CSN volta atrás e não vai minerar em Congonhas
Recuo da mineradora ocorre depois de muita presso feita contra a explorao do Morro do Engenho, na cidade que patrimnio histrico da humanidade. Mas o presidente da Cmara Municipal, que vai votar projeto impedindo a minerao, admite que pedir dinheiro CSN para financiar sua campanha
Minas 247 - A pressão de ambientalistas, políticos e setores da sociedade mineira parece ter dado certo: a mineradora CSN voltou atrás e não vai mais ampliar a exploração nas proximidades de Congonhas, no interior mineiro, cidade que ganhou o título de patrimônio histórico da humanidade pela ONU. A atividade da empresa seria no Morro do Engenho, que pode ser visto do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, onde estão os Doze Profetas, mais famosa obra de escultura de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Segundo Daniel dos Santos Júnior, diretor-presidente da Namisa (subsidiária da CSN), a empresa, na verdade, nunca teria tido interesse em explorar a área. Em 2011, contudo, uma empresa de consultoria contratada pela mineradora apresentou projetos nesse sentido para os moradores de Congonhas.
Mas ainda há uma brecha que pode levar à exploração do Morro do Engenho: a CSN não o incluiu na proposta de área de tombamento da área. O próprio diretor da Namisa reconhece que a empresa não quer abrir mão da chance de algum dia minerar o local, caso fique constatada a existência de minério de ferro.
A polêmica em torno do assunto envolve dois lados em disputa: de um, o maior investimento privado anunciado para Minas Gerais, avaliado em cerca de R$ 12 bilhões. De outro, a preservação do patrimônio histórico do município - ou, até, de Minas e do Brasil.
Os juízes finais desse confronto serão os vereadores de Congonhas. O presidente da Câmara Municipal, Eduardo Matozinhos (PR), garante que o projeto que torna o Morro do Engenho uma área de tombamento será votado, mesmo, em 15 de maio.
O mesmo vereador, contudo, admite que vai financiar sua campanha à reeleição, em outubro, com dinheiro da CSN - o que, em tese, deveria levar a constrangimento na hora da votação de maio. Ao jornal Estado de Minas, Matozinhos admitiu que voltará a pedir a doação para a campanha. Na eleição passada, em 2008, ele e todos os outros oito vereadores receberam, cada um, R$ 10 mil, doados pela mineradora. “A CSN funciona no município e, seja o texto aprovado ou não, vai continuar aqui. Além disso, não há qualquer impedimento legal de pedir dinheiro para campanha”, disse o vereador ao jornalista Leonardo Augusto, do Estado de Minas. “A CSN já ajudou muita gente, como candidatos ao Senado e à Presidência da República”, acrescentou.
Há um outro componente na polêmica: na quinta-feira, o Ministério Público de Minas descobriu que o Morro do Engenho integra área destinada a reserva ambiental desde 2004. Não poderia, portanto, ser minerado. Quatro promotores já entraram com ação civil pública para pedir o plano de expansão da CSN.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: