"Continuaremos soldados da causa de Déda"

Sergipe 247 – “Marcelo Déda era uma figura extraordinária. Poucas vezes eu conheci um companheiro de tamanha lealdade. Déda não nos deve nada. Nós é que devemos a ele. Vamos ser gratos para sempre”. Foi desta forma que o ex-presidente Lula, amigo do governador Marcelo Déda, se referiu a ele, durante a missa realizada antes do início da visitação pública ao velório na noite da segunda-feira (2). Lula estava emocionado; disse, inicialmente, que não iria discursar, mas, ao final, optou por fazer uma última homenagem a Déda, que morreu na madrugada da segunda, em decorrência do agravamento de um câncer no estômago. Lula também conversou com a imprensa, antes de deixar o Palácio-Museu Olímpio Campos, em Aracaju, onde ocorre o velório.

“Não tenho hábito de falar em situações como esta. A primeira vez que encontrei com Déda foi em um congresso da UNE. Depois vim a Sergipe aqui em 1985 defender o nome dele como candidato. Fazíamos a propaganda dele na TV ao vivo. Eu, às vezes, parava o discurso antes do tempo, já o Déda sempre passava do tempo. Eu voltei pra São Paulo, naquele ano, impressionado com Déda. Ele era um menino de 25 anos, mas já era tão esperto. Déda era uma figura extraordinária. Sei que poucas vezes conheci um companheiro de tamanha lealdade. Me tratava como um tio mais velho, um pai. Da última vez que o visitei, cantei para ele, a música da sua primeira campanha. E ele sempre me pedia pra cuidar da família dele, para cuidar de Eliane. Disse para ele que sabia do carinho que ele tinha pela família, pelos companheiros do PT e disse que nós continuaríamos a ser soldados da sua causa. A história de Déda tem significado e vida para todos os militantes, para todos os políticos”, afirmou, em discurso.

Já ao conversar com a imprensa, Lula lamentou a morte precoce do governador petista e disse que já imaginava um futuro mandato de Déda no Senado, a partir de 2015. “Lamento porque ele estava começando a fazer uma vida política. Eu sonhava com Déda no Senado porque acho que está faltando tribunos de envergadura e o Déda é um orador extraordinário. Acho que ele poderia ter sido um tribuno que está faltando no nosso país”, disse.

Afirmando que Déda era ousado e impetuoso, Lula relembrou passagens da carreira do governador, como quando ele foi eleito prefeito de Aracaju, em 2000, e "tinha medo de não dar certo na prefeitura". "Eu lembro o sucesso dele na prefeitura. Andar com Déda na campanha da reeleição era quase como andar com Deus em cima de um caminhão", relatou.

O ex-presidente citou a luta de Déda contra o câncer, lembrando de visitas que fez a ele no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “Eu o visitei muitas vezes naquele hospital para ajudar a levantar a moral. Eu tinha tido um câncer um ano antes. Sei o quanto ele sofreu cada vez que ele tomava uma aplicação [de quimioterapia] e o resultado não acontecia”, lembrou. “Eu dizia para ele ter esperança, que o meu [câncer] desapareceu e o dele também ia. Mas o dele era mais grave. Infelizmente não deu", lamentou.

“Além de perder um amigo, um militante do meu partido, perco um compadre, uma pessoa com quem construí uma relação de amizade desde 1985 quando ele foi candidato a prefeito ainda muito jovem", acrescentou. “Eu fico muito entristecido, acho que o 'Dedinha' poderia viver mais uns 40 anos. O que vale para nós na verdade é guardar dele as boas lembranças", afirmou.