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Construtora Líder: é a bolha imobiliária?

Uma das maiores construtoras do pas em imveis de alto padro, Lder tem dvidas de R$ 67,5 milhes e entra em recuperao judicial. Ser que h uma bolha no mercado imobilirio brasileiro? Especialistas garantem que no, mas as construtoras superestimaram sua capacidade

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Heberth Xavier_247 - A Construtora Líder, de Belo Horizonte, sempre foi sinônimo de qualidade. Seus imóveis eram mais caros, mas o comprador sabia estar pagando por material e acabamento de primeira. Por isso, a empresa atende sobretudo a clientela rica da capital mineira, do interior e também de outros estados.

Poucos poderiam imaginar, portanto, que a situação financeira da Líder estivesse tão ruim. Mas está: a empresa do tradicional empresário Carlos Carneiro Costa está em processo de recuperação judicial, conseguido na 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte. Tem 60 dias para apresentar um plano de ação e achar soluções para sua dívida de R$ 67,5 milhões. Durante esse período, todas as ações e execuções contra a Líder estarão suspensas. Depois disso…

Há várias opções para a empresa. Uma é conseguir recuperar-se e encaminhar soluções palpáveis para seus credores. Outra, como admite o próprio advogado que representa a Líder no processo de recuperação judicial, José Murilo Procópio de Carvalho, é uma fusão ou venda de ativos. “O jogo está aberto”, diz ele.

Mas seria o caso da Líder um fato isolado no setor imobiliário brasileiro? Não, não é. Quer dizer há riscos de uma bolha explodir em breve? Também não.

O advogado Kênio de Souza Pereira, especialista no setor, é um dos que explica o que está ocorrendo. “O mercado vai bem, as vendas continuam em alta, o problema é que as construtoras exageraram”, diz ele ao 247. “Superestimaram o mercado e, agora, não entregam os imóveis a tempo, sem falar de quem pegou dívidas acima do que poderia.”

Resumo da história: o mercado vai bem, obrigado, como poucas vezes na história brasileira; mas as construtoras não estão apresentando resultados contábeis tão favoráveis. Desde 2006, os financiamentos de imóveis multiplicaram-se por sete, o volume de lançamentos disparou 310% e o número de imóveis residenciais financiados no Brasil é recorde (no ano passado foi mais de 1 milhão). Mas as construtoras tiveram queda de 12% no lucro líquido em 2011, enquanto o nível de endividamento subiu 68%. Em dezembro de 2008, os atrasos nas obras eram de 77 dias, em média, número que subiu para 129 em dezembro de 2011. Mais: na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o setor da construção teve o pior desempenho, com baixa de 39% - bem acima da queda do índice Ibovespa, que foi de 18% no ano passado.

Em resumo, a aposta majoritária dos analistas e de quem vive o setor é que não há no horizonte riscos de problemas muito sérios. Algo como o que ocorreu com a Encol, por exemplo, que quebrou na década de 90 e deixou milhares de clientes sem imóvel, está descartado. Muito menos a explosão de uma bolha como o que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 - cabe lembrar que, aqui, ao contrário de lá, o consumo de imóveis, na maioria dos casos, é para moradia, não especulação imobiliária.

Mas o crescimento desordenado dos últimos anos cobrou seu preço: as construtoras abriram capital no início do boom, entre 2006 e 2007, captaram bilhões e lançaram empreendimentos sem parar. Aos poucos, foram percebendo que não tinham estrutura para entregar tanta coisa, até porque os custos de mão-de-obra e material de construção subiram muito.

O advogado José Murilo de Carvalho acredita que, em pouco tempo, a Líder conseguirá superar a fase atual. “A empresa passa por dificuldades financeiras, mas é saudável, tem tradição no ramo e um histórico de obras entregues no prazo.” O maior credor da Líder é a Construtora Liderança, do mesmo grupo, com créditos de R$ 28,14 milhões a receber. O restante da dívida se espalha por fornecedores de materiais de construção e instituções financeiras, como o banco Daycoval, Votorantim, HSBC, BicBanco e Mercantil.

“O setor passa por uma acomodação, mas não há sinal de bolha”, garantiu ao jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, o presidente da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI-MG), Ariano Cavalcanti de Paula.

Kênio Pereira, porém, alerta: “Cabe aos compradores agiram de maneira mais técnica, unidos em condomínio, até porque o atraso em entregas de imóveis deve ser pago em multa pela construtora”.

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