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      Gaúcha trabalha mais e ganha menos que o homem

      Relação foi publicada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul (SPM), nos “Estudos das Condições das Mulheres e as Desigualdades de Gênero Existentes no Estado”; além disso, 48% das mulheres inseridas no mercado de trabalho têm nível superior, enquanto apenas 24% dos homens contam com a mesma formação

      Relação foi publicada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul (SPM), nos “Estudos das Condições das Mulheres e as Desigualdades de Gênero Existentes no Estado”; além disso, 48% das mulheres inseridas no mercado de trabalho têm nível superior, enquanto apenas 24% dos homens contam com a mesma formação (Foto: Roberta Namour)
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      Nícolas Pasinato
      Sul 21 - Na manhã desta segunda-feira (2), a Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado do Rio Grande do Sul (SPM) lançou o “Estudos das Condições das Mulheres e as Desigualdades de Gênero Existentes no Estado”. O ato ocorreu no auditório do salão nobre da faculdade de Direito da UFRGS. A iniciativa faz parte das atividades dos “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher – Por mais direitos, educação e trabalho” e tem como base os estudos desenvolvidos pela Fundação de Economia e Estatística (FEE).

      Três estudos foram apresentados. O primeiro, exposto pela pesquisadora Clitia Helena Martins, chama-se “A condição das mulheres e desigualdades de gênero no Rio Grande do Sul”. O estudo, que trouxe abordagens mais amplas relacionadas à mulher, mostrou, por exemplo, que, no Rio Grande do Sul, “as mulheres têm uma jornada de trabalho mais extensa, têm melhor qualificação, mas proporcionalmente ainda ganham menos que os homens”.

      Além disso, de acordo com dados da RAIS (2010), 48% das mulheres inseridas no mercado de trabalho têm nível superior, enquanto apenas 24% dos homens contam com a mesma formação. No entanto, deste total, a proporção de homens que ganham até três salários é menor do que de mulheres. Sobre a capital gaúcha, a pesquisadora destacou que 72,5% dos domicílios em extrema pobreza (com renda per capita de até 70 reais) são chefiados por mulheres, com uma concentração relativa dessas mulheres na faixa de 20 a 24 anos com crianças pequenas (PNAD/IBGE). Os dados ainda apontam que, no Estado, a participação feminina nas câmaras de vereadores é de apenas 7,40% enquanto que no Brasil este número cresce para 11,88%.

      Violência contra mulheres

      A segunda pesquisa apresentada recebeu o título de “Violência contra mulheres no Rio Grande do Sul: estudo a partir do Suplemento Vitimização e Acesso à Justiça da PNAD 2009″ e foi mostrada pela coordenadora do núcleo de políticas públicas da FEE, a pesquisadora Gabriele dos Anjos. O estudo consiste em uma análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009.

      Conforme a pesquisadora Gabriele dos Anjos, “a violência de cônjuges e ex-cônjuges é específica de gêneros, porque atinge principalmente mulheres”. De acordo com a análise, cerca de 95% dos agredidos por cônjuges ou ex-cônjuges são mulheres.

      “Com esses dados é possível desenhar um perfil das mulheres agredidas e desenvolver melhor as políticas públicas”, avaliou. Dentre as mulheres vítimas de agressão, o levantamento mostra que a maior parte está na faixa acima de 40 anos, são pardas e, principalmente, de baixa extração social, baixo rendimento, baixa escolarização e inserção precária no mercado de trabalho.

      Mundo do trabalho

      O terceiro estudo, mostrado pela coordenadora da Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, Dulce Vergara, foi o “Relatório especial sobre a Inserção das Mulheres no mercado de trabalho metropolitano para o ano de 2012″. O levantamento teve como objetivo detalhar informações a respeito dos fenômenos de mercado de trabalho na ótica de gênero, tendo a finalidade de desvendar os mecanismos descriminatórios presentes nesse processo social. O trabalho teve como base de dados a Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Porto Alegre (PED-RMPA).

      No estudo, foi apontado que a taxa de participação (total de pessoas inseridas no mercado de trabalho) das mulheres passou de 49,3% em 2011 para 49,4% em 2012. Entre os homens, este indicativo apresentou uma retração, passando de 65,9% (2011) para 65,7% (2012). Já a proporção de mulheres no contingente de ocupados também aumentou: passou de 45,3% (2011) para 45,8% (2012).

      Segundo Dulce, o que mais se destacou no estudo foi que, embora as mulheres venham apresentando um aumento na sua inserção no mercado de trabalho, elas ainda continuam tendo um rendimento menor na comparação com os homens. Outro ponto salientado pela pesquisadora é o que diz respeito à questão de etnia. “As mulheres negras têm a maior taxa de desemprego e a maior inserção em ocupação com baixas remunerações. Elas ascendem no mercado de trabalho, mas não conseguem crescer dentro da empresa, porque, nesse caso, entra o fator discriminatório”, avalia. Secretaria almeja criação de observatório para as mulheres

      A Secretária Estadual de Políticas para as Mulheres, Ariane Leitão, ressalta que, antes desses estudos, não havia indicadores para trabalhar política pública no Estado. “A ideia é que a partir desses estudos nós consigamos implementar um observatório permanente da aplicação de política pública para a mulher e das condições de desigualdade”, explica.
      Para Ariane, os estudos foram importantes para esclarecer algumas particularidades da mulher gaúcha. “Percebemos que, hoje, as vítimas de violência no Rio Grande do Sul, ocorre principalmente com mulheres mais velhas, diferente do que acontece no resto do país”, exemplifica. Para ela, a partir dos indicadores técnicos produzidos pela FEE, a secretaria “entra em um caminho diferenciado e sai do empirismo”.

      Embora seja grande a disposição do órgão em instalar um observatório, o processo de implantação ainda está em estudo e atrás de recursos para financiá-lo. “Os valores que precisam ser colocados para implementação do observatório são bem altos, mais de R$ 1 milhão. Estamos verificando parcerias para conseguir esses valores. Queremos um observatório que trabalhe a questão das mulheres nos mais diversos aspectos. Não só no enfrentamento a violência, mas também na aplicação de políticas públicas”, ressalta.

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