HOME > Geral

Jogos Olímpicos. O que é o “cupping”, a técnica das ventosas?

A técnica das ventosas, utilizada pelo nadador Michael Phelps, é muito antiga e ainda bastante controvertida. Mas há quem goste e não abra mão dela.

Jogos Olímpicos. O que é o “cupping”, a técnica das ventosas?

 

 

Por Thomas Delozier – Le Figaro

 

No domingo à noite, na final do revezamento de 4X100 do nado livre, o super campeão Michael Phelps causava sensação. Com as costas e os ombros recobertos por misteriosas marcas escuras circulares, de tonalidade violeta, ele não escondia ser usuário do “cupping” ( a “técnica das ventosas” ou “ventosaterapia”, em português). Uma prática terapêutica pouca conhecida e até hoje controvertida.

A técnica consiste na colocação de ventosas sobre zonas vasculares específicas ligadas à tensão ou à fadiga muscular. Retirando-se o ar da ventosa, forma-se um fenômeno de aspiração, similar ao de uma seringa, acarretando uma descongestão que libera a circulação. Cada sessão dura apenas alguns minutos, vinte minutos no máximo. “Disso resulta um efeito analgésico que pode ser muito importante para os esportistas, bem como aquelas marcas violeta-escuro que mais parecem chupões”, explica o médico francês Daniel Henry, autor do livro “A medicina das ventosas”, publicado pelo editor Guy Trédaniel. Com esta técnica, o tempo de recuperação pode ser reduzido a apenas um sexta parte do tempo habitual, garante Henry.

Dois tipos de ventosas podem ser usadas. A quente, na qual o ar é aspirado ao se introduzir uma chama no interior da ventosa, ou a fria, que acontece quando usamos sistemas mecânicos de aspiração do ar. Nos casos onde existe sofrimento mais intenso por parte do paciente, a pele é ligeiramente arranhada. Segundo Daniel Henry, “isso permite extrair o sangue e ter um efeito de descongestão inflamatória ao nível da ferida, com alívio imediato da dor”.

 

 

Há controvérsias

“Contrariamente àquilo que muitos acreditam, a técnica das ventosas não é chinesa”, continua Henry. Ele foi praticada de forma universal em todos os continentes, desde há 3 mil anos. Os romanos e os egípcios a utilizavam de maneira completamente empírica, sobretudo para combater reumatismos. A prática foi sendo lentamente abandonada no decorrer do século 20, substituída pelos antibióticos. “Hoje, recomeçamos a utilizá-la porém de maneira muito mais rigorosa e estrita”, prossegue o médico.

Desde o início do século 21, a ventosaterapia começa a voltar à moda. Atrizes de Hollywood como Gwyneth Paltrow e Jennifer Aniston) e esportistas (como o ginasta americano Alex Naddour) se servem dela com assiduidade e a promovem. Mas, apesar disso, trata-se de uma prática controvertida na opinião dos cientistas da saúde. Um estudo chinês, publicado no jornal online Plos, em 2012, analisou 152 publicações científicas sobre os seus efeitos terapêuticos. Resultado, 85% deles possuem falhas metodológicas. Os autores do estudo dizem que serão necessárias pesquisas e testes mais acurados e rigorosos para que se chegue a uma conclusão.

Kevin Rindal, massagista de Michael Phelps, não presta atenção a essas dúvidas: “Existirá talvez uma dimensão psicológica na técnica das ventosas, talvez se trate de um simples efeito placebo. Mas, seja lá o que for, funciona”.

 

Vídeo: "Cupping", a técnica das ventosas