Crise no transporte público é prova de fogo para João
O prefeito de Aracaju está tendo que lidar com um problema gigantesco, provocado pelo caos financeiro da empresa Viação Cidade de Aracaju –VCA –, que atrasa sistematicamente salários, férias e demais direitos trabalhistas, o que forçou motoristas e cobradores a abandonarem seus postos de trabalho, retirando das ruas 25% da frota de ônibus existente na região metropolitana; o que já era muito ruim conseguiu piorar – mais atrasos, mais lotação nos veículos e mais desrespeito; se demorar a dar uma resposta resolutiva para o problema, João vai ter que lidar com a deterioração da sua popularidade
EDITORIAL, do Sergipe 247 – Eleito em primeiro turno no ano passado para governar Aracaju, sob um clima de imensa expectativa, o prefeito João Alves Filho (DEM) – três vezes governador do Estado – não tem encontrado situações fáceis de resolver na administração municipal. De igual modo, achar soluções que respondam aos anseios da sociedade se tornou muito difícil. O transporte público é o principal gargalo da gestão no momento e a prova de fogo para um prefeito que chegou ao cargo prometendo retirar a cidade de um suposto caos de desmandos.
João foi empurrado para o centro de uma crise pela empresa Viação Cidade de Aracaju –VCA –, que atrasa sistematicamente salários, férias e demais direitos trabalhistas, o que forçou motoristas e cobradores a abandonarem seus postos de trabalho, retirando das ruas 25% da frota de ônibus existente na região metropolitana. O que já era muito ruim conseguiu piorar – mais atrasos, mais lotação nos veículos e mais desrespeito.
Atos de greve seguiram-se durante os meses de maio e junho, o que motivou João a afirmar que não admitiria novas paralisações. Não serviu a nada. Os ônibus já pararam também em julho. No início desta semana, o superintendente de Trânsito e Transporte da capital, Nelson Filipe, anunciar ao Cinform que nova descontinuidade do serviço ocasionaria uma intervenção da prefeitura na VCA. A empresa voltou a não cumprir os acordos com os seus colaboradores e desde a noite de quarta-feira (17) que 25% da frota do transporte público da região metropolitana deixou de circular.
Passadas quase 48 horas, o prefeito João Alves Filho ainda não encontrou uma solução para o problema. Empresas de outros Estados não se animam a operar na capital porque a redução do valor da passagem pela Justiça para R$ 2,25 repercute diretamente na margem de lucro do sistema. Alternativas locais também se mostraram inviáveis. Empresas locais também não se animam em colocar mais carros nas ruas com o preço da passagem congelado, inclusive, já recorreram à Justiça para que a tarifa volte a R$ 2,35. A prefeitura, através de secretários e do vice José Carlos Machado (PSDB), recebeu representantes dos trabalhadores e prometeu apoio – nada mais, por enquanto.
Nas ruas, as queixas se avolumam. Os usuários do sistema de transporte estão levando ainda mais tempo para se deslocarem. Reportagem do Portal Infonet desta sexta-feira (19) mostrou o agravamento do problema: nos terminais, a espera pelos ônibus supera uma hora; quando chegam, os coletivos saem lotados. E é aqui que reside o principal problema para o prefeito. A falta de ônibus repercute diretamente na vida dos aracajuanos, o que demanda uma resposta imediata de João. Caso contrário, logo as pessoas elevarão os reclames contra a falta de solução da prefeitura.
A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou nesta semana que pretende discutir com prefeitos e governadores as tabelas de reajuste das tarifas. Segundo ela, as planilhas estão defasadas. Ao que parece, o Governo Federal pretende sistematizar e controlar os aumentos, que desencadearam no mês passado uma onda nacional de protestos, que tiveram peso decisivo na queda abrupta da popularidade da presidente. A crise de representação afetou além dela governadores e prefeitos.
Para João, a crise financeira da VCA só serviu para agravar este desgaste. Especula-se que o prefeito poderá adiantar o processo de licitação do transporte. Seria uma excelente ideia, mas é preciso manter o rigor da seleção para que se garanta uma melhoria efetiva do serviço. O sucesso da intervenção da prefeitura no transporte pode dar a João dividendos políticos e eleitorais incomensuráveis. O contrário disso colocará o prefeito da capital numa difícil situação de relacionamento com o povo. A resposta de João agora terá conseqüências decisivas e ele sabe disso.
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