Jovem assassinado pela mãe foi espancado dias antes de morrer
Um dia antes de desaparecer, o jovem Itaberli Lozano, de 17 anos, foi vítima de espancamento que o deixou com hematomas em várias partes do corpo; no dia seguinte à surra, ele postou no Facebook um texto acusando a mãe de ser a mandante das agressões; "No momento estou em Franca, onde ficarei, pois ela deu ordem a todos os meninos para que quando me verem me bater", postou ele; em depoimento, a mãe revelou que matou o filho com três facadas no pescoço
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Os Entendidos, Revista Fórum
Em depoimento, a mãe do jovem Itaberli Lozano, de 17 anos, revelou que matou o filho com três facadas no pescoço. O crime chocou LGBTs em todo o país. Tatiane Ferreira Lozano Pereira, 32 anos, afirmou à polícia que sofria ameaças do jovem. No entanto, segundo esta reportagem apurou, um dia antes do desaparecimento, o rapaz foi vítima de uma sessão de espancamento que o deixou com hematomas em várias partes do corpo. No dia seguinte, Itaberli postou em sua página no Facebook um texto acusando a mãe de ser a mandante das agressões.
Um parente muito próximo de Itaberli, que pediu para não ser identificado, contou que ele fora espancado por três pessoas, mas não soube precisar se a ordem para a sessão de tortura partiu da mãe da vítima. Procurada, a polícia não confirmou se há relação entre o espancamento e o homicídio. Depois de agredido, Itaberli foi morar com a avó, em Franca. Ele voltou para a casa da mãe na véspera do dia do homicídio.
Itaberli comentou as agressões na rede social, e postou fotos da violência sofrida. As imagens fortes mostram o adolescente com cortes ainda sangrando no rosto, nas costas e nos braços. Ao lado, ele repostou uma foto da família aparentemente feliz para celebrar o Natal com o seguinte texto: “Ela deu ordem a todos os meninos para que quando me verem, me baterem. Cuidado com quem vocês chamam de mãe. Na foto parece que a gente é feliz, mas ninguém sabe o que se passa atrás de uma foto”, desabafou o jovem”. Um dia depois, ele apagou a postagem.
Mãe alegou sofrer ameaças
Ao ser ouvida pelos policiais, a gerente de supermercados argumentou que temia ser morta pelo filho, que guardava uma faca no armário do quarto. O parente de Itaberli ouvido pela reportagem, confirmou que o rapaz andava com uma “faquinha no bolso” desde que foi ameaçado por pessoas homofóbicas do bairro, mas tem a certeza que ele jamais faria algo contra a mãe. Tatiana alegou que a orientação sexual do filho não a incomodava, mas disse, no depoimento, que estava contrariada com o comportamento do rapaz. Segundo ela, Itaberli era usuário de cocaína e levava homens com quem se relacionava para casa para fazer uso da droga.
O consumo de cocaína não foi confirmado em depoimento pelo padrasto de Itaberli, que disse ter conhecimento apenas do uso de maconha. Esta versão foi confirmada pelo parente ouvido pela reportagem. “Eu estava sempre com ele. Sei que ele usava maconha, mas cocaína nunca. Estou horrorizado com o que ela disse. Se ele usasse cocaína, com certeza iria me contar”, disse o parente, ainda em choque com o assassinato. “Não consigo entender, não tenho ideia do que possa ter acontecido. Ela (a mãe) dava tudo para ele. Nunca a vi tratando o filho mal por ser gay, pelo contrário, respeitava até demais”.
A gerente alegou que, para se defender do filho, passou também a guardar uma faca perto da porta do quarto do estudante. Na versão da mãe da vítima, ela relatou que o crime foi cometido depois de uma intensa discussão com Itaberli, que terminou em confronto físico. Tatiana conta que aplicou uma chave de braço no jovem para imobilizá-lo, contudo ele conseguiu se soltar. A discussão continuou e ela foi novamente na direção do adolescente, tirou a faca escondida na roupa e desferiu os três golpes contra a vítima, que, surpreendido, não conseguiu se defender.
Neste trecho do depoimento, Tatiana conta como abordou Itaberli antes do assassinato. “(A mãe) resolveu entrar no quarto da vítima, pois ‘não aguentava mais ele’. Afirmou que a vítima encontrava-se sentada no chão e não portava qualquer objeto; ao vê-la entrar, perguntou ‘o que é que você veio fazer aqui’ e ameaçou levantar-se em sua direção. Interroganda (mãe) o interpelou dizendo ‘você está pensando em alguma coisa, né?’”
Além de estudante do ensino médo, Itaberli trabalhava como empacotador no mesmo supermercado onde a mãe era gerente. Havia perdido o pai há quatro anos, em consequência do alcoolismo. Ele e a mãe chegaram a entrar com pedido de pensão por morte, mas o INSS acabou negando a solicitação.
O jovem estava desaparecido desde o dia 29 de dezembro. A mãe da vítima e o marido, o tratorista Alex Vanteli Pereira, 30 anos, foram indiciados pela polícia por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. O corpo foi encontrado carbonizado no último dia 7. Depois de matar o jovem, ela contou aos policiais que teve a ideia de queimar o corpo para que não ficassem impressões digitais. Eles foram presos no dia de ontem sob forte comoção popular. Muitas pessoas foram para a porta da delegacia ameaçando linchar o casal. A mulher foi encaminhada à Cadeia Pública de Cajuru e o homem à Cadeia Pública de Santa Rosa de Vitebo e, nesta quinta-feira, serão transferidos para um Centro de Detenção Provisória.
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