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Como não fazer amigos e não influenciar pessoas

Visitas da presidente Dilma a duas das maiores potncias globais, at agora, no geraram empatia. Ao contrrio: nem Angela Merkel nem Barack Obama demonstram interesse pelas reclamaes apresentadas pelo Brasil. No hora de parar de dar lies e calar as sandlias da humildade?

Como não fazer amigos e não influenciar pessoas (Foto: Kevin Lamarque/REUTERS )

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247 – As imagens falam por si. O encontro entre Barack Obama e Dilma Rousseff, na Casa Branca, evidenciou o mal-estar entre os dois presidentes. Caras amarradas, respostas truncadas e gestos e falas que explicitavam a falta de empatia recíproca. Ao cobrir a visita de Dilma a Washington, o jornal espanhol El Pais destacou que, ao contrário do que se previa, Obama não ofereceu um jantar de gala à presidente brasileira – Dilma terminou jantando na embaixada brasileira. Talvez sejam tensões naturais depois que o Brasil passou a ter aspirações maiores na cena internacional. Mas o fato incontestável é que aquele Obama que abraçou o ex-presidente Lula numa reunião do G-20 em Londres e o rotulou como “o cara” não demonstrou a menor afinidade com a presidente Dilma, apesar de troca formal de gentilezas.

Há várias explicações para isso. A primeira é a falta de uma agenda concreta entre os dois países. Desde o enterro da Área de Livre Comércio das Américas, a Alca, Brasil e Estados Unidos não têm pontos estratégicos a discutir na área econômica. Além disso, os dois países também divergem em questões como o programa nuclear do Irã e a imposição de sanções à Síria. Para completar o quadro adverso, Dilma levou aos Estados Unidos o mesmo discurso apresentado um mês antes, na Alemanha, diante da chanceler Angela Merkel: o de que os países ricos estariam provocando um “tsunami monetário”, com uma política monetária expansionista. Ao adotar taxas de juros baixas e emitir moeda para combater a recessão interna, os Estados Unidos criariam uma enxurrada de dólares e fariam com que investidores buscassem retornos mais atraentes em países emergentes. Este fenômeno estaria valorizando o real, reduzindo a competitividade das exportações brasileiras e permitindo a chamada arbitragem de juros entre os dois países. Em suma, é isso a essência do que Dilma e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, definem como “guerra cambial”.

Obama ouviu as reclamações de Dilma, mas, evidentemente, não deu a menor importância. Candidato à reeleição nas eleições presidenciais de novembro deste ano, ele tem como principal desafio tirar seu país da crise econômica em que se encontra desde 2008. E, certamente, não poderia fazer isso com juros altos. O mesmo vale para Angela Merkel, que comanda uma economia que é o coração de uma Europa combalida, onde vários países estão à beira da bancarrota. Se o Brasil, de fato, se incomoda com a arbitragem de juros daqui e de fora, poderia fazer a sua parte reduzindo ainda mais a taxa Selic e cortando gastos públicos.

Visão distorcida da realidade

De certa maneira, a postura brasileira diante de países como Alemanha e Estados Unidos reflete uma visão distorcida da realidade, criada a partir da crise de 2008. Como países ricos entraram em crise e o Brasil passou ao largo, passou-se a imaginar que o País teria grandes lições a ensinar ao mundo. Esta postura e este tipo de discurso não têm agradado aos principais interlocutores de Dilma. E os sorrisos, assim como a empatia, ainda são importantes nas relações internacionais. Depois de duas viagens sem resultados concretos, cabe agora, ao Brasil, pensar em, quem sabe, calçar as sandálias da humildade.

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