Janine Ribeiro critica o 247 por declaração que deu à Rede Brasil Atual
Em post no Facebook, o ex-ministro Renato Janine Ribeito atacou o 247 por frase dele publicada pela Rede Brasil Atual e se disse "cansado de mentiras". Na RBA, a declaracão atribuída a Janine é a seguinte: "As declarações de Alckmin e Doria são absurdas. Há rivais que não conseguem ter uma posição civilizada nem numa situação como essa. Têm posições de brutamontes". Ao publicar a matéria, o 247 apenas reproduziu a mesma declaração e, agora, aguardamos uma posição de Janine Ribeiro sobre o que motivou seu ataque
247 – O ex-ministro Renato Janine Ribeiro postou um duro ataque ao 247, em seu Facebook, por declaração que deu à Rede Brasil Atual. "O Brasil 247 pega uma frase que é minha e inclui uma frase que não é minha: que 'Alckmin e Doria' têm posição de brutamontes. Cansado de mentiras", postou Janine.
O professor se referia a uma reportagem que o 247 reproduziu na íntegra da Rede Brasil Atual, que traz a seguinte declaração a ele atribuída. "As declarações de Alckmin e Doria são absurdas. Há rivais que não conseguem ter uma posição civilizada nem numa situação como essa. Têm posições de brutamontes."
Já fizemos contato com Janine para que ele esclareça se deu ou não tal declaração à Rede Brasil Atual – que permite o compartilhamento de seus conteúdos com veículos parceiros – e para que se posicione sobre o ataque injustificado que fez ao 247.
O título dado pelo 247 também foi idêntico ao feito pela RBA, conforme as imagens abaixo:
Abaixo, a íntegra da reportagem da RBA:
Eduardo Maretti, da RBA - "Hoje, não se tem a menor ideia do que vai acontecer. Por exemplo, as decisões são pautadas no Supremo Tribunal Federal de maneira totalmente confusa. A presidente coloca o que quer. Em vez de discutir a questão geral da segunda instância, decidiu discutir o caso Lula, dando nome, endereço e CPF a uma discussão que não é do Lula, mas uma discussão de princípio. Nessa situação, passa-se a ter uma falta total de parâmetros." O desabafo é do ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, após o ataque que atingiu dois ônibus da comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Laranjeiras do Sul, no Paraná, na noite de ontem (27), com quatro tiros.
"Pode-se imaginar que pode até piorar, e ocorrer em algum momento um assassinato", diz. Além do "relativo conformismo" da sociedade como um todo, diante de um episódio de tal gravidade e frente à crise do país, Janine Ribeiro se diz "espantado" com as declarações de lideranças políticas como o governador Geraldo Alckmin e o prefeito de São Paulo, João Doria, ambos do PSDB. "As declarações de Alckmin e Doria são absurdas. Há rivais que não conseguem ter uma posição civilizada nem numa situação como essa. Têm posições de brutamontes."
Alckmin afirmou que "eles (o PT) estão colhendo o que plantaram". Já o prefeito avaliou que "o PT sempre utilizou da violência, agora sofreu da própria violência".
Para Janine Ribeiro, a situação extrema, assim como a manifestação de Alckmin e Doria, mostra a fragilidade e imaturidade da democracia brasileira. "Se nossos costumes políticos fossem mais maduros e exigentes, Alckmin não teria jamais a coragem de dizer o que disse. Nem uma pessoa como Bolsonaro estaria colhendo tantos trunfos e vitórias, se os valores democráticos estivessem fortes no país."
Mas se a polarização da sociedade chegou a tal extremo, com o ataque à comitiva de Lula, o momento requer questionamentos. "A violência física mostra que estamos chegando ao nível da força e isso já acontece há algum tempo. Logo depois do golpe, houve ataques a tribos indígenas no Mato Grosso do Sul. Com o assassinato da Marielle impune, a sensação que muita gente tem é a de que o crime compensa", diz o filósofo.
As instituições, a começar do STF, não estão fazendo sua parte para superar a crise que vem crescendo desde o impeachment. Nessa conjuntura, onde o tecido institucional do país se esgarça mais e mais, a perda de referenciais básicos "é tão grande que, 'se Deus não existe, tudo é permitido', como disse Dostoiévski", diz Janine Ribeiro, em alusão ao romance Os Irmãos Karamázov. "Substitua Deus por princípios de convívio, pela Constituição, pela legalidade, e você tem uma situação em que não há mais referências na sociedade. A lei, a própria Constituição, a educação, o respeito ao outro, tudo isso sumiu, e estamos numa situação quase de guerra de todos contra todos."
Contrapontos
O professor de Ética e Filosofia Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP) destaca ainda a necessidade de fazer "contrapontos". Por exemplo: considerando que, desde 1994, o país passou por momentos de otimismo, no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, nos dois mandatos de Lula e na primeira metade do primeiro mandato de Dilma Rousseff, então, desde 1994, os tempos de pessimismo foram apenas nos quatro anos do segundo mandato de FHC e no período de 2013 a 2014 para cá. "Isso dá cerca de nove anos. Tivemos 15 anos de um Brasil quase eufórico, com o Plano Real, com os anos Lula, que se prolongaram um pouco no governo Dilma. Quero dizer que, apesar disso, a sociedade brasileira não teve ter maturidade para saber que num momento difícil tem que ter forças internas", analisa.
Sinal disso é o número de pessoas que dizem que não vão mais votar e que desprezam a política. "Como se isso adiantasse alguma coisa. As soluções passam por uma participação social maior, e não menor."
Outro grande problema, diz Janine Ribeiro, é que a esquerda não tem demonstrado sabedoria para encontrar caminhos. "Nosso lado também não tem feito grande coisa. Está realmente se dispondo a enfrentar tudo isso e a lutar para não deixar mais as coisas acontecerem? Também não está. Teve a condução coercitiva (de Lula), os grampos ilegais, e agora tem a ameaça de prisão. E tudo isso aconteceu sem que houvesse, em nenhum momento, uma reação à altura, um basta. O que surgiu diante disso tudo?"
Segundo ele, nem estratégias radicais como a construção de uma frente ampla em prol da democracia, por exemplo. "Não se chega a um acordo, do ponto de vista da esquerda. Quando até o Reinaldo Azevedo condena um processo contra o Lula, você tem possibilidade de ampliar apoio para outros setores que são contra o golpe. Mas o fato é que não se consegue organizar propostas."
Com tudo isso, o cenário, na opinião do professor, é obscuro. "É óbvio que vão impedir de todo jeito a volta do PT. Haverá qualquer pretexto. Já indiciaram o Jacques Wagner para evitar que concorra no lugar de Lula, e começaram a lançar suspeitas sobre o Fernando Haddad. Está na cara que é realmente um grande golpe."
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