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Greve de patrão no futebol americano

Os donos dos clubes nos EUA paralisam o campeonato. O motivo? Querem reduzir em US$ 1,8 bi os ganhos dos atletas

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Por Márcio Kroehn, de São Francisco (EUA) – Uma situação pouco comum no esporte mundial paralisa o futebol americano há mais de 15 dias. Desde o início de março, os donos dos 32 clubes da National Football League (NFL) deram início a um jogo único e demorado contra os seus próprios atletas. Eles começaram um lockout, ou seja, uma greve de empregador contra empregado para discutir a fatia do bilionário bolo financeiro que os jogadores recebem anualmente. Na última temporada, que teve como campeão o Green Bay Packers, de Wisconsin, foram US$ 9,2 bilhões. Essa relevante soma foi parar nas mãos de 1.900 brutamontes, que não estão dispostos a aceitar a redução de cerca de US$ 1,8 bilhão inicialmente pretendida pelos patrões. Em uma conta simples, cada um passaria a receber, em média, US$ 3,9 milhões ao ano ao invés dos US$ 4,8 milhões de 2010. Até aqui, os jogadores estão na defesa e consideram uma jogada arriscada abrir mão desse montante de dinheiro.

Cada dia parece decisivo nessa disputa, embora a segunda-feira 28 de março esteja sendo encarada como uma data simbólica. Nesse dia, os atletas tentarão invalidar o lockout antes do julgamento marcado para uma corte federal em 6 de abril. A justificativa é voltar à vida normal e colocar a bola em jogo, para a alegria dos desesperados fãs que já sentem o atraso da pré-temporada. Afinal, como em toda a greve, essa também tem suas obrigações. Os jogadores, por exemplo, não podem entrar nas dependências dos clubes, realizar treinamentos e aparições públicas - exceção aos eventos ligados à caridade. Mas, para se chegar a uma solução, um ponto é inquestionável: a transparência no balanço financeiro para que os jogadores aceitem a justificativa de redução dos ganhos. Segundo os patrões, 70% dos ganhos extras dos clubes vão parar no bolso dos atletas. Especialistas e a mídia do país, porém, divulgaram que o repasse é pouco superior a 50%.

Até aqui, os patrões têm sido vencedores. Nenhum juiz estadual aceitou os argumentos dos atletas. Até a escolha dos jovens universitários está com a data mantida, em 28 e 30 de abril, independentemente do que aconteça com a greve, para alegria dos 300 pretendentes a uma vaga na elite da bola oval. O problema é que os contratos só podem ser assinados após o fim dessa disputa – mais uma das obrigatoriedades do lockout. Neste momento, alguns perdedores já são conhecidos. A poderosa economia associada à NFL tirou a calculadora da gaveta para pesar os prejuízos. O canal via satélite DirecTV estima as perdas em mais de US$ 600 milhões com o provável atraso do início da temporada. Outras empresas também estão atentas aos arranhões às suas imagens. A Pepsi investe mais de US$ 500 milhões por temporada desde 2004 e o Gatorade paga US$ 45 milhões ao ano além de fornecer isotônico para todos os clubes sem custo. As duas são marcas oficialmente ligadas ao futebol americano e têm receio do boicote dos torcedores.

Todos esses problemas financeiros devem atingir o Super Bowl, a última e mais esperada partida do campeonato. O próximo está previamente marcado para 5 de fevereiro de 2012, no Lucas Oil Stadium, em Indianápolis. No entanto, a indefinição deve adiar o jogo mais assistido e mais caro de todo o planeta. Isso pode significar uma redução no lucro de todos os envolvidos. No último Super Bowl, realizado em 6 de fevereiro deste ano, mais de 111 milhões de pessoas estavam atentas aos lances entre Packers e Pittsburgh Steelers e ao intervalo mais famoso da televisão. A aparição comercial de 30 segundos na Fox custou cerca de US$ 3 milhões. E pelo quarto ano consecutivo houve recorde no número de fãs sintonizados na partida. Para repetir novamente esse desempenho, é preciso que a bola quadrada dos negócios volte a ser a tradicional e esquisita bola oval.

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