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"É preciso retomar a luta de baixo para cima”

Ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra (PT) reconheceu a crise do sei partido e disse que, para superar a crise política, é preciso "retomar a luta de baixo para cima", que não se concentre "no campo das eleições e da disputa por cargos; segundo ele, o PT é "parte da crise"; "Enquanto não reconhecermos publicamente que integrantes do partido cometeram erros seríssimos, não teremos autoridade para superar essa crise", disse petista, durante evento que marcou a inauguração da nova sede da Fetrafi-RS, que também reuniu o ex-governador Tarso Genro, Frei Sérgio Görgen e Adalberto Martins, do MST   

14/08/2015 - PORTO ALEGRE, RS, BRASIL - Debate de inauguração da nova sede do Fetrafi-RS reúne ex-governadores Tarso Genro, Olívio Dutra, entre outros. Foto: Guilherme Santos/Sul21 (Foto: Leonardo Lucena)
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Marco Weissheimer, Sul 21 - A crise política, em especial aquela que atinge o Partido dos Trabalhadores (PT) e acaba envolvendo praticamente toda a esquerda, está aumentando o protagonismo dos movimentos sociais na busca de uma saída para a situação atual que mistura estagnação programática, perplexidade diante da ofensiva conservadora no país e grande incerteza sobre o futuro. Nos últimos meses, diversas iniciativas surgiram pelo país com um diagnóstico comum: diante da atual crise, é preciso formar um novo bloco de forças políticas no campo da esquerda e centro-esquerda, capaz de definir uma agenda minimamente comum e de impulsionar uma reação à ofensiva conservadora na política e na economia. Esse diagnóstico foi reafirmado no debate realizado no final da tarde da última sexta-feira, no ato que marcou a inauguração da nova sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (Fetrafi-RS).

O debate reuniu os ex-governadores Tarso Genro e Olívio Dutra, do PT, Frei Sérgio Görgen e Adalberto Martins, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Olívio Dutra falou da crise política e ética que atingiu o PT nos últimos anos e do que ela representa como desafio para o presente e para o futuro. "O mundo que queremos construir é o mundo da igualdade e da justiça, não é o mundo do toma-lá-dá-cá ou da esperteza. Infelizmente, temos companheiros com uma história de lutas de respeito, mas que pegaram atalhos que nos levaram a esse atoleiro. Nós, do PT, somos parte da crise. Enquanto não reconhecermos publicamente que integrantes do partido cometeram erros seríssimos, não teremos autoridade para superar essa crise", disse o ex-governador.

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A partir deste diagnóstico, Olívio defendeu a necessidade de “retomar a luta de baixo para cima”. Esse é, segundo ele, um desafio colocado para o conjunto das forças do campo democrático-popular. “A luta que temos feito nos últimos anos está muito concentrada no campo das eleições e da disputa por cargos. Não será a próxima eleição que resolverá esse cenário de crise, nem mesmo uma possível eleição de Lula em 2018”, acrescentou o dirigente petista que convocou todas as forças desse campo democrático-popular, incluindo partidos, sindicatos e movimentos sociais, a participarem do ato em defesa da democracia e dos direitos convocado para a próxima quinta-feira, dia 20, em todo o país.

Na mesma direção, Tarso Genro falou sobre a crise política no contexto de grandes mudanças que ocorrem em nível internacional, mudanças estas que apontam para um avanço conservador e um recuo das esquerdas de modo geral. “Estamos vivendo um processo global de captura do Estado pelo capital financeiro. As nossas conquistas e avanços dos últimos anos acabaram sendo bloqueadas por esse fenômeno. Nós, do PT, fomos impotentes para enfrentar e resistir a essa ofensiva. Fomos mudando nossas políticas de um modo cada vez mais subordinado”, assinalou. Tarso Genro contestou a gramática utilizada pelos ideólogos dessa ofensiva do grande capital financeiro, que tem na palavra “austeridade” um de seus carros-chefe:

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“Essa palavra vem sendo utilizada de modo absolutamente indevido. País austero é a Suécia, ou a Noruega, onde a diferença de renda entre os que ganham mais e os que ganham menos é de apenas 5 ou 6 vezes, e não de 50 vezes como ocorre aqui no Brasil. Aqui, “austeridade” significa sacrifício da classe trabalhadora e das classes médias empobrecidas, taxas de juros cada vez maiores e sucateamento dos serviços públicos. O governo federal está adotando políticas erradas e esse é um dos principais pontos do enfrentamento que temos que fazer no próximo período”.

Neste contexto, Tarso Genro defendeu a necessidade de combinar duas lutas estratégicas: a luta pela democratização dos meios de comunicação e por uma Reforma Política que aprofunde e qualifique a democracia. “Se não conseguirmos reagir e formar uma nova unidade no campo democrático e popular, o próximo governo será de repressão e tentativa de controle social para assegurar a implementação por completo da agenda neoliberal conservadora”, assinalou ainda o ex-governador.

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Adalberto Martins também defendeu a necessidade de construir uma “frente política ampla para discutir um projeto estratégico para a sociedade brasileira”. “O MST tem lado e estaremos juntos nas ruas, nas escolas, no campo, em todos os lugares, para lutar contra a regressão conservadora. Queremos mais direitos e não menos”, afirmou. O desafio político é duplo, apontou o representante do MST: a construção da frente política exige a elaboração de uma plataforma mínima que permita unificar as ações do campo popular.

Frei Sérgio Görgen seguiu na mesma linha. No início de sua fala, fez uma brincadeira com o ex-governador Tarso Genro. “O teu governo agora ficou bom, pena que meio tarde, né?”. E, no contexto da atual conjuntura estadual, também fez uma referência ao ex-governador Olívio Dutra. “O Olívio, quando esteve no governo, também teve que atrasar os salários pro alguns mesmos, mas decidiu atrasar só os salários dos CCs e dos FGs e não dos servidores em geral”. Frei Sérgio fez uma defesa da importância de saber perder com dignidade na política e da solidariedade de classe como um princípio inegociável. E apontou o que chamou de “trincheiras do atraso”, que concentram as forças da ofensiva conservadora hoje no país: setores do Judiciário, poderes legislativos, em especial a Câmara dos Deputados e a grande mídia comercial.

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Além de apontar os adversários, também indicou as forças do campo popular que devem trabalhar para formar um novo bloco capaz de resistir ao avanço conservador: partidos, organizações populares, sindicais, movimentos sociais, mídias alternativas e poderes executivos capazes de implementar políticas públicas que ampliem a democracia e promovam desenvolvimento social. “Às vezes o que nos falta é coragem para defender o que já conquistamos. Não podemos esquecer que estamos vendo hoje a primeira geração de crianças sem fome na história do Brasil. Além disso, precisamos lembrar que a geração que nasceu nos anos de 1990 só bebeu água neoliberal”, concluiu, demarcando o território da disputa política que define a conjuntura do presente e delimita os desafios futuros.

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