Em meio a protestos, Lula telefona para Campos

Leonardo Lucena _PE247 – Diante dos protestos que mobilizaram, na última quinta-feira (20), cerca de 1,25 milhão de pessoas em todo o país e 52 mil no Recife, em favor, principalmente, da melhoria do transporte público e da redução das tarifas de ônibus, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, ambos do PT, ligaram para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário da chefe do Executivo federal na eleição do próximo ano.

De acordo com a coluna Painel, da jornalista Vera Magalhães, da Folha de S. Paulo, o objetivo dos telefonemas foi obter informações do gestor pernambucano sobre o protesto na capital pernambucana. Inclusive, Lula teria cumprimentado a esposa do pessebista, Renata Campos, que está grávida pela quinta vez. No entanto, o contato soa como uma tentativa de convencer o governador a desistir de uma possível candidatura presidencial.

Embora seja aliado da presidente Dilma, oficialmente, o governador Eduardo Campos tem se movimentado rumo ao seu projeto presidencial 2014. Ele prefere evitar comentários a respeito, mas tem feito com frequência críticas ao Governo Federal, sobretudo no que diz respeito à política econômica. Apesar disto, Campos, bem como os seus interlocutores a favor de uma candidatura própria do PSB, tem dito que torce pelo bom desempenho da economia brasileira neste ano.

Em meio às articulações de Campos com empresários e lideranças políticas, Lula estaria se movimentando para minar a candidatura do governador à presidência em 2014, conforme os bastidores. Vale ressaltar que, assim como o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), o cacique-mor do PT já deu aval ao projeto presidencial do pessebista, porém apenas em 2018.

Curiosamente, alguns correligionários de Campos manifestaram, recentemente, suas posições contrárias ao projeto do gestor para o próximo ano, como é o caso dos governadores Wilson Martins (Piauí), Camilo Capibaribe (Amapá) e Renato Casagrande (Espírito Santo), todos do PSB. Inclusive, isso levou o líder da legenda pessebista na Câmara Federal, deputado Beto Albuquerque (RS), a dizer que o Governo Federal estaria "pressionando" alguns aliados de Campos para não apoiarem a candidatura do socialista e, em troca, serem contemplados com mais financiamentos do governo para a execução de projetos em seus respectivos estados.

O ex-presidente Lula começa a entrar em cena num momento em que a popularidade da presidente caiu oito pontos percentuais. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) / Ibope, divulgada na última quarta-feira (19) e feita nos de 8 a 11 de junho, com 2002 entrevistados, o percentual das pessoas que avaliavam o Governo Dilma como bom/ótimo caiu de 63% para 55%. Ainda assim, a presidente Dilma continua como favorita para a eleição 2014, o que pode ser explicado pelo baixo índice de desemprego (5,8%) em um cenário de crise econômica global e pela continuidade dos programas de transferência de renda do Governo Lula.

Na campanha das eleições municipais do ano passado, Lula não desembarcou no Recife (PE) e preferiu manifestar o seu apoio ao senador Humberto Costa (PT), candidato do PT na época, apenas pelo guia eleitoral. Com isso, mostrou que a prioridade era eleger Fernando Haddad (PT) no pleito de São Paulo. Agora, só o tempo vai dizer se Lula não poupará esforços para minar o projeto de Campos ou se vai, novamente, priorizar o lançamento de uma candidatura própria do PT em São Paulo visando à eleição estadual 2014.