ajudaram a tirar estas empresas do buraco, mandando gordas remessas de lucro para as matrizes. O "lucro Brasil" não fica no País para ajudar a melhorar a qualidade dos produtos brasileiros. Ele vai para fora, para melhorar a qualidade dos produtos que eles compram. Algumas montadoras fizeram até festa para os gerentes daqui.

      Os carros brasileiros são caros, têm o padrão de qualidade dos europeus da década de 80 e, mesmo assim, são nosso sonho de consumo. Para quem pensa em ir ao próximo feirão, seguem algumas dicas para ajudá-lo a decidir, avaliando além dos descontos, se vale ou não a pena comprar um carro zero agora.

      * Antonio De Julio é especialista em educação financeira da MoneyFit 

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