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Jango foi espionado pela Argentina, diz documento

Para os parentes do ex-presidente, o material encaminhado à Comissão Nacional da Verdade (CNV) reforça a tese de que o ex-presidente foi assassinado pela ditadura, na chamada Operação Condor

Para os parentes do ex-presidente, o material encaminhado à Comissão Nacional da Verdade (CNV) reforça a tese de que o ex-presidente foi assassinado pela ditadura, na chamada Operação Condor (Foto: Roberta Namour)
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Luciano Nascimento
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Parentes do ex-presidente João Goulart entregaram ontem (19) à Comissão Nacional da Verdade (CNV) documento que comprova que o ex-presidente era alvo de vigilância da Operação Condor.

No documento consta que o 3º Exército pede para o governo argentino monitorar atividades de Jango e outros brasileiros. Para os parentes do ex-presidente, o material reforça a tese de que o ex-presidente foi assassinado pela ditadura, na chamada Operação Condor. "Este documento nos ajuda a rever a história do Brasil. Vemos muitas informações distorcidas que dizem que a operação não existiu. Para nós [parentes] o documento caracteriza que o ex-presidente era sim vigiado pela Operação Condor", disse João Vicente Goulart, filho de Jango.

João Goulart governou o Brasil de 1961 até ser deposto pelo golpe militar de 1964. Ele morreu em dezembro de 1976, na Argentina, oficialmente de ataque cardíaco. A família suspeita que ele foi envenenado a mando da ditadura.

No documento, datado do dia 24 de março de 1976, o 3º Exército solicita a cooperação do governo argentino para vigiar os que chama de "subversivos brasileiros na República Argentina", entre eles o ex-presidente. "Ele [João Goulart] não recebeu da ditadura nem o tratamento de ex-presidente", disse João Vicente.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), integrante da Subcomissão de Memória, Verdade e Justiça do Senado disse que o documento ajuda a fazer uma "exumação da verdade", em referência à exumação do ex-presidente ocorrida em novembro para tentar esclarecer a causa da morte de Jango. "Documentos como este trazem a verdade, que é o que nós buscamos; sem revanchismo. Eles trazem luz para determinados acontecimentos e essas informações dão conta de que é preciso aprofundar as investigações sobre a Operação Condor", disse Rodrigues que também defendeu a prolongação dos trabalhos da CNV.

Para a integrante da CNV, Rosa Cardoso, que coordena o grupo de trabalho da comissão que estuda a Operação Condor, os documentos vão ajudar a sociedade brasileira a entender melhor o que aconteceu durante a ditadura militar. "Há uma parte da sociedade brasileira que não conhece esta história. E o documento [recebido hoje] mostra, para que não haja dúvidas de que estes fatos aconteceram, é que houve uma conexão repressiva coma Argentina, mesmo antes do golpe militar naquele país", disse.

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