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Chalita no ataque: "Fui vítima de um complô"

Deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) sai da defensiva e atribui ao comitê montado pelo tucano José Serra, na disputa municipal de 2012, a autoria as denúncias recentes contra ele. "Uma vez falaram: brigou com o Serra, você sai destruído". Sobre o delator, Roberto Grobman, ele é enfático. "De graça, ele não fez isso". Chalita afirma ainda que o deputado Walter Feldman, acusado de oferecer R$ 500 mil pela denúncia, é também próximo a Gilberto Kassab

Chalita no ataque: "Fui vítima de um complô"

247 - O deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), que vinha sendo cotado para assumir um ministério no governo Dilma e até para concorrer ao governo de São Paulo em 2014, com o apoio do PT, viu seu mundo desabar depois que um desafeto, o analista de sistemas Roberto Grobman, passou a acusá-lo de receber R$ 50 milhões em propinas. Depois de um festival de ataques, ele decidiu quebrar o silêncio e falou aos jornalistas Fausto Macedo e Bruno Boghossian, do Estado de S. Paulo. Na entrevista, a ser publicada neste domingo, Chalita se diz vítima de um "complô político eleitoral".

A história, segundo Chalita, começou na campanha à prefeitura de São Paulo, em 2012, quando o jornalista Ivo Patarra, autor do livro "O chefe", que acusa o ex-presidente Lula de ser o mandante do chamado mensalão, passou a procurar várias pessoas próximas a ele. "Pelo menos seis pessoas me ligaram e me alertaram", disse Chalita. Integrante da campanha de Serra, Patarra conseguiu acesso ao ex-analista de sistemas Roberto Grobman e já admitiu que o levou ao Ministério Público para apresentar as denúncias contra Chalita.

O deputado peemedebista não hesita em apontar José Serra como mentor intelectual das denúncias. "O Serra sempre ficava muito irritado comigo nos debates", disse. "Uma vez falaram pra mim: brigou com o Serra, você sai destruído, mas nunca imaginei que fossem fabricar dossiê e pegar uma pessoa que tem raiva de mim e foi instrumentalizada para construir essa história".

Chalita admite que conheceu Roberto Grobman, porque ele foi namorado de Marcia Alvim, uma diretora da PUC que depois passou a trabalhar na Secretaria de Educação de São Paulo, cargo que já foi do deputado. Depois, disse que se afastou quando notou certos desvios em sua personalidade. "Ele já se apresentou como agente da Abin e sempre fantasiou histórias", afirma. "Comecei a ficar com medo".

O deputado afirma ainda que Grobman não o acusa sem ter motivações espúrias. "De graça ele não está fazendo isso". O acusador, que levou emails e documentos ao Ministério Público, falou em propinas de R$ 50 milhões e disse que Chalita chamava o dinheiro de "Vanderlei", porque manteria uma conta em Luxemburgo – numa alusão ao nome do técnico Vanderlei Luxemburgo. "De onde ele tirou isso? Imagine a quantidade de caixas para caber R$ 50 milhões!"

Grobman foi acusado por um ex-diretor da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, Milton Leme, de oferecer R$ 500 mil para que ele engrossasse as denúncias contra Chalita. Segundo Leme, Grobman falava em nome de Walter Feldman, que coordenou a campanha de Serra em São Paulo. Segundo Chalita, Feldman era muito próximo ao ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que poderia, também, estar interessado nas denúncias.

O deputado falou ainda sobre sua relação com o empresário Chaim Zaher, dono do grupo COC. "Ele nunca forneceu para a Secretaria de Educação, não há um contrato", afirma. "Eu sempre tive uma relação muito boa com empresários, mas isso nunca interferiu em nada".

Sobre o seu patrimônio, de mais de R$ 11 milhões, ele diz que foi obtido com vendas de livros, palestras e heranças. "Está tudo declarado e eu posso abrir meu sigilo fiscal, bancário, telefônico, tudo".

Em relação ao futuro, ele disse que a presidente Dilma não lhe convidou para ser ministro, mas afirmou que poderá, sim, ser candidato ao governo de São Paulo em 2014. Por ora, Chalita prefere abordar o presente e falou da missão de presidir a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados. "Tenho um sonho que é aprovar a Lei de Responsabilidade Educacional, com sanções ao gestor que não cumprir as metas previstas".