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Conflitos na Maria Antônia em SP viram tema de jogo digital brasileiro

Gilson Schwartz fala com criador do game BR que foi apresentado no Games For Change de 2018 em Nova York, nos Estados Unidos.

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Por Gilson Schwartz, representante do Games For Change no Brasil, direto de Nova York.

Exclusivo para o DigiClub.

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"1968: Maria Antonia" é uma prova de conceito em desenvolvimento para um jogo de aventuras narrativas sobre os conflitos estudantis em São Paulo durante as rebeliões de 1968. O projeto é destaque no catálogo que a “Games for Change América Latina” apresenta aos participantes do XV Festival Games for Change, em Nova York, no dia 28 de junho.

O criador do jogo é Diego Lombo Machado, o projeto é seu trabalho de conclusão de curso no Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP, sob a orientação de Almir Almas. A proposta é mobilizar criadores de games em vários países para retratar os acontecimentos de 1968 em várias cidades do mundo. Confira detalhes na entrevista a seguir.

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• Qual a relevância de um game sobre os conflitos estudantis de 50 anos atrás?
Machado - O Brasil tem uma história de mergulhos no fascismo. Nós passamos mais de vinte anos sob uma ditadura militar. Quatro anos depois de ter começado, as tensões chegaram a um ponto crítico e os estudantes se posicionaram com ideologias pró e contra a repressão. Em 3 de outubro de 1968, o conflito entre estudantes de duas universidades da cidade de São Paulo, USP e Mackenzie, culminou numa batalha de rua que ficou conhecida como Batalha de Maria Antônia. Hoje, mesmo sob uma democracia, a polarização parece ainda maior, ainda que os conflitos sejam mais no Facebook do que nas ruas ou entre universidades. Há no entanto paralelos que merecem reflexão.

• A esquerda ganhou ou perdeu a Batalha?
Machado - Os estudantes da USP sofreram mais, com uma morte, a queima de seu prédio e o recurso a políticas autoritárias e repressivas ainda maior por parte do governo militar, que endureceu. Mas a voz de um grande setor de jovens que não apoiava o regime militar ainda se fazia ouvir, e sua iniciativa gerou movimentos de resistência ao longo dos anos 70 que foram essências para a redemocratização.

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• O que temos a ganhar com uma versão interativa, digital e “gamificada” da história?
Machado - Essas memórias ainda estão sendo discutidas até hoje, e ainda há muito o que explorar em muitos meios de expressão diferentes. Mas eu escolhi explorar isso através da linguagem dos jogos, porque é uma maneira da minha geração ir além de ler e ouvir sobre as tensões e dilemas que precisavam ser enfrentados diariamente na época. É uma chance para eles realmente tentarem experimentar como seria viver esses confrontos e buscar os paralelos com as situações atuais de luta pela democracia, pela diversidade e por direitos sociais.

• Qual a estratégia narrativa do jogo “1968: Maria Antônia”?
Machado – O projeto faz o jogador passar por vários cenários diferentes, com escolhas que aludem às questões políticas, culturais e comportamentais daqueles tempos, abordando assuntos como insurgência, gênero, sexualidade, raça e as estruturas acadêmicas autoritárias - tão ilusórias em sua crença no uso da força quanto as visões tradicionais de família, gostos e ideologias burguesas.

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• A proposta é educacional, ou seja, tem como público os estudantes de hoje?
Machado - Nós agora enfrentamos um momento muito peculiar na história social brasileira porque, como em outras partes do mundo, ondas conservadoras estão voltando com força, desta vez usando a violência de maneiras mais sutis. Os tempos atuais exigem uma espécie de alfabetização histórica e ideológica, sem cair no memorialismo piegas nem acreditar que a história se resolve numa lógica maniqueista.

• Quais as expectativas ao levar o projeto para o principal evento mundial no segmento de jogos com impacto transformador?
Machado - Nosso projeto é apenas uma prova de conceito por enquanto, mas pretendemos expandi-lo para um jogo completo. Além disso, como estamos no 50º aniversário do "espírito 68", seria muito interessante envolver desenvolvedores de jogos de outros países que passaram por protestos semelhantes para expandir essa ideia em uma antologia mundial de diferentes estilos de jogo, em relação a memórias históricas que ainda estão moldando conflitos e questões contemporâneas. E, sendo um jogo que se encaixa na mobilização da educação para a justiça, projeto da “Games for Change América Latina” com apoio da ONU, já temos associações planejadas com a República Tcheca, em Praga e com a Universidade de Paris.

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