Diabetes. Hiperglicemia aumenta risco de demências
Um controle mal feito da glicemia aumenta o risco de demência em diabéticos. Hiperglicemia implica em aumento do risco de demências e do Mal de Alzheimer.
Por Anne Prigent – Le Figaro
O diabetes, conhecido por aumentar o risco de infarto, de transtornos da visão, de acidente vascular cerebral ou ainda, de insuficiência renal, desempenharia também um papel no desenvolvimento das demências, incluindo a doença de Alzheimer. E especialmente em pessoas cujo controle da glicemia não é feito corretamente.
Nestas últimas, o risco de demência é 50% mais elevado que em diabéticos, cujo controle glicêmico é bom, tal como mostrado por um estudo apresentado no último congresso de diabetologia em Estocolmo. Para alcançar este resultado, os pesquisadores do Instituto de Gotemburgo na Suécia, monitoraram durante oito anos, mais de 350 mil diabéticos, com idade superior a 50 anos e sem demência durante sua inclusão no estudo. Estes pacientes foram acompanhados até a morte, sua admissão no hospital por demência ou o fim do estudo em 2012. Os autores tentaram explorar a associação entre um «controle» da doença, a taxa de hemoglobina glicada e o risco de internação por demência em pessoas com diabetes do tipo 2.
Vínculo entre a hiperglicemia e os distúrbios cognitivos
A concentração de hemoglobina glicada, que avalia a média da taxa de açúcar dos últimos três meses, traz informações sobre a qualidade do equilíbrio glicêmico. Trata-se de um índice retrospectivo, em contraste com a glicemia que fornece um resultado válido para o dia da coleta. No total, 13.159 eventos de demência foram observados em um monitoramento médio de 4,8 anos. E os pacientes com uma hemoglobina glicada de 10,5% ou mais, tinham 50 % mais probabilidades de serem internados por demência que aqueles com uma taxa de hemoglobina glicada de 6,5%. «O cérebro depende da glicose para funcionar e não a produz, por isso não é surpreendente que haja um vínculo entre a hiperglicemia e os distúrbios cognitivos », explica a Prof. Lyse Bordier, diabetologista no Hospital Bégin em Saint-Mandé.
Ao longo do tempo, a hiperglicemia será responsável pela microangiopatia, ou seja, ela irá enfraquecer as paredes dos pequenos vasos sanguíneos que abastecem os tecidos em oxigênio e nutrientes, resultando em distúrbios cognitivos e aumentando o risco de demência.
Isso significa que é possível prevenir as demências em diabéticos ao controlar estritamente a glicemia? Lyse Bordier permanece cautelosa: «Este estudo demonstra que quando a diabetes é mal equilibrada, os riscos de demência aumentam, mas ela não aborda todos os parâmetros complexos envolvidos no surgimento dos distúrbios cognitivos dos diabéticos. Especialmente o papel deletério das hipoglicemias », salienta a especialista. Além disso, as pessoas com maior risco de desenvolver uma demência no estudo sueco tinham uma taxa de hemoglobina glicada particularmente elevada.
Na França, menos de um diabético em cada dez alcançou esta taxa de 10 % de acordo com o estudo Entred realizado pelo Seguro de Saúde, e o nível médio situa-se em 7,1 %. No entanto, podemos destacar que apenas 30 % dos diabéticos atingem o equilíbrio glicêmico máximo inferior a 6,5 %. «Mas este objetivo máximo não significa muito: ele deve ser individualizado em função do paciente. Seremos bem mais ambiciosos com um quadragenário que acaba de ser diagnosticado que com uma pessoa de 85 anos, com várias patologias », afirma Lyse Bordier.
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