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Corrêa quer voltar à Câmara após cumprir pena

Ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) concede sua primeira entrevista exclusiva após ter sido condenado pelo STF a cumprir 7 anos e 2 meses de prisão na Ação Penal 470; ao jornal Folha de Pernambuco, ele disse que pretende cumprir a punição que lhe foi imposta o quanto antes e voltar à política assim que possível, para fazer do Brasil um País menos hipócrita; Corrêa continua a afirmar que o 'mensalão' não existiu e que a condenação tendo como base a chamada “teoria do domínio do fato” foi injusta

Ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) concede sua primeira entrevista exclusiva após ter sido condenado pelo STF a cumprir 7 anos e 2 meses de prisão na Ação Penal 470; ao jornal Folha de Pernambuco, ele disse que pretende cumprir a punição que lhe foi imposta o quanto antes e voltar à política assim que possível, para fazer do Brasil um País menos hipócrita; Corrêa continua a afirmar que o 'mensalão' não existiu e que a condenação tendo como base a chamada “teoria do domínio do fato” foi injusta (Foto: Paulo Emílio)

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Pernambuco 247 - O ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) concedeu a sua primeira entrevista a um veículo de imprensa após ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a cumprir 7 anos e 2 meses de prisão pela sua participação na Ação Penal 470, mais conhecida como escândalo do mensalão. Em entrevista exclusiva ao jornal Folha de Pernambuco, Corrêa diz que pretende cumprir a punição que lhe foi imposta o quanto antes e que pretende voltar à política assim que possível, para fazer do Brasil um país menos hipócrita. Apesar de esperar a intimação para se apresentar à justiça, o ex-parlamentar continua a afirmar que o mensalão não existiu e que a condenação tendo como base a chamada “teoria do domínio do fato” foi injusta. Ele também nega ter recebido dinheiro do PT para que o partido do qual era presidente apoiasse o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o assunto tenha sido tratado em algum momento com o ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, também condenado na Ação Penal 470.

Confira abaixo a entrevista de Pedro Corrêa ao jornal Folha de Pernambuco:

O mensalão existiu?

No que se refere a mim e ao meu partido, o “mensalão” nunca existiu. O que havia era um acordo com o PT para pagamento de advogados na disputa regional do Acre. O valor era R$ 700 mil em três parcelas. O advogado Dr. Paulo Goyas recebeu (o dinheiro) e inclusive recolheu o Imposto de Renda. Se você fizer uma análise do pressuposto do conceito do “mensalão”, que era o pagamento da base aliada para apoio aos projetos de interesse do Executivo, vai ver que nos principais projetos - reforma tributária e previdenciária - eu e o PP não votamos a favor. Eu inclusive sequer compareci à votação na sessão da reforma tributária. O Partido Progressista e sua bancada foi o que mais votou contra o governo, só perdendo para o PSDB e o PFL (atual DEM). Somente na CPI é que fui saber que a origem dos R$ 700 mil era ilícita e que os recursos vinham das empresas de Marcos Valério.

Se o mensalão não existiu, por que o senhor teve o nome envolvido neste episódio?

Pela teoria usada pela acusação, o chamado “domínio do fato”, ou seja, pelo fato de eu ser presidente nacional do PP, eu deveria saber que o dinheiro do acordo era ilegal e que a execução financeira entre os tesoureiros dos dois partidos (José Janene, pelo PP, e Delúbio Soares, PT) possuía alguma irregularidade e que constituía uma conduta espúria. É o mesmo que você, presidente de uma empresa, ser preso por contrabando porque sua secretária na hora do almoço vende “muamba” do Paraguai.

O senhor afirma ter recebido, como presidente do PP, R$700 mil do PT em duas parcelas. A que esse dinheiro se destinou?

Eu, Pedro Corrêa, não recebi R$ 700 mil e nenhum outro valor do PT. Quem tratou de valores foi o tesoureiro do meu partido, o então deputado José Janene, diretamente com Delúbio Soares, tesoureiro do PT.

O senhor chegou a tratar deste assunto com Marcos Valério? Não conheço e nunca estive como Sr. Marcos Valério. A primeira vez que o vi foi na CPI dos Correios, durante o seu depoimento. Com relação a Delúbio, estive três vezes com ele em encontros casuais, sendo que num deles me foi pedido para comprar uma mesa de apoio a um jantar do PT. Se você analisar por este aspecto, fui eu quem deu dinheiro ao PT, ao comprar aquelas mesas inflacionadas desses jantares de adesão. Jantares que costumam ser mal servidos e depois ainda te obrigam a ouvir aquela maratona de discursos sem sentido.

E com o ex-ministro José Dirceu, o senhor tratou alguma vez da relação do PP com o Governo Lula?

Não. Tratávamos com José Dirceu diversos assuntos de interesse do Brasil, os caminhos que o Governo estava seguindo, assuntos econômicos e principalmente o nosso programa partidário. Por estarmos na base de apoio do presidente FHC e termos votado a favor das reformas do seu Governo, participamos, no Governo Lula, da retomada da estabilidade e sabíamos qual destino o Brasil deveria seguir. Desde o início colocamos a necessidade de elevação da participação do PIB em investimentos, principalmente em saneamento e infraestrutura. Apoiamos as reformas estruturais, a previdenciária, a trabalhista, a tributária e a reforma política. Por isso assumimos o Ministério das Cidades, para selar a nossa aliança com o Governo.

Como era o seu relacionamento com José Genoíno, que à época presidia o PT?

Distante. Conhecia a biografia de militante político do Genoíno, e nas pouquíssimas vezes em que mantivemos contato falávamos sobre o Brasil atual e dos tempos obscuros da ditadura. O senhor parece conformado coma pena a que foi condenado pelo STF. Por quê? Não estou conformado e vou dizer a vida toda que “mensalão” não existiu e que minha prisão é injusta. Essa teoria do “domínio de fato” traz uma insegurança jurídica nunca vista em nosso País. Minha condenação começou em 2006, quando exercia meu último mandato e fui arrastado para esse furacão. Passaram-se sete anos e agora vou cumprir uma pena de restrição de liberdade. Quero retomar minha vida, cumprir esta sentença e acabar logo com isso. Meus advogados, Eduardo Ferrão e Marcelo Leal, peticionaram, junto à presidência do STF, para que eu iniciasse de imediato o cumprimento de minha pena.

Endossa o ponto de vista de que o ministro Joaquim Barbosa seria arrogante e exibicionista?

Não entro nessa discussão. Apenas penso que o ministro Joaquim Barbosa deveria ter mais tolerância com o princípio do contraditório. Todos os pensamentos absolutistas se demonstraram danosos às relações sociais.

Por que o senhor não se considera “preso político” e sim um “político preso?”

Sou apenas um médico que, de forma injusta, foi condenado por um tribunal constitucionalmente reconhecido. Não há como questionar a legitimidade do STF porque não há regime de exceção em nosso País.

Quando o seu mandado de prisão for expedido, onde o senhor pretende cumprir a pena?

No meu Estado, em minha cidade e próximo dos meus familiares, como manda a Lei de Execuções Penais. Pretendo prestar serviços médicos ao povo do Recife e fazer um curso de reciclagem na minha especialidade (radiologia). O senhor acha que pela teoria do “domínio do fato” o ex-presidente Lula teria também que estar incluído neste processo? Se ele teria que ser preso ou não, não me cabe julgar. O que posso afirmar é que eu, como presidente nacional de um partido, não tinha conhecimento de nenhum esquema fraudulento e fui condenado. A teoria do “domínio do fato”, aliada à impossibilidade de se recorrer a outra instância, já que fui julgado diretamente pela última (STF), é que tornou o julgamento ao meu ver injusto. Apesar de não haver qualquer vinculação do dinheiro ilícito junto à minha pessoa, ofereci a quebra do meu sigilo fiscal, financeiro e telefônico, assim como de minha esposa, filhos, genros, nora, de minha mãe e de meu irmão, ambos hoje falecidos, e nada foi achado. Fui condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro porque, infelizmente, estava no lugar errado e na hora errada.

Qual a sua impressão sobre José Dirceu. Ele é mesmo o “homem mau” como a grande mídia o pinta?

O ex-ministro José Dirceu sempre foi um homem objetivo e mostrava uma grande vontade de servir ao Brasil. Mas talvez tenha lhe faltado um pouco de humildade na condução dos negócios da Casa Civil. O ex-deputado Roberto Jefferson denunciou o “mensalão” porque teve interesse contrariado ou a motivação foi outra? Na minha opinião, ele estava sofrendo uma grande crise de estresse e, depois de sua cirurgia bariátrica, andava de mau com a vida. Ficou claro para mim que ele estava acuado pelo flagrante de Maurício Marinho, pessoa indicada pelo PTB para uma diretoria dos Correios e que foi flagrada recebendo propina. Jefferson ficou contrariado com isso e também porque queria mais espaço no Governo do presidente Lula e não foi atendido.

Após o cumprimento da pena, o senhor ainda pensa em voltar à política?

Apesar da resistência de minha esposa, com a qual sou casado há quatro décadas, sou um ser político, nasci no meio político e o destino me conduziu a este caminho. Nunca deixei de ser médico e de cuidar das pessoas, mas gostaria de voltar à tribuna da Câmara Federal para tentar fazer com que o nosso País seja menos hipócrita.

Arrepende-se de algum ato praticado como presidente nacional do PP?

Pelo contrário, quando assumi a gestão do partido, nós crescemos. Quando fui envolvido (no mensalão), fiz questão de me afastar para preservar os meus companheiros.

A cassação do seu mandato e a condenação imposta pelo STF terá alguma influência na reeleição de sua filha, Aline, em São Paulo?

Não interfiro na vida da minha filha. Aline já demonstrou que sabe o que quer e conquistou seu espaço sozinha em São Paulo. Já possui estilo e militância própria.

Em quem o senhor pretende votar para governador e presidente da República?

Não estou pensando nisso no momento. Estou focado em cumprir minha sentença de forma justa e digna, atendendo à população com os meus serviços médicos.

Seu partido tem a Secretaria dos Esportes no Governo Eduardo Campos, que será extinta a partir de janeiro. Isso libera o PP para ir para a oposição?

Não trato de participação de partido, quem fala sobre isto é o deputado federal Eduardo da Fonte e a Executiva estadual.

Que tratamento o senhor espera do Supremo para o chamado “mensalão mineiro?”

 Não possuo conhecimento deste episódio para formar uma opinião. Possuo poucas informações sobre o caso, que tenho acompanhado pela imprensa.

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