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Conselho do Carnaval é contra novo circuito

Projeto Afródromo foi apresentado na última terça-feira (21), à Prefeitura de Salvador pela Liga dos Blocos Afros, nele a Avenida França deve se transformar no Afródromo, um espaço alternativo para apresentação dos blocos afro e afoxés, com infraestrutura para receber baianos e turistas, presidente da instituição acha ideia “temerária”

Conselho do Carnaval é contra novo circuito (Foto: Divulgação)
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Bahia 247

Mesmo alegando não ter o conhecimento total do projeto Afródromo, o presidente do Conselho Municipal do Carnaval (ConCar), Pedro Costa, classifica a ideia da inclusão "abrupta" de um novo circuito na festa como "temerária".

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Para ele, que critica a maneira como foi apresentado o projeto, caso seja benéfico para a cidade, se trata de uma mudança impactante que exige uma análise cuidadosa. "A meu ver, impraticável até o carnaval de 2013", afirmou.

Ele explica que o Concar foi criado por lei para deliberar sobre questões que envolvem a Festa de Momo e que a Liga dos Blocos Afros desconsiderou a organização ao apresentar o projeto sem a sua anuência.

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"Mesmo se tratando de um projeto privado, está interferindo na festa, que é do povo, e utilizando bens que são públicos", ressaltou.
Pelo que conheceu através da mídia, Costa acredita que o projeto pode, sim, ser prejudicial para o Carnaval do ano que vem.

"Acredito no potencial de Carlinhos Brown e reconheço o valor da Liga, mas existe um projeto de Carnaval em andamento. Estamos em busca de dar mais brilho ao Circuito Osmar (Campo Grande), que ainda está esvaziado e tenho motivos para acreditar que o Afródromo não nos ajudará nesse sentido", aponta.

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Para Pedro, outras questões também são relevantes. "Existe uma demanda para o estado e o município, em termos de segurança e saúde, e isso também impacta na festa como um todo, o que deve ser examinado", destaca.

Ele explica que é papel da ConCar levar todas estas questões aos seus conselheiros, que representam órgãos públicos e diferentes esferas do poder, para alcançar um parecer que deve chegar às mãos do prefeito em forma de recomendação.

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O presidente do ConCar ressalta que até o fato de ser um ano eleitoral tem que ser levado em consideração. "Como pode decidir, sobre a nossa recomendação, um prefeito que vai assumir um mês antes da festa começar?", questiona.

Polêmica entre blocos

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A polêmica criada em torno da criação do Afródromo entre as instituições carnavalescas de matriz africana se revela uma discussão entre primos pobres e ricos, que ainda não se sentaram à mesa para conversar.

De acordo com o presidente da Liga dos Blocos Afros, Alberto Pitta, que está à frente, junto com Carlinhos Brown, da criação do quarto circuito do Carnaval de Salvador, a polêmica é fruto de uma compreensão equivocada do projeto e também da representatividade da instituição que ele preside.
"O projeto foi pensado para mostrar blocos que têm condições de participar de um espetáculo em que a estética tem um papel fundamental. E são esses blocos que a Liga representa", explicou Pitta.

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Representante dos primos pobres, entre a União de Afoxés, Afros, Reggaes e Samba do Estado da Bahia (Unafres), vê o projeto como uma iniciativa separatista. "Um apartheid carnavalesco", classificou Gilsoney de Oliveira, presidente da organização que enviou nota à imprensa na última segunda-feira, criticando o projeto e questionando a legitimidade da Liga como representante dos blocos afros.

Ele aponta como prova do caráter excludente do projeto o fato de nem a Unafres nem o Conselho Municipal do Carnaval (ConCar) ter participado da sua criação.

"Além disso, ele vai de encontro com a nossa ideia de fortalecimento dos circuitos do centro da cidade, pois quem vai deixar de ver o Ilê Aiyê e o Muzenza para assistir o desfile do Bankoma ou do Alabê, na Cidade Alta?", questiona.

Participação de blocos no espaço ainda é discutida

De acordo com Pitta, tais questionamentos representam uma leitura superficial do projeto do quarto circuito. "Estamos realizando algo que tem natureza cultural e comercial. Para este primeiro ano temos que contar com aquelas instituições que têm condição de cumprir com as exigências mínimas para a consolidação do circuito. Isso não quer dizer que as portas do Afródromo estarão fechadas para os blocos que consigam alcançar uma estrutura melhor", ressalta.

Para ele, o fato de ter um espaço onde os maiores blocos encontram uma viabilidade econômica de se apresentarem com destaque no maior Carnaval do mundo, pode ajudar "os menores" a conseguir meios de evoluírem.

"É um espaço que não cabe blocos que se apresentam ainda de abadá, mas tendo a referência de qualidade estética e o espaço aberto, eles podem encontrar caminhos de chegarem ao mesmo nível mais rápido e fortalecer ainda mais o Afródromo", disse.

Apesar das críticas, o presidente da Unafres, tem ideias que entram em consonância com o que foi dito por Alberto Pitta. "Se não querem que participemos com a nossa pouca estrutura, se pode conversar sobre a possibilidade de um desfile à parte, como se fosse um segundo grupo, ou grupo de acesso", argumentou.

Depois de entender que a Liga dos Blocos Afros não tem a pretensão de representar todos os blocos, Gilsoney de Oliveira admitiu a importância de sua criação.

"Acredito que o surgimento de organizações que reúnam os blocos é positivo, só não entendo porque não conseguimos nos unir como fizeram o pessoal do Axé para alcançar toda a valorização de sua arte", aponta.

Pitta, por sua vez, acrescenta que mesmo para a primeira edição dos desfiles no Afródromo, em 2013, alguns blocos que não fazem parte da Liga serão convidados para participar do circuito.

"Acredito que serão entre 10 e 15 blocos desfilando, o número exato será decidido em breve, mas existem muitos blocos que vêm crescendo e apresentando, a cada ano, um carnaval mais bonito, como, por exemplo, os Filhos do Congo", concluiu.

Afódromo

O projeto Afródromo foi apresentado na última terça-feira (21), à Prefeitura de Salvador pela Liga dos Blocos Afros (representantes do Ilê Aiyê, Muzenza, Filhos de Ghandy, Malê Debalê, Timbalada, Cortejo Afro e o cantor Carlinhos Brown).

Pelo projeto, a Avenida França deve se transformar no Afródromo, um espaço alternativo para a apresentação dos blocos afro e afoxés, com infraestrutura para receber baianos e turistas, com praça de alimentação, arquibancadas gratuitas para 20 mil pessoas, projeções mapeadas nas paredes da Codeca e espaços do Reggae e do Samba.

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