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    Dilma manda Casa Civil cuidar de verbas antienchente

    Presidente reprovou trabalho do ministro Fernando Bezerra, que canalizava verbas federais contra enchentes para Pernambuco

    Dilma manda Casa Civil cuidar de verbas antienchente (Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS)
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    Insatisfeita com a canalização de verbas federais quase que exclusivamente para Pernambuco, Estado de origem do ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, a presidente Dilma Rousseff interveio e ordenou a adoção de critérios técnicos na distribuição dos recursos do ministério para combate e prevenção de desastres naturais, como enchentes e desmoronamentos.

    Foi este o objetivo da reunião convocada às pressas hoje, pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, que interrompeu a semana de férias no Paraná, a pedido da presidente, e voltou ao Palácio do Planalto para tratar da questão com técnicos do ministério e da Defesa Civil. Reportagem publicada na véspera pelo jornal O Estado de S. Paulo mostrou que cerca de 90% da verba antienchente da Integração foram aplicados em Pernambuco, a despeito dos estragos provocados pelo verão chuvoso em outros Estados.

    Dilma conversou por telefone com Gleisi logo cedo, mostrando-se preocupada com as chuvas e com a ação do governo. Àquela altura a presidente já havia telefonado ao governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), onde 52 municípios estão em situação de emergência.

    O telefonema da presidente ao governador tucano não foi o único sinal da disposição do Planalto de impor limites à prática já tradicional da distribuição paroquial das verbas antienchente, em que ministros privilegiam sua base eleitoral em busca de voto ignorando o conjunto do País. No governo Lula, foi o ministro baiano Geddel Vieira Lima (PMDB) quem concentrou na Bahia a grande maioria das obras e investimentos da Integração.

    Como chefe da Casa Civil, Gleisi foi escalada para fazer a mediação técnica com o ministério neste ano de eleição municipal. A presidente preferiu deixar tudo nas mãos de sua ministra. Não se deu ao trabalho de procurar sequer Bezerra para questioná-lo sobre as ações da defesa civil ou sobre suas escolhas de investimentos. O ministro permanece de férias, em Pernambuco.

    Antes de embarcar para Brasília, Gleisi tomou duas providências: Encarregou seu secretário-executivo Beto Vasconcellos de organizar a reunião com técnicos da Integração, Defesa Civil e Ciência e Tecnologia. Em seguida, telefonou ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para saber como estava a situação no Estado que sempre figura no topo da lista dos mais atingidos pelas tempestades de verão.

    Até expoentes do PT pernambucano, partido aliado, avaliam que o ministro exagerou na politização do uso das verbas antienchente. Hoje, não faltou quem criticasse o "provincianismo e o clientelismo" de Bezerra, que dias antes surpreendera o prefeito petista do Recife, João da Costa, com a transferência de seu domicílio eleitoral de Petrolina para a capital pernambucana. Para o PT local, Bezerra tem pretensões de disputar a prefeitura.

    Ligado ao governador pernambucano Eduardo Campos, que preside o PSB nacional, o ministro Fernando Bezerra aplicou em seu Estado R$ 25,5 milhões do total de R$28,4 milhões pagos em obras autorizadas em 2011 para prevenção de desastres naturais. Deixou apenas R$ 2,9 milhões para o restante do Brasil. Para agravar ainda mais a situação, um petista de Pernambuco destaca que é o sol que castiga o solo local. "Nossa emergência agora não é a água; é o início da seca", diz um dirigente petista local. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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