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‘Genoino não delatou guerrilha’, diz historiador

Então estudante da Universidade Federal do Ceará, José Genoino Neto não delatou a área que o PC do B preparava, desde o ano de 1966, no norte de Goiás, atual Estado do Tocantins, além do Pará e em um pedaço do Maranhão, para deflagrar guerrilha, sob inspiração nas teorias da Guerra Popular Prolongada, formuladas pelo marxista Mao-Tsé-tung, na China, em 1949; é o que diz o historiador e jornalista Hugo Studart em ‘Borboletas e Lobisomens’, julho de 2018; veja mais detalhes no material do jornalista Renato Dias

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Renato Dias, especial para o 247 - Então estudante da Universidade Federal do Ceará, José Genoíno Neto não delatou a área que o PC do B preparava, desde o ano de 1966, no norte de Goiás, atual Estado do Tocantins, além do Pará e em um pedaço do Maranhão, para deflagrar guerrilha, sob inspiração nas teorias da Guerra Popular Prolongada, formuladas pelo marxista Mao-Tsé-tung, na China, em 1949. É o que diz o historiador e jornalista Hugo Studart em ‘Borboletas e Lobisomens’, julho de 2018.

Nascido em fevereiro de 1962, o PC do B é uma dissidência do PCB. Legenda da foice e do martelo fundada em 25 de março de 1922, por nove operários, em Niterói. Como seção brasileira do Komintern, a IIIª Internacional. Central mundial da Revolução fundada tanto por Vladimir Ilich Ulianov, advogado de classe média, codinome Lênin, quanto por Liev Davidovich Bronstein, nom de guerre Leon Trotsky. Os dois líderes da revolução russa. De 26 de outubro de 1917

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Ruptura

A ruptura no movimento comunista tupiniquim ocorreu antes de 1964. Ano do golpe de Estado civil e militar de 31 de março e primeiro de abril. Que depôs o presidente da República, João Belchior Marques Goulart, um nacional-estatista, em sua versão trabalhista. O ‘herdeiro’ de Getúlio Vargas. ‘O Pai dos Pobres’, que se suicidara às 8h30, do dia 24 de agosto de 1954, nos aposentos presidenciais do Palácio do Catete, no Rio. Acuado. Pela ameaça da caserna.

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O guerrilheiro, ex-diretor da União Nacional dos Estudantes, a UNE, queria derrubar a ditadura civil e militar e instalar o socialismo no Brasil. De armas nas mãos. Mesmo que precárias. Preso em abril de 1972, é submetido a torturas. O seu 1º depoimento faz menção à sua atuação
política e revolucionária antes de entrar na área do conflito. Lício Maciel teria lhe dado um ‘telefone’. É o que o coronel revelou ao jornalista Maklouf Carvalho. “Um telefone bem dado”, frisa.

O ‘enragé’ informa, porém, que teria sofrido torturas que Hugo Studart classifica de ‘extremadas’. Já em Brasília, explica o autor. É quando começa a contar, em fragmentos, o pouco que sabia, registra. Um método gauche para administrar as informações e preservar a sua vida, aponta. Assim como dar um tempo necessário para que os camaradas de armas escapassem de eventual cerco da repressão política e militar à época, sublinha o pesquisador.

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Reconhecimento

‘Borboletas e Lobisomens’ relata que José Genoíno Neto foi levado de volta à Região do Araguaia. Em maio de 1972. Missão de reconhecimento. Por determinação do general do Exército Antônio Bandeira. O preso político embarcou em uma caminhonete militar. Itinerário: de Brasília a Xambioá. Sob a rodovia Belém-Brasília, próximo ao município de Anápolis, a 60 quilômetros de Goiânia, rota dos guerrilheiros enviados para a Guerrilha do Araguaia, uma parada.

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A comitiva para escoltar José Genoíno Neto encontra-se com o chefe da 2ª Seção de Inteligência da Terceira Brigada de Infantaria, major Gilberto Airton Zenckner. O oficial do Exército Brasileiro observa que o prisioneiro estava descalço e algemado. Ele determinou aos subordinados que lhe comprassem botinas e retirassem as suas algemas durante a longa viagem. Antes ameaçaram, porém, matá-lo, caso tentasse fugir, anota o escritor.

O jornalista conta que José Genoíno Neto recusou-se a dividir a mesa barraca com Dower Cavalcanti, nome de guerra ‘Domingos’. Não vou dormir com um traidor, teria dito o preso político. Gilberto Airton Zenckner, já como coronel, afirma que José Genoíno Neto levou a
equipe de repressão aos locais que havia indicado em seu depoimento. Os militares avaliaram, porém, que o guerrilheiro preso não estava colaborando e que ele não possuía outra opção.

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- Nenhum guerrilheiro caiu por causa dele.

Administração

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O historiador e jornalista Hugo Studart, em ‘Borboletas e Lobisomens’, destaca que um dos supostos militares que interrogou José Genoíno Neto, em Brasília, esclarece que o militante comunista teria administrado com extrema inteligência o seu depoimento. Dialogava, discutia
doutrina, não provocava e conseguia ir ganhando tempo, expõe. O oficial pontua no livro que quando o Exército iria checar as suas informações, não havia mais ninguém no local.

De José Genoíno Neto:

- Em meus depoimentos não há nenhuma informação que tenha prejudicado a guerrilha.

Tudo o que contei já era coisa pública.

Perfil

O codinome de José Genoíno Neto era ‘Geraldo’. Um integrante do ‘Destacamento C’. Da Guerrilha do Araguaia. Com a sua queda ocorrida no ano de 1972, o guerrilheiro amargo cinco anos de prisão. Com torturas. Libertado no ano de 1977, acabou anistia em 26 de agosto de 1979. A sua mulher Rioco Kayano também era uma das revolucionárias. Na região do Araguaia e acabou presa pela repressão política e militar da ditadura. Uma noite que durou 21 anos.

Serviço
Livro: Borboletas e Lobisomens
Editora: Francisco Alves
Autor: Hugo Studart
Gêneros: Jornalismo, História e Política

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