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    Haddad: "Progressão automática vai acabar"

    Em sabatina Folha/UOL, prefeito Fernando Haddad afirma que sistema de progressão continuada nas escolas municipais -- no qual o aluno não repete de ano -- vai acabar; "Isso eu garanto, porque é prejudicial ao aluno", disse Haddad; plano de volta aos exames por ciclo será lançado em 15 dias; inclui programa de educação em dois turnos; ele saudou a presença, amanhã, da presidente Dilma Rousseff, na Prefeitura: "São Paulo vai fazer as pazes com o governo federal", disse ele, pronto para assinar contratos bilionários para obras na capital; Haddad, após não garantir bilhete único mensal - uma promessa de campanha -- para este ano, corrigiu: "Ainda está pensado para novembro", ressalvou;"Quero saber qual minha nota em 2016. Neste momento, estou de 'dependência'

    Haddad: "Progressão automática vai acabar"

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    Marco Damiani _247 - Sabatina Folha/UOL com prefeito Fernando Haddad, de São Paulo, foi encerrada às 19h50. Entre anúncios de medidas, ele garantiu que a cidade terá o fim do sistema escola de progressão continuada, no qual o aluno não precisa fazer exames específicos para mudar de ciclo. "Esse sistema vai acabar porque é prejudicial ao aluno", disse o prefeito. Ele lembrou que a capital está em 35º em pesquisas de qualidade de ensino entre os 38 municípios da Grande São Paulo.

    - Vamos anunciar um plano completo em 15 dias, que vai incluir a reclassificação dos CEUs para novos programas de ensino e o estabelecimento, para 75 mil crianças, inicialmente, do regime escolar de dois turnos.

    Diogo Oliveira: O sr. vai fazer a atualização da planta genérica de valores, prevendo uma elevação do IPTU?

    Haddad: É uma obrigação legal. Temos de fazer. Vamos cumprir a lei, mas com os cuidados devidos para não prejudicar a população.

    Oliveira: O dinheiro para congelar a tarifa de ônibus pode vir do IPTU?

    Haddad: Não. Os recursos do IPTU vão para outros setores. O risco que o prefeito corre ao reajustar a planta genérica é errar. Essa ação, que é devida, tem de ser bem modulada. Tudo tem majoração, mas se for feita com justiça tributária, acho que o cidadão vai entender. O que não pode é de um ano para o outro o fator de aumento do valor da propriedade, sem levar em consideração a renda.

    O sr. é a favor da interrupção da verticalização da cidade?

    Haddad: Há muita incompreensão sobre isso. Muitas vezes, os prédios provocam desadensamento. Isso ocorre em São Paulo. Nossa cidade não é densa, do ponto de vista populacional, mas é densa do ponto de vista construtivo. O caso clássico é o da Vila Olímpia. Não vejo ali espaço para empreendimentos. Vamos corrigir isso no Plano Diretor. A Zona Leste, ao contrário, é muito pouco verticalizada. Quando você tem política de emprego, renda e moradia, a verticalização é um ganho para a cidade. Na Zona Sul, houve claro exagero de liberação de empreendimentos imobiliários.

    Vinícius: - Vai haver salvação para a região da Luz (central)?

    Haddad: O maior desafio urbanístico da cidade de São Paulo e assumir as duas margens dos rios Tietê e Pinheiros. A cidade tem de olhar para eles. Essa região tem enorme potencial de aproveitamento.

    Vinícius: Algo será feita na região da Barra Funda? Parece que tem um sapo enterrado ali.

    Haddad: Vamos levar 20 mil moradias para o centro. Durante o dia, tem uma vida que quase não se encontra em outro lugar. À noite é um deserto, inclusive perigoso. Confio numa parceria, cujo edital vai ser publicado, para termos resultados de curto prazo. Temos de ocupar o arco Tietê de maneira sustentável.

    Pergunta: O sr. garante que no próximo verão os paulistanos não vão sofrer com enchentes?

    Haddad: O que posso dizer sobre isso é: faz 18 anos que as pessoas aguardam uma ordem de serviço para canalizar o córrego da Água Branca. Isso vai acontecer, mas a obra não vai estar pronta no próximo ano. Mas há coisas que vou forçar a máquina pública a resolver. Identificamos 150 pontos de alagamentos históricos na cidade de São Paulo. Mais da metade terão microdrenagem. Os semáforos 'pifam' porque estão sucateados. Licitamos mais de R$ 200 milhões para quatro mil cruzamentos, de seis mil em toda a cidade. A Defesa Civil vem se reformulando há alguns anos, e eu pretendo dinamizar isso. O grau da melhoria contra as enchentes, sobre as quais vamos investir R$ 360 milhões, vai depender do resultado das obras. Mas é a primeira vez que a cidade de se antecipa aos problemas do verão.

    Vera: O sr. se sentiu abandonado por seu partido ao não poder manter a tarifa de ônibus?

    Haddad: Eu sempre me preocupo com os ombros sobre os quais uma decisão minha vai recair. Quando eu vejo que 48% do subsídio recai sobre o empregador que dá vale transporte, que o aumento do subsidio prejudica metas sociais, acho que o subsídio é correto, mas não podemos prejudicar os mais pobres com a falta dos subsídios para obras para eles.

    Vera: Se os riscos eram tão grandes, por que o sr. cedeu?

    Haddad: Vamos pontuar. Na véspera, a cidade estava sob comando. Por muito pouco, não perdemos dois edifícios históricos em São Paulo, o da Prefeitura e o do Teatro Municipal, sem ninguém para defendê-los. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, me ligou preocupado com o que aconteceria lá, no dia seguinte. Na véspera, eu ouvi o  Conselho da Cidade, e resolvi tomar a decisão. Acho que a demanda é justa, mas não podemos prejudicar os mais pobres.

    Pergunta: Quando o sr. vai anunciar a ampliação do rodizio?

    Haddad: Não estamos seguros de que vamos tomar essa decisão. Ideia, numa reunião anterior, não era aumentar horários e dias, mas levar o rodízio para novas artérios, expandi-lo. Os técnicos disseram que essa ampliação pode reduzir em 20% o fluxo. Achei exagerado e mandei refazer as contas. Podemos até testar hipótese, durante um mês, uma semana, e até voltar atrás se a medida não for adequada.

    O prefeito afirmou que, durante sua campanha, prometeu não tomar medidas restritivas ao transporte particular sem, antes, incentivar o transporte público.

    Abaixo, notícia anterior:

    247 - O prefeito Fernando Haddad afirmou, em sabatina UOL/Folha de S. Paulo, que irá contratar uma auditoria internacional para acompanhar a licitação para a renovação dos serviços de ônibus da capital. A concorrência deveria ter acontecido no mês passado, mas foi suspensa pela Prefeitura após as manifestações de massa contra o aumento nas tarifas dos ônibus.

    - Queremos transparência nos contratos com as OSs (Organizações Sociais), seguindo todas as orientações do Tribunal de Contas. Já estamos revendo contratos, com ganhos significativos, em alguns, para a municipalidade. Nos próximos dias devo anunciar uma notícia importante nesta área, de parceria entre a Prefeitura e uma entidade privada. O sistema é dificil. A saúde em São Paulo não é única, é fragmentada", disse Haddad sobre o setor.

    A respeito das filas em equipamentos municipais de saúde, o prefeito disse que "ainda temos a sensação" de que, na ponta do atendimento, a fila aumenta. Mas ele defendeu que cerca de 40% dos nomes constantes na agenda não tem cadastros corretos. "É impressionante".

    Jornalista lê carta de internauta que disse não ter sido atendido no posto de saúde do Jardim Peri-Peri em razão de greve no setor;

    - Não tenho notícia de greve na saúde. Nem o jornal noticiou, completou, para risos da platéia. É a primeira vez que eu me deparo com esse tipo de reclamação de greve, vou apurar.

    Vera: Pela Datafolha, 40% disseram que a sua resposta aos protestos não foi boa. Depois de sete meses, o sr. é um prefeito novo que envelheceu muito rápido?

    Haddad; Todo prefeito de São Paulo envelhece muito rápido. Nunca vou subestimar o quanto é difícil gerir essa cidade. É uma cidade difícil, sobretudo se você tem responsabilidade com ela. Muitas pessoas podem ter usado de artifícios para mostrar que coisas foram feitas por passe de mágica, mas isso dura pouco.

    - O sr. está se referindo ao ex-prefeito Paulo Maluf?

    Haddad: Eu não quero citar nomes. O mandato é tão longo que alguns resolveram encurtá-lo, para um ano e meio, disse o prefeito, na direção do ex-prefeito José Serra.

    Vera: O sr. deixou de ser um trampolim para se tornar um 'afasta eleitor' em São Paulo (referindo-se ao índice de 18% de ótimo e bom para a gestão dele pelo Datafolha)?

    Haddad: O meu mandato é de quatro anos. Já ouvi essa pergunta várias vezes, no ano passado. Diziam que eu não sairia dos 3% de intenções, que eu não chegaria ao segundo turno. Mas cheguei.

    Abaixo, notícia anterior:

    247 - O prefeito Fernando Haddad chegou à sede da PUC, em São Paulo, pouco antes das 18h00, para participar da sabatina UOL/Folha de S. Paulo.

    247 cumprimentou o prefeito à chegada.

    -Preparado para o debate?

    "Preparado a gente nunca está", disse Haddad, bem humorado. "O sr. quer abordar alguma tema específico?". "Vamos ver o que vai sair", respondeu.

    Em seguida, no camarim do anfi-teatro da PUC, ele foi recebido pela jornalista Vera Magalhães, da Folha.

    São 18h09, a sabatina vai começar. Haddad se senta entre os jornalistas escalados pelo jornal e o portal: Vera, Vinicius Torres Freire, Diogo Oliveira e Alencar Isidro. Perguntas podem ser feitas por escrito. Antes, ajustaram-se os microfones. Voz no anfiteatro pediu testes de voz, um a um. Geração iniciada às 18h11.

    Acompanhe aqui.

    Primeira pergunta sustenta que Haddad, depois das manifestações de junho, deu "uma guinada" a favor dos transportes coletivos.

    "Não foi propriamente uma virada, vamos poderar", rebateu Haddad. "Transporte coletivo foi ponto central da nossa campanha, estava em sintonia com esses sentimentos. Incluía faixas de ônibus exclusiva e bilhete único mensal", completou. "O transporte ocupou a agenda de quase todos os candidatos competitivos", afirmou. "Nós tínhamos o diagnóstico correto".

    Vera Magalhães: "O sr. subestimou a questão dos reajustes, que não foram dados em janeiro?"

    Haddad: "Houve um pedido a mim e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes, concordamos em não dar o reajuste, tendo em troca uma desoneração no setor. Quando demos o aumento, foi menor do que teríamos dado antes. Reajuste foi menos da metade da taxa de inflação no período".

    Pergunta: Cortar a taxa de inspeção veicular foi uma clara opção pelo transporte individual...

    Haddad: Temos 15 mil ônibus, que transportam dois terços dos trabalhadores, e cinco milhões de carros, que transportam um terço dos trabalhadores. Não dar prioridade para a abertura de faixas exclusivas me parece um contra-senso.

    Vinicius Freire: Por que não o pedágio urbano em São Paulo?

    Haddad: Acho a medida antipática. Penso que o uso da Cide (Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico) para subsidiar o transporte público, que solitariamente eu lancei em março, é a ideal. Propus que o transporte individual financie o transporte público.

    O prefeito, ao completar a resposta, afirmou que a utilização da Cide para subsidiar o transporte coletivo é deflacionária.

    Pergunta: O sr. chegar por algo pior durante as manifestações?

    Haddad - O prédio da Prefeitura chegou a ser atacado. A Polícia Militar demorou duas horas para chegar até lá. Havia muito vandalismo, pessoas estavam machucadas. A manchete do Uol dizia que nós tínhamos recursos para bancar a redução no aumento da tarifa. Aquela informação era muito prejudicial, num momento de muita violência, aquilo poderia gerar mais problemas. Eu liguei para corrigir. Acho que é um dever.

    Haddad - As que as manifestações mostraram que é preciso rever o pacto federativo. Já disse no PT que os usuários dos serviços públicos têm interesses difusos, muito difíceis de lidar. Inclui mobilidade urbana, segurança pública, que esteve implícito em todos os protestos.

    - Se o sr. fosse estudante, qual bandeira carregaria?

    Prefeito: A da Educação. Acho que a Educação está na raiz da solução de todos os problemas.

    Vera Magalhães: O sr. fez um diagnóstico errado sobre as finanças de São Paulo em sua campanha, porque o sr. estava muito otimista.

    Haddad; Não, fiz o diagnóstico certo. Agora, vamos passar a contar com o apoio do governo federal. Amanhã, São Paulo faz as pazes com o governo federal. Vamos lançar o PAC em São Paulo, com uma série de obras, recuperando o tempo perdido, por exemplo, para o Rio de Janeiro. Vamos lançar isso ao lado da presidente Dilma.

    - Havia uma briga para se fazer as pazes agora?

    Haddad - São Paulo não fazia os pedidos certos. E a cidade fez um péssimo acordo de renegociação de dívida, com 57% de juros. A presidente Dilma foi sensível a esse problema e fez uma troca de indexador que não irá valer apenas para São Paulo, mas para muitos Estados e municípios.

    Pergunta da platéia: "Quantas vagas de creche o sr. vai criar?"

    Haddad: Já localizamos 86 terrenos e vamos encontrar outros 86. A partir daí, vamos licitar as obras. O que o Cesar Calegari (secretário municipal da Educação) fez chegar aos empresários que se ele quiserem construir creches, poderão ser ressarcidos no investimento pelos programas federais.

    Vera, retomando a questão do Bilhete Único Mensal: Esse programa, promessa de campanha, subiu no telhado?

    Haddad; A princípio, está mantido para novembro. Mas temos uma equação para resolver que não existia. Mas, a princípio, vamos inaugurar em novembro deste ano.

    Vera; Abre a caixa preta dos transportes aqui para a gente, existe uma máfia dos transportes?

    Haddad: É um setor muito complexo. No governo Marta, vi como foi difícil criar uma relação estável e de confiança com esse segmento. O Bilhete Único, implantado pela Marta, passou a nos dar segurança sobre a receita. Acabou o uso de dinheiro vivo dentro do ônibus. Agora, precisamos ter segurança quanto as despesas dessas companhias. Antes, com a taxa de juros do governo Fernando Henrique, que era 25% maior que hoje, era até compreensível o empresário de ônibus pedir mais na taxa de retorno, mas hoje 10% de taxa de retorno é algo cabível. Isso é menos do que antes.

    Pergunta: O sr. aceitaria 8% de taxa de retorno?

    Haddad: Gostaria, mas o problema é mais complexo. A produção dos ônibus é muito concentrada. Você tem a Marco Polo e a Caio que produzem carrocerias. Há um modelo oligopolizado já na produção. Há uma barreira de entrada de novos atores no mercado. Quem é que tem 5 mil ônibus para vender hoje? Isso não existe. Licitação de transporte é diferente de obra pública. Vêm espanhóis, portugueses, franceses, mas como você faz isso com os ônibus? Não há grupos para participar. Estou me beneficiando do que aconteceu em junho para refletir sobre esse mercado (a propósito do cancelamento da licitação para renovação da frota de ônibus em São Paulo).

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