Em Minas, ser aliado de Dilma é bom negócio
Desde janeiro de 2011, 93,4% das verbas direcionadas s cidades do estado foram para lugares administrados por partidos da base, como PT, PSB, PMDB e PP. Em Ibirit, comandada pelo DEM, at hoje nada foi repassado
Minas 247 - Uma análise das verbas repassadas, por meio de convênios, aos municípios mineiros, mostra que o governo Dilma Rousseff privilegia as cidades administradas por partidos aliados. De um total de R$ 572,4 milhões direcionados às cidades do estado desde o início do mandato, 93,4% foram para locais comandados pelo PT, PSB, PMDB, PP, entre outras agremiações da base que apoia o governo federal.
O levantamento foi feito pelo jornal O Tempo, um dos principais do estado e que tem sede em Betim, na Grande Belo Horizonte. Avaliou as cidades com mais de 100 mil habitantes. E mostra que apenas 6,6% dos recursos da União foram para o caixa de prefeitos da oposição, no PSDB, DEM e PPS, por exemplo.
Entre as dez cidades mineiras mais beneficiadas, oito são de partidos aliados. Em último lugar no ranking, com nenhum recurso contemplado desde o início do ano passado, está Ibirité, na região central do estado. O prefeito dela é do DEM.
O que ocorre em Minas não é nem novidade em relação ao restante do país - e, pode-se dizer, não é novidade na história recente brasileira, já que o fato também era observado em gestões anteriores, não importando qual o partido estivesse no poder. Um levantamento da Folha de S. Paulo nas 81 maiores cidades do país - todas com mais de 200 mil eleitores - mostrou que, entre as dez com mais recursos federais desde janeiro de 2011, seis são administradas por prefeitos petistas. As outras quatro são de também aliados, como PMDB, PDT e PP.
Confira abaixo a reportagem de Isabella Lacerda publicada no jornal O Tempo:
Cidades mineiras da base de Dilma recebem mais verbas
Desde o início do mandato da presidente Dilma Rousseff, em janeiro de 2011, o governo federal repassou, por meio de convênios, um total de R$ 572,4 milhões para os 31 municípios de Minas com mais de 100 mil habitantes. Desse total, percebe-se uma distribuição pouco igualitária dos recursos: 93,4% ficaram com prefeituras comandadas por partidos que integram a base aliada da presidente, como PT, PSB, PMDB, PP, PV, PR. O restante, apenas 6,6%, acabou nos cofres de cidades governadas por prefeitos da oposição, dentre elas PSDB, DEM e PPS.
O repasse pouco "republicano" também é observado no ranking das administrações que foram mais contempladas com recursos. Segundo levantamento feito pela reportagem de O TEMPO, entre as dez cidades mais beneficiadas, oito são de partidos aliados e apenas duas estão sob o comando das legendas de oposição. Também entre as 31 cidades analisadas, a maioria é governada pela base aliada.
O partido da presidente Dilma, o PT, está na liderança de três dessas administrações: Betim e Contagem, na região metropolitana, e Governador Valadares, no Rio Doce. Na primeira cidade, dos R$ 10,8 milhões liberadas nos últimos 15 meses, R$ 5,5 milhões são apenas para a construção de escolas, como parte do projeto "Todos pela Educação".
Em segundo lugar está o PMDB. Considerado o maior partido aliado da presidente, os peemedebistas aparecem no comando de Montes Claros (Norte) e Uberaba, no Triângulo Mineiro, que, juntas, foram contempladas com R$ 44,2 milhões em convênios. Em Montes Claros, dos R$ 33,7 milhões liberados desde 2011, R$ 17,5 milhões são aplicados no programa "Brasil Profissionalizado".
Já o PSB, que também é parceiro de primeira hora do governo federal e tem sido considerado um importante aliado para as eleições presidenciais de 2014, lidera em total de recursos liberados: R$ 431,7 milhões para as prefeituras da capital mineira e de Ribeirão das Neves, na região metropolitana.
As liberações contemplam diversos programas dos municípios que têm a participação da União, todos voltados para educação, saúde e infraestrutura.
Desproporcional. No caso das prefeituras mineiras comandadas pela oposição, apenas Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Sete Lagoas, na região metropolitana, que hoje estão nas mãos do PSDB, aparecem na lista das dez mais beneficiadas.
Em último lugar no ranking, está outra cidade comandada pela oposição. Ibirité, na região Central do Estado, comandada pelo DEM, não é contemplada com convênios desde 2010.
Convênios como os citados pela reportagem só poderão ser firmados, neste ano, até o final deste mês. O motivo é o início do período eleitoral, que impõe restrições aos agentes públicos.
De um lado, lado, prefeitos de partidos de oposição ao governo federal garantem que há discriminação. Do outro, os aliados não veem diferenças na liberação de recursos.
Marília Campos (PT), prefeita de Contagem, sétima cidade no ranking das que mais receberam recursos, não acredita em favorecimento. Segundo ela, muitas vezes faltam projetos ou as cidades não estão dentro dos critérios para participação dos convênios. "Não acredito mesmo que haja diferenciação", afirma.
O prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT), é enfático ao afirmar que o governo trata de forma igualitária as prefeituras. "Quando o PSDB estava no governo, aí sim tinha diferença", opinou.
A prefeita de Lavras, Jussara Menicucci (PSDB), argumenta, no entanto, que o problema não é falta de projetos. "Não há dúvidas de que a oposição sofre discriminação. Não faltam projetos, e o município não tem nenhum impedimento", garante. Nos últimos 15 meses, Lavras recebeu R$ 3,15 milhões.
Para o secretário de Planejamento de Divinópolis, Davis Maia, "há muito a cidade não recebe um repasse vultoso". A prefeitura é comandada pelo PSDB. (IL)
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