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      Comunidade quilombola consome água salobra

      Em São José da Tapera, no Sertão de Alagoas, a comunidade quilombola do povoado Cacimba de Barro consome água salobra, ou seja, tem mais sais dissolvidos que a água doce e menos que a água do mar; moradores da cidade também enfrentam problemas com a falta de água encanada

      Em São José da Tapera, no Sertão de Alagoas, a comunidade quilombola do povoado Cacimba de Barro consome água salobra, ou seja, tem mais sais dissolvidos que a água doce e menos que a água do mar; moradores da cidade também enfrentam problemas com a falta de água encanada (Foto: Voney Malta)
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      Alagoas247 - Na zona rural do município de São José da Tapera, a FPI do São Francisco se deparou com a ineficiência do poder público para levar água à população. A comunidade quilombola do povoado de Cacimba de Barro foi flagrada bebendo água salobra depois de quatro tentativas fracassadas de abastecimento. Este tipo de líquido apresenta mais sais dissolvidos (cloretos) que a água doce e menos que a água do mar.

      O sistema de abastecimento do município foi a primeira delas. Mesmo com a estrutura ampliada, os recursos hídricos se mostraram insuficientes para alcançar a comunidade, que fica distante do centro da cidade. Moradores afirmam que água não chega por conta de represália política.

      A segunda tentativa foi a instalação de cisterna de placas, que se tornou inviável por conta da falta de chuva na região. O insucesso levou à terceira solução: o uso de carro-pipa. No entanto, o abastecimento da água com a ajuda de carros do Exército ocorria com baixa periodicidade, apenas nas escolas e com água sem o tratamento adequado.

      Por fim, o governo federal investiu R$ 82.372,09 na construção de poços artesianos e em equipamentos de dessalinização para ajudar os moradores da comunidade. O material conta, inclusive, com tanques de rejeito para preservar o meio ambiente a partir da vaporização do recurso hídrico, seguido pela retirada do sal decantado.

      “Na prática, a água seria bombeada para o dessalinizador, que daria água limpa à população. Mas o sistema elétrico instalado pela Eletrobrás, no caso, o disjuntor, também é insuficiente para os equipamentos funcionarem, fazendo com que os moradores tirem água salobra diretamente dos poços. Assim, depois de investimentos em quatro formas de abastecimento, a população continua sem água por total descaso dos gestores públicos”, disse a diretora de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, Elizabeth Rocha.

      Os moradores da zona urbana de São José da Tapera também são obrigados a sobreviver sem água encanada. Devido à falta de manutenção regular da adutora da Bacia Leiteira, a água que vem do município de Pão de Açúcar não chega à cidade. O problema é recorrente e prejudica 19 municípios que dependem dos recursos hídricos oriundos do Rio São Francisco.

      Esgotamento sanitário

      Mesmo com recursos advindos da Funasa, após realização de processo licitatório em 2013, o sistema de esgotamento sanitário de São José da Tapera também não funciona. A obra ainda se encontra no início, na etapa de construção de um reator biofiltro.

      No local, integrantes da FPI identificaram diversas irregularidades, como ausência de equipamento de proteção individual para trabalhadores, rede elétrica exposta em meio a água e até uma mesa e uma cama dentro do tanque em construção. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia em Alagoas (Crea/AL) notificou a Prefeitura Municipal porque a empresa terceirizada responsável pela obra não tem autorização para trabalhar em Alagoas.

      Estrutura danificada de reservatórios ameaçam moradores

      A FPI do São Francisco constatou que a estrutura de reservatórios de água dos municípios de Olho D'Água das Flores, Batalha e Jacaré dos Homens estão com a estrutura danificada, colocando em risco a vida de moradores dos três municípios. Em todos eles, foram encontradas fissuras nas paredes e vazamentos de água.

      Em Olho D´água das Flores, um reservatório chegou a romper há alguns meses, despejando toda o líquido morro abaixo, destruindo cinco casas. Uma segunda caixa d'água opera com apenas 1/3 da sua capacidade. “Nesse caso, a fissura está na parede voltada para as residências localizadas no centro da cidade”, explica Marcos Frolini, consultor ambiental do Ministério Público do Estado de Alagoas. O mesmo problema se repete nos outros dois municípios.

      Gazetaweb.com e assessoria

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