Época também foi usada em defesa da Delta
Num grampo de 29 de julho, o araponga Jairo Martins antecipa ao tenente-coronel Paulo Abreu que poca havia fechado uma reportagem de trs pginas com porrada no Agnelo; Que deus abenoe, responde Abreu, que era o candidato de Demstenes presidncia da SLU, contratante de Cavendish
247 – Neste domingo, no jornal O Globo, o jornalista Merval Pereira saiu em defesa dos métodos de Veja e do jornalista Policarpo Júnior nas suas relações com Carlos Cachoeira (leia mais aqui). Segundo Merval, o inquérito revela apenas uma pequena intimidade e o pedido pela publicação de notinha na coluna Radar, feito pelo contraventor.
No entanto, vários trechos do inquérito revelam que o bicheiro usou a imprensa com frequência em defesa de seus interesses econômicos e políticos. E Veja não foi a única publicação instrumentalizada pela quadrilha. Época também.
É o que revela um diálogo entre o araponga Jairo Martins, funcionário de Cachoeira, e o tenente-coronel Paulo Abreu, da Polícia Militar do Distrito Federal, que também recebia recursos da quadrilha. Abreu era remunerado pela Delta, empresa de Fernando Cavendish, que tentava ampliar seus tentáculos no Distrito Federal.
Na conversa, de 29 de julho deste ano, Abreu antecipa uma reportagem que sairia em Época com “porrada no Agnelo”. Paulo Abreu responde: “Que deus abençoe”.
Servidor do Distrito Federal, Abreu era o candidato de Demóstenes Torres (sem partido/GO) e da Delta à presidência da SLU, empresa de limpeza urbana do Distrito Federal, que contratava a própria Delta.
Ou seja: o método da empresa de Cavendish envolvia a publicação de denúncias na imprensa e, sem seguida, a tentativa de obter vantagens por meio do senador Demóstenes Torres.
Ouça, abaixo, trecho do diálogo entre Jairo e Abreu:
RESUMO
PAULO ABREU PEDE PARA JAIRO DEIXAR O PAGAMENTO DA DELTA EM SUA CASA.
FALAM SOBRE REVISTA EPOCA REPORTAGEM SOBRE AGNELO.
DIÁLOGO
( ... )
JAIRO: Ué, como que você vai fazer? Fala ai, ué .
PAULO ABREU: ( ... ) vocês passa aqui em casa e deixar isso aqui cara.
JAIRO: Tá beleza, tá beleza, eu passo ai, é perto da ALAMEDA, né ?
PAULO ABREU: Fica depois da ALAMEDA, depois da ALAMEDA vira a direita ( ... )
JAIRO: ( ... ) a revista época fechou agora a edição dela, três página, porrada no AGNELO geral.
PAULO ABREU: Que Deus abençoe .
Leia, ainda, trecho de matéria recente da revista Época, em 13 de abril deste ano, em que a revista revela que a Delta era “a preferida do bicheiro” e que tentou emplacar Paulo Abreu na presidência da SLU:
Mesmo depois de vencida a disputa, a Delta enfrentou problemas em Brasília. Escutas telefônicas feitas pela PF mostram que a turma de Cachoeira atuou com força para defender os interesses da empresa, logo após a eleição do governador Agnelo Queiroz (PT). No dia 30 de dezembro de 2010, dois dias antes da posse de Agnelo, Cachoeira conversou com o então diretor da Delta no Centro-Oeste, Abreu, e com o sargento Idalberto Matias, o Dadá, um dos arapongas da organização. Os três articulavam uma conversa do senador Demóstenes (então no DEM) com Agnelo. Demóstenes foi escalado e participou do lobby para controlar o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), justamente o órgão para o qual a Delta trabalhava no Distrito Federal. No encontro, Demóstenes pediria a Agnelo a nomeação do tenente-coronel da Polícia Militar Paulo Abreu para a presidência da SLU. De acordo com as gravações, Paulo Abreu usaria o cargo para beneficiar a Delta. “O governador já está sabendo, entendeu e vai tomar as providências para atender”, diz Dadá para Cláudio Abreu. Apesar do lobby, Paulo Abreu não assumiu o cargo e é hoje investigado pela Polícia Federal. Por intermédio de sua assessoria, Agnelo diz que “jamais foi ventilada” a nomeação de Abreu e negou ter participado de qualquer “reunião privada com Demóstenes”.
Época só não revela que, em julho do ano passado, foi usada pela quadrilha de Cachoeira para fazer com que Agnelo nomeasse Paulo Abreu na SLU.
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