Consumidor não sentirá o avanço no bolso

Beatriz Braga_PE247 – O bom momento econômico do Nordeste e, principalmente, de Pernambuco chamam frequentemente a atenção dos que observam os números relativos aos diferentes tipos de produção desenvolvidos no Estado e na região. Contudo, será que o consumidor médio pernambucano sente diretamente no bolso o reflexo desse crescimento da economia? Segundo Alexandre Rands, presidente da Consultoria Datamétrica, embora o Estado esteja crescendo em termos industriais, esse movimento não implica, de fato, na melhora de renda da maior parte da população, que, ao contrário, segue pagando mais caro em suas compras mensais.

“Em relação ao preço, a notícia é adversa, principalmente no Recife, eles estão crescendo muito. Perdemos a competitividade, principalmente em serviços básicos como restaurantes e aluguel”, indicou Alexandre Rands, pinçando dados apurados pela última pesquisa Datamétrica sobre o crescimento da economia pernambucana.

O levantamento revela que Pernambuco cresceu 5,59%, ante a 3,8%, do Nordeste, e 3,1%, do Brasil. Segundo Rands, haverá crescimento, também, na disponibilidade de empregos. “Mas não podemos esperar que a renda cresça. Uma pessoa que ganha R$ 2 mil, por exemplo, não pode esperar que essa renda aumente para R$ 3mil”, disse. A pouca participação do consumidor nas boas taxas do crescimento do Estado também surpreende. A pesquisa mostra que o consumo não apresentou fortes índices nos últimos dois anos, interferindo pouco no progresso Pernambucano.

Os bons números refletem, no entanto, mudanças na estrutura econômica do Estado. Fatores peculiares fizeram a diferença, como o surpreendente crescimento, em relação ao ano passado, da importação de bens de capital, cuja participação no total nordestino beirou os 30%. Nesse setor, durante os meses de janeiro e setembro, houve aumento de 86,89% em Pernambuco, ante o índice regional, de 17,62%, e o brasileiro, de 16,86%. A estimativa é que esse aumento gere um incremento de 33% no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e cresça, em média, 2,14% ao ano a mais que o Brasil.

De acordo com Rands, o Estado driblou a estagnação econômica por ter se tornado mais atrativo e eficiente. Em pouco tempo, Pernambuco se tornou palco de investimentos poderosos que somam aproximadamente R$ 59 bilhões. “No momento em que o Brasil está muito carente de infraestrutura, a nossa posição geográfica favorece a chegada de novos investimentos, além do dinamismo e poder comunicacional que o governo vem demonstrando. Suape, por exemplo, estava ocioso, mas conseguimos mudar isso”, ressaltou.

Outro fator importante está relacionado à cobrança de tributos. Comparado aos outros Estados nordestinos, o crescimento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em Pernambuco (12,60%) só ficou atrás do Piauí (19,90%), quando observado os números do ano passado. A expectativa é que até o final do ano, a meta supere R$ 1 bilhão. No aumento da cobrança de impostos federais, Pernambuco está em quarto lugar, com índice de 21,5%.

As taxas pernambucanas superam às apresentadas pelo País, desde 2002, e para o próximo ano, a expectativa é de que o Estado fique com 5,93%, mais uma vez à frente do Nordeste, com 4,10%, e do Brasil, com 3,46%. Estima-se um ritmo de crescimento de 2,14% a mais em relação à média do País, durante a próxima década. Em 2012, é esperado que a participação do Estado no PIB brasileiro suba de 2,5% para 2,7%. “Pernambuco poderia ter crescido ainda mais, porém isso não aconteceu devido ao resto do País, se não fosse a crise mundial”, comentou Rands, que concluiu: “As estimativas para o Estado poderão mudar, mas podemos sempre criar outras opções para garantir nosso crescimento”.