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      Comércio de BH, com medo, retira caixas eletrônicos

      Série de explosões leva vários comerciantes da capital a retirarem as máquinas de suas lojas. Segundo a Polícia Civil, somente em 2012 cerca de uma tonelada de explosivos foi roubada por criminosos. A munição é usada para explodir os equipamentos

      Comércio de BH, com medo, retira caixas eletrônicos (Foto: Edição/247)
      Gisele Federicce avatar
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      Minas 247 – Já virou rotina. Explosões de caixa eletrônicas em Belo Horizonte vêm aterrorizando os comerciantes da cidade, que resolveram adotar uma medida drástica. Estão retirando as máquinas de suas lojas. Grandes redes de supermercados, como o Super Nosso e o Supermercados BH desativaram, juntas, 109 caixas. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), os postos de gasolina também vão adotar a mesma medida.

      Há cerca de 15 dias, o 247 já havia noticiado a retirada de equipamentos em várias redes de farmácia na cidade. A Secretaria de Defesa Social acredita que a solução do problema possa estar em uma maior fiscalização em pedreiras, mineradoras e revendedores de explosivos, que não estariam tendo o devido cuidado no armazenamento do material.

      Confira a matéria da jornalista Paula Sarapu, do jornal Estado de Minas

      A onda de explosões a caixas eletrônicos provocou em Minas Gerais, sobretudo em Belo Horizonte, uma enxurrada de desistência na prestação desse tipo serviço, levando comerciantes a solicitar a retirada de pelo menos 125 máquinas de supermercados, postos de gasolina e farmácias, segundo levantamento do Estado de Minas em associações, sindicatos, empresas e proprietários. A rede Supermercados BH, por exemplo, vai desativar todos os 97 caixas de autoatendimento, a maioria na capital. A decisão foi tomada depois de um ataque em abril à loja da Avenida Portugal, no Bairro Jardim Atlântico, na Região da Pampulha. Em fevereiro, uma loja da rede sofreu uma tentativa de explosão em Pirapora, no Norte de Minas. Para minimizar o risco aos clientes e funcionários e evitar prejuízos, o Super Nosso também está suspendendo o serviço e já solicitou aos bancos a retirada de 12 máquinas de suas unidades.

      Diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) e dono de quatro postos, Carlos Eduardo Magalhães nem sequer esperou as operadoras dos caixas e já desligou as três máquinas de seus estabelecimentos. Um deles, em uma das vias mais movimentadas da capital, foi alvo do ataque dos bandidos. “Nem esperei os bancos, porque o risco é muito alto principalmente por causa do produto inflamável. A explosão em um dos meus postos atingiu dois carros de clientes que estavam estacionados e poderia ter sido muito pior”, diz ele. E acrescenta: “Não temos uma estatística oficial, mas a cada 10 postos associados, dois ou três têm caixas e o que percebemos é uma grande preocupação e desinteresse em manter as máquinas. Por questão de proteção, a tendência é de que elas sejam retiradas”, afirmou o comerciante.

      O proprietário de dois outros postos de combustíveis, que pediu para não ser identificado, disse que a empresa responsável pelas máquinas de atendimento 24 horas “fizeram força” para ele manter a prestação de serviços. “Disseram que era uma onda passageira, mas o próprio funcionário, quando veio retirar minhas duas máquinas, contou que a demanda era grande e que uma rede de supermercados cancelou vários equipamentos. Diante do perigo, ninguém quer mais isso.”

      Suspensão

      A situação é semelhante para os donos de farmácias e drogarias, que oferecem o serviço de saque e pagamentos em caixas eletrônicos. Segundo a advogada Tacianny Mayara, do Sindicato de Farmácias e Drogarias de Minas Gerais, o assunto tem presença garantida nas pautas de discussões.

      “Havia um movimento crescente para a instalação dessas máquinas como atrativo de mercado e forma de agregar valor ao serviço. Mas ter um caixa de autoatendimento hoje vulnerabiliza o estabelecimento e assusta o setor. Temos 7.500 empresas registradas na Junta e vamos encomendar uma pesquisa para levantar esses dados oficiais, mas a maior parte dos comerciantes têm externado a vontade de suspender essa prestação de serviço”, disse a advogada.

      Dos 50 estabelecimentos que integram a Associação de Farmácias e Drogarias de Belo Horizonte (Asfad), oito já retiraram os equipamentos bancários, segundo o presidente da entidade, Sebastião Eustáquio Alves. “Quase todo mundo diz que vai solicitar o desligamento das máquinas e a suspensão do serviço de correspondente bancário, em que o cliente pode pagar contas nos caixas da loja, porque o rendimento é baixo e de forma nenhuma compensa o risco. Só para  ter uma ideia, alguns bancos pagam R$ 150 por mês para manter um caixa eletrônico na farmácia.”

      Integrante da força-tarefa para combater este tipo de crime, o secretário-adjunto de Defesa Social, Denilson Feitosa, diz que o estado vai atuar contra mineradoras, pedreiras, revendedores e garimpos que não têm cuidado no armazenamento do material explosivo. Segundo ele, vai ser fiscalizado o que for possível daquele que não se adequar: alvará de funcionamento, pagamento de impostos e situação da segurança privada, por exemplo. Desta forma, acredita ele, será mais fácil combater o bandido amador.

      “Mais do que a prisão, a população não quer que aconteça o crime. Por isso, precisamos de um planejamento grande e bastante definido, principalmente porque a operação será permanente. O grupo Forças de Minas vai agregar todas as instituições na atuação de prevenção. Quem não fizer a devida guarda e uso do material, com capacidade de rastreá-lo, sofrerá as consequências”, garante o secretário.

      Segundo ele, uma das linhas de investigação apura se há organizações criminosas fantasmas, criadas justamente para adquirir explosivos. Ele diz que os setores de inteligência e investigação estão afinados e que os alvos estão mapeados.

      “O explosivo está disponível em todo o estado. Não basta entrar na viatura e sair por aí. Precisamos de informações para subsidiar as investigações e posso dizer que o trabalho está avançado. Percebemos que há uma forma profissional e uma amadora de se explodirem caixas. Fizemos um raio X de quem compra licitamente porque o maior problema vem daí, do desvio, da forma de armazenar os explosivos sem o cuidado que se deve. O amador a gente resolve secando a raiz. Os grupos organizados, fica mais fácil. Já estamos monitorando alguns alvos.”

      Este ano, cerca de uma tonelada de explosivos foi roubada por criminosos, de acordo com a Polícia Civil. A Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército, responsável por este controle, contabiliza 504 quilos desde janeiro de 2011. O órgão calcula o desvio de 312 metros de pavio e 272 unidades de detonadores.

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