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Esquizofrenia. Detectar essa psicose antes que ela apareça

Pesquisadores tentam desenvolver um teste de sangue para detectar, entre os indivíduos de risco muito elevado, os que irão desenvolver esquizofrenia. Objetivo: tratá-los precocemente para atenuar ou evitar a doença

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Por Soline Roy 

Taciturno, retraído, irritado, um tanto paranoico e resultados escolares em queda livre… Muitos pais suspiram diante destes sinais clássicos da crise da adolescência. Mas em 1 % das pessoas entre 14 e 27 anos de idade escondem um risco real: o de desenvolver uma psicose, a principal delas, a tão temida esquizofrenia. Uma detecção precoce de 20 a 30 % desses indivíduos de risco que irão desenvolver uma psicose é essencial, porque o prognóstico da evolução depende muito da rapidez do tratamento.

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Mas diferenciar uma fase ruim de sinais de alerta da doença não é fácil, especialmente em adolescentes para os quais a neurociência tem mostrado que as estruturas cerebrais (tais como seus comportamentos) são «normalmente anormais». Estes sintomas podem estar sujeitos a milhares de interpretações por parte das famílias, sendo que algumas apresentam tolerância singular para desvios preocupantes – quando não são os próprios jovens que escondem as mais graves, incluindo as alucinações.

Sintomas não específicos

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Os médicos, particularmente os não especialistas, não são as pessoas mais preparadas: os sintomas premonitórios da doença, sinais de alerta de uma possível esquizofrenia incipiente, não são específicos e nem os fatores de risco. «Um mesmo tipo de estresse poderá promover uma depressão em uma pessoa e na outra, uma esquizofrenia e, em uma terceira pessoa, nada, dependendo de como o cérebro está “ligado” ou predisposto, diz a Prof. Marie-Odile Krebs, chefe de departamento no Hospital Sainte-Anne (Paris) e diretora de pesquisas da Inserm-Universidade Paris-Descartes.

Daí a ideia de desenvolver técnicas para refinar o diagnóstico o mais precocemente possível, de preferência antes mesmo da primeira crise psicótica. Publicado em julho na Translational Psychiatry, um estudo realizado pela equipe da Prof. Krebs com a Universidade de Cambridge sugeriu então um teste de sangue com base na análise de 26 biomarcadores moleculares, que ajudaram a identificar, dentre indivíduos de risco muito elevado, 92 % daqueles que iriam desenvolver uma psicose no prazo de dezoito meses após a coleta de sangue. «Estes marcadores foram evidenciados em várias coortes, diz Marie-Odile Krebs. Reduzimos sua quantidade e refinamos seu valor preditivo, para obter um teste potencialmente útil na prática clínica.»

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Esse teste ainda está longe de ser prescrito rotineiramente em departamentos especializados e não há nenhum motivo para usá-lo em toda a população, alerta a pesquisadora. «A maioria destes marcadores está relacionada com fatores de plasticidade neuronal ou processos imunológicos e não são específicos para o que é conhecido sobre a biologia da esquizofrenia. Eles são encontrados na depressão, no envelhecimento …», diz a Prof. Krebs. Portanto, não pode tratar-se apenas de uma ferramenta adicional para o diagnóstico clínico tradicional feito por um especialista.

No entanto, os resultados «reforçam a ideia que os processos que levam à esquizofrenia estão relacionados com o desenvolvimento do cérebro e a neuroplasticidade », explica a psiquiatra. A esquizofrenia, cujo risco está em seu pico entre os 15 e 30 anos de idade, «está amplamente ligada a este período de mudança que é a adolescência, que vê uma verdadeira transformação ocorrer no cérebro». E a pesquisadora sonha com um medicamento específico para esta fase prodrômica da doença, os antipsicóticos não tendo provado sua eficácia neste contexto.

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Tratamentos especializados

Enquanto isso, as terapias comportamentais (permitindo, por exemplo, a gerar o estresse) ou psicossociais (para evitar especialmente o consumo de tóxicos , altamente associados ao risco de desenvolvimento de uma psicose) são pistas terapêuticas cada vez mais utilizadas. A simples ingestão de ômega -3 é outra que ainda deve provar sua eficácia.

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«Tratamentos especializados adaptados durante esta fase prodrômica em pacientes com risco muito elevado poderiam ajudar a atenuar ou até mesmo a não Iniciar a doença, fortalecendo a capacidade de seu cérebro a ignorar uma eventual fragilidade, avalia a psiquiatra. Em países que implementaram programas de detecção e de intervenção precoces, a taxa de transição, isto é, a percentagem de pacientes de risco que desenvolvem uma psicose, caiu praticamente um terço.»

Examinar o discurso pelo computador

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 Outra pista, um estudo americano da Universidade de Colúmbia publicado no NPJ-Schizophrenia, combina informática e gramática para detectar as psicoses incipientes. Janela sobre a mente, aqui, a palavra está no centro do jogo: entrevistas realizadas com indivíduos de alto risco foram analisadas por computador para estudar as especificidades semânticas (o significado de seu discurso) e sintáxicas (sua estrutura). Essas variáveis, podendo revelar um pensamento desorganizado, já são examinadas por médicos, mas elas seriam medidas com mais precisão pela máquina, de acordo com os autores. Seu programa teria identificado com sucesso os 5 pacientes (em cerca de trinta) que iriam sofrer um episódio psicótico nos anos seguintes. Resta saber se, em uma quantidade maior de participantes, o “psicólogo de silício” sempre faria melhor que o de carne e osso.

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