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Cérebro apaixonado. E a fábrica de hormônios funciona a todo vapor

Cérebro apaixonado. E a fábrica de hormônios funciona a todo vapor



Por Martine Perez - Le Figaro

 

O que acontece quando estamos apaixonados? É a pergunta que surgiu na mente da professora Stéphanie Ortigue da Syracuse University, nos EUA, e que a levou a analisar toda a literatura científica internacional para poder responder. O resultado impressionante de suas investigações nos é fornecido na última edição da revista Journal of Sexual Medicine.

Em primeiro lugar, primeira revelação, ficar apaixonado não leva mais de um quinto de segundo! Em seguida, essa paixão à primeira vista não só provoca uma euforia similar a da cocaína, mas, além disso, estimula as áreas intelectuais do cérebro e não apenas aquelas relacionadas à afetividade. Trabalhos de imagem revelaram que nada menos que doze áreas cerebrais se agitam e trabalham em conjunto para liberar em todo o encéfalo moléculas químicas deliciosamente estimulantes como a dopamina, a oxitocina (o hormônio do vínculo), a adrenalina, a vasopressina…

«É realmente o cérebro que fica apaixonado, mas o coração é sensível a essas mensagens químicas originárias dos neurotransmissores cerebrais », destaca Stéphanie Ortigue.

O símbolo da paixão é o cupido, pela mitologia greco-romana, uma flecha atinge o coração causando a paixão. Isso tem explicação, pois a paixão causa aceleração cardíaca e aquele fogo no peito que sentimos quando estamos ao lado de quem gostamos. Na verdade a flecha do cupido atinge a cabeça. Todos aqueles suspiros, suores, olhares perdidos e as outras sensações nascem no cérebro e é resultado de várias combinações hormonais do nosso corpo. A seguir veja algumas substâncias naturais do organismo envolvidas na paixão:

A dopamina é uma das substâncias responsáveis pelas descargas de emoções para o coração e as artérias. É um neurotransmissor da alegria e da felicidade liberado no organismo para potencializar felicidade. A pessoa fica agitada, corajosa e disposta a fazer coisas novas, apesar de dormir e comer mal. O mecanismo cerebral é muito parecido com aquele de se viciar em cocaína. A sensação é tão gostosa que a pessoa pede a Deus para que essa paixão dure para sempre e a dependência pelo amado provoca uma síndrome de abstinência quando eles se distanciam.

Feniletamina, outra molécula natural parecida com a anfetamina associada a várias mudanças nosapaixonados, assim como a noradrenalina, que contribui com a memória para novos estímulos. Por isso os apaixonados costumam se lembrar da roupa que o amado usava, da voz e do jeitinho natural. Os hormônios como a oxitocina e a vasopressina, que formam os laços afetivos mais duradouros e intensos,  também tendem a aumentar nas fases mais agudas, preparando o terreno para um relacionamento estável.

Uma área específica do cérebro se mostra ativadas em pessoas apaixonadas, são locais cheios de dopamina e endorfina, um neurotransmissor com efeito semelhante ao da morfina. Juntos eles estimulam o prazer, com o mesmo mecanismo do prazer em comer quando sentimos fome e em beber quando temos sede. Quanto mais contato se tem com o amado ou a amada, mais liberação de endorfina e dopamina, ou seja, de mais e mais prazer.