De juros, poupança e câmbio
A partir deste ano, a presidenta Dilma Rousseff introduziu mudanças significativas na forma do seu governo ver e pensar a economia
A partir deste ano, a presidenta Dilma Rousseff introduziu mudanças significativas na forma do seu governo ver e pensar a economia. Diríamos que essa reorientação tornou-se essencial para o enfrentamento do vendaval que vem de fora.
No primeiro mandato, para proteger o País dos efeitos da crise americana-europeia e, sobretudo, de uma escalada inflacionária, o Banco Central/Copom elevou seguidamente a Selic. Isso resultou numa saraivada de aumentos generalizados nas taxas de juros bancários, na compressão do crédito e no crescente endividamento das empresas e das famílias. Por outro lado, o dólar não reagia, ficando cotado no intervalo de R$ 1,65 a R$ 1,75.
Ao meio dos sinais de baixo crescimento da atividade econômica ― em 2011, foi de 2,7% ― o governo abriu um leque de benefícios fiscais, financeiros e creditícios ao setor produtivo ― o programa Brasil Maior ―, porém os resultados se apresentaram pífios, como revelou o PIB apurado.
Em 2012, a indústria dá mostras de que o ano será difícil, com quedas substanciais no primeiro trimestre. A criação de empregos também segue marcando passo. Contudo, alguma coisa está mudando com o acelerado processo de redução da Selic ―já se encontra em 8,5% ― e o surpreendente aumento do dólar que, no último dia 18, chegou a R$ 2,05 ou mais de 24% acima do preço que vigorava há menos de dois meses. Essas mudanças na postura do Banco Central/Copom levaram a duas consequências fundamentais na condução da política econômica e monetária: a urgente modificação dos critérios de renumeração da caderneta de poupança e a redução do “Custo Brasil”, que deve promover, no médio prazo, expressivo crescimento nas exportações. Quanto à poupança e a batalha do governo pela redução dos juros ― primeiro nos bancos públicos, depois na rede privada ― as mudanças em execução estabelecem as marcas definitivas do governo da presidenta Dilma.
E não têm mais volta, porque a Presidenta exige que os juros reais (juros nominais menos inflação) se acomodem no piso de 2%, como acontece nas maiores economias do mundo.
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José Chaves e deputado federal (PTB-PE) e presidente
da Comissão de Defesa do Consumidor.
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