Eliane: "ouvi de Rogério e de Ana um grande não" sobre candidatura
“Quando perguntei se no momento em que essa questão da filiação estivesse resolvida, se eu seria o nome de consenso, ouvi tanto de Ana Lúcia quanto de Rogério um grande não. Então, eles precisam dizer isso claramente para a população, porque fica parecendo que eu estou inventado uma filiação para ser candidata e isto não é verdade"; esta declaração é da ex-primeira-dama Eliane Aquino, rebatendo direção estadual do PT; o deputado federal Márcio Macêdo também questionou a posição do PT: "grupo de Rogério e Ana está tratando este tema como se fosse a Justiça eleitoral"; Ana nega exclusão, critica grupo de Márcio e diz que "paz na política que Eliane prega não existe"; PT de Sergipe em chamas
Sergipe 247 – Diante da exclusão de seu nome do processo de debates de candidaturas dentro do PT em Sergipe, a ex-primeira-dama Eliane Aquino, atual secretária estadual da inclusão social, afirmou, nesta sexta-feira (21), que não quer ser motivo de desavença interna. Frisou também que só se dispõe a entrar na disputa eleitoral deste ano como candidata ao Senado se isto for consenso entre os petistas. Ela reafirmou ainda sua filiação ao partido, questão que tem sido rebatida pela direção estadual do PT.
“Quando perguntei se no momento em que essa questão da filiação estivesse toda resolvida, se eu seria o nome de consenso, ouvi tanto de Ana Lúcia quanto de Rogério um grande não. Então, eles precisam dizer isso claramente para a população, porque fica parecendo que eu estou inventado uma filiação para ser candidata e isto não é verdade. Não estou brigando por cargo nenhum. Se meu nome for do interesse do partido, ótimo. Se não, deixa outras pessoas serem candidatas como já estava programado. Todo sergipano precisa ter clareza disso”, afirmou Eliane, na entrevista que concedeu ao radialista George Magalhães, na Atalaia FM.
Ela ressaltou que tem a “consciência muito tranqüila” de que assinou a ficha de filiação ao PT, num ato do partido em Brasília. “Agora, diante da desorganização interna, o que fizeram da minha ficha, eu nunca fui atrás. Marcelo Déda abonou a minha ficha, mas ele não tinha a obrigação de ir atrás disto também. A minha militância no PT começou aos 14 anos. A minha filiação está no meu coração e nos meus atos. Não estou brigando para ser candidata. Mas sei que mesmo que essa ficha estivesse aqui, ainda haveria empecilhos”, completou.
A ex-primeira-dama frisou ainda que não colocou seu nome na disputa eleitoral, mas que isto partiu da população. “Eu não tinha colocado o meu nome. Isso começou sendo colocado pela população. A minha satisfação é com a população. Meu coração não está seguro para entrar nessa disputa política, mas eu sou mulher de partido, aprendi a lidar com isto com Marcelo Déda. Sou mulher de grupo. Se o PT entender que devo disputar, eu irei, mas este assunto nem estava passando pela minha cabeça. Minha prioridade é continuar trabalhando no governo até o finam deste mandato, criar meus filhos”, ressaltou.
Mesmo diante desta polêmica, Eliane reafirmou sua relação com o PT. “O Partido dos Trabalhadores sempre fez parte de mim, sempre fará, independente de mandato. Minha filiação está na alma, no coração na vida. Nunca fiz parte de outro parido, mas não tenho nenhuma obsessão por candidatura. Desejo é alimento da alma e obsessão é a morte da alma. Outras pessoas podem ter, mas eu não tenho. Perdemos nossa maior liderança. Escuto muito da população que o PT era Déda. O grande legado de Marcelo não é só sua força política, mas seu caráter, honestidade e a forma como lidava com as questões. A política tem que ser do bem. Não sou de briga, quero paz”, garantiu.
MÁRCIO: “DIREÇÃO DO PT QUER SER MAIS DO QUE A JUSTIÇA ELEITORAL”
Ao participar da entrevista de Eliane, o deputado federal Márcio Macêdo (PT) afirmou que tem se mantido distante do debate público sobre uma possível candidatura da ex-primeira-dama por entender que esta questão é, primeiramente, de foro íntimo, e, em segundo lugar, de definição interna do partido. O parlamentar reforçou que o desejo de uma candidatura de Eliane Aquino ao Senado partiu da população.
“Em todo canto do Estado em que eu chego, sou questionado sobre isso pelo povo. A população quer votar nela. É um movimento da sociedade, que vê nela uma referência, pela personalidade, pelo trabalho, e, obviamente, pela dedicação que ela teve a Déda”, frisou.
Neste sentido, Márcio Macêdo criticou a forma “completamente enviesada” como a direção do PT no Estado está conduzindo o assunto. “Percebo que o grupo de Rogério e Ana está tratando este tema como se fosse a Justiça eleitoral. Tem que discutir se é bom para o PT e se é bom para a sociedade. Discutir isso de forma madura, respeitosa e política. Esse debate jurídico e da legalidade, que estão levantando, esconde, na verdade, o debate político. Então, este grupo tem que ter coragem de dizem que não quer Eliane candidata. Não adiante subterfúgios e ficar buscando justificativas na burocracia. Tem que dizer que há outros projetos, outros compromissos deste grupo, que é maioria no partido, que afastam Eliane de uma candidatura”, ressaltou.
“Essa questão da ficha estar ou não atualizada poderia ocorrer com qualquer pessoa. A Justiça Eleitoral tem flexibilidade quanto a isso, uma vez que o mais importante é o domicílio eleitoral. Há decisões do STF. Se provar que tem vida partidária pode ser candidato. Todo Sergipe sabe que Eliane tem vida política. Ela sempre participou das atividades do partido, organizando a ação das mulheres”, afirmou.
Neste sentido, o parlamentar cobrou da atual direção do PT de Sergipe uma visão mais estratégica para o futuro do partido e em busca da unidade tão necessária ao encaminhamento dos projetos da legenda. “O processo de eleição interna já acabou, é uma pagina virada. Temos que continuar discutindo o projeto estratégico do PT para o Estado. Quero contribuir para a unidade do partido. Não e momento para briga. Mesmo prejudicando projetos individuais, o momento é de construção do projeto coletivo. É isso que Sergipe espera de nós, é isso que os partidos aliados também esperam. Temos que dizer ao povo sergipano que a luta de Deda não será jogada fora”, defendeu.
ANA LÚCIA: "EX-DIRIGENTES DO PT ERRARAM"
A deputada Ana Lúcia disse que Eliane Aquino não está filiada ao PT do Distrito Federal e acusou a direção anterior do PT de inserir o nome da ex-primeira-dama no sistema interno do Tribunal Regional Eleitoral um dia antes da posse da nova diretoria sem informá-la.
“Tem problema que foi criado pelo grupo de Márcio Macêdo. Não é burocracia. Não venha com esse discurso de que somos os errados que queremos impedir candidaturas e prejudicar o partido. E que a liderança de Márcio é a correta. Não é assim, é dicotômica. Vejo que é necessário resolver esse problema. Discutir politicamente. Eliane é militante social, mas dentro do partido ela não teve organicidade em Sergipe. Existiram erros do ex-dirigentes, colocaram no sistema do TRE um dado irreal, e a gente espera que sejam resolvidos”, afirmou em resposta a Márcio.
A parlamentar também rebateu as declarações de Eliane. “Não existe essa paz que Eliane está pregando no sistema capitalista, onde há uma disputa de classes, de ódio, amor, desejo. Faz parte do sistema. Acho que pior do que a guerra é a paz a serviço do guerreiro. Ninguém quer guerra. Estamos disputando politicamente, ideologicamente. Quero dizer a Eliane que não era só Déda que era honesto e homem de caráter. A maioria dos filiados ao PT são honestos e de caráter”, afirmou.
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