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    Junte os amigos para entrar no mercado de ações

    Clubes de investimento renem grupos de afinidades para investir e aprender juntos

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    Luciane Macedo _247 - Funcionários de uma empresa multinacional, amigas da academia de ginástica, colegas de trabalho que se divertem nas horas vagas com uma banda de blues, sócios de uma microempresa, amigos de faculdade, uma família com três filhos pequenos, um grupo que se reúne para jogar futebol toda semana. Todos são grupos de afinidades, com pelo menos um interesse ou algo mais em comum. E todos poderiam, também, investir no mercado de ações, em grupo, através de um clube de investimento.

    Os clubes funcionam como porta de entrada no mercado para pequenos investidores, que ou não têm capital suficiente para investir individualmente, seja em ações ou em um fundo de investimento, ou não desejam optar por uma dessas duas possibilidades, mas gostariam de entrar no mercado de outra forma. Com um grupo de, no mínimo, três pessoas (ou 50, no máximo), já é possível constituir um clube de investimento.

    O grupo deve procurar uma corretora, uma distribuidora de títulos ou um banco com carteira de investimento, que devem ser registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), para administrar o clube. A corretora ou administrador escolhido dará todas as orientações ao grupo sobre como criar o clube (documentação necessária) e sobre a escolha das ações a serem compradas. O clube deve ter, no mínimo, 67% em ações -- os outros 33% podem ser títulos de renda fixa, uma boa opção para dar mais segurança aos iniciantes, mas há outras opções de ativos. Os participantes decidem, então, quanto cada um vai investir de dinheiro, quantas cotas o clube terá e quanto vai valer cada uma -- por regra, cada investidor ou cotista do clube não deve deter sozinho mais do que 40% das cotas. Tomadas estas decisões, o próximo passo é definir as "regras do jogo" redigindo o estatuto social do clube, que deverá reger seu funcionamento. Uma vez registrado na BM&FBovespa, a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo, o clube já pode começar a funcionar.

    Em 1996, havia apenas 154 clubes de investimento no Brasil. Até agosto deste ano, o número total de clubes registrados na BM&FBovespa era de 2.926, com quase 121 mil investidores e um patrimônio líquido de mais de R$ 9 bilhões.

    "A essência dos clubes de investimento é possibilitar um primeiro contato com o mercado de ações", diz Marcello Rizzo, consultor financeiro e gerente comercial da corretora Coinvalores. "A crise de 2008 foi um balde de água fria nesse público, mas o investidor aprendeu bastante e ficou mais informado". Segundo Rizzo, é um bom momento para a abertura de novos clubes de investimento. "O maior temor do mercado era de que a crise na Europa se tornasse sistêmica, mas esse temor fica cada dia mais distante com as boas notícias", comenta o consultor. A maioria dos cotistas dos clubes administrados pela Coinvalores investia 100% em ações, diz Rizzo. Com a crise, esses grupos diversificaram seus investimentos com renda fixa. E os clubes que haviam sido desativados estão voltando à atividade agora.

    "Os clubes viabilizam a entrada no mercado do pequeno investidor, que não pode investir sozinho em função dos custos", diz José Alberto Netto Filho, professor de Educação Financeira da BM&FBovespa. "Há uma diluição dos custos, que serão rateados entre os membros do clube". A taxa de administração varia entre as corretoras -- algumas negociam com cada clube. E, para que o investimento valha a pena, quanto maior o capital do clube, melhor será para que essa taxa não incida negativamente sobre a rentabilidade. "Quanto menor o patrimônio do clube, maior será a taxa de administração", indica Hélio Pio, gerente comercial da corretora Ágora. Nem sempre é preciso ter o patrimônio mínimo com que as corretoras operam para a abertura de clubes. Algumas permitem que o grupo comece com um terço desse valor e aumente o patrimônio, com a própria rentabilidade do clube ou novos aportes de capital, em um prazo de seis meses -- é o caso da Coinvalores.

    Além da administração, obrigatória, os clubes têm também um gestor. Geralmente, ele é um membro da equipe de gestão da própria corretora que administra o clube, um profissional qualificado e também registrado na CVM. "O gestor está em contato diário com o clube, mas tem carta branca para tomar decisões na maioria das vezes", explica Rizzo. "Ele tem que estar antenado com o mercado, de hora em hora". Para muitos iniciantes, esse é um dos atrativos dos clubes de investimento: delegar a tomada de decisões a quem entende do assunto. "Quem pretende abrir um clube quer ganhar dinheiro, mas não quer ter trabalho com a tomada de decisões", assinala Hélio Pio, gerente comercial da Ágora Corretora.

    Como o público que procura investir em grupo é muito heterogêneo -- fundamentalistas, grafistas, arrojados, conservadores, entre outros perfis --, existem também os que preferem ter um papel mais ativo no processo decisório. Para eles, a possibilidade de ter a gestão compartilhada é um atraente diferencial. "A gestão pode ser compartilhada através de conference call", diz Rizzo. "O gestor também pode discutir a estratégia de investimento com o grupo a cada 15 ou 30 dias".

    O Ibovespa, principal índice das ações negociadas na Bolsa de São Paulo, é também o benchmark preferencial para medir a rentabilidade dos clubes. Os dividendos e os juros sobre capital podem ser divididos entre os cotistas ou, o que é mais comum, serem reaplicados no clube para comprar novas ações.

    A tributação, 15% de Imposto de Renda sobre o rendimento obtido, só incide no momento do resgate das cotas. "A vantagem é que o investidor pode compensar lucros e perdas ao longo do período em que for cotista do clube", ressalta Pio.

    Outro aspecto que atrai o pequeno investidor é o aprendizado que o clube pode proporcionar aos cotistas através do contato com o mercado e os investimentos regulares. "Os cotistas podem se reunir periodicamente para discutir a rentabilidade da carteira com o gestor", explica o professor da BM&FBovespa. "Além disso, o gestor também entrará em contato com o clube cada vez que houver acontecimentos relevantes no mercado". Para Netto Filho, o processo de familiarização do investidor com a rotina e o funcionamento do mercado acionário através dos clubes é um caminho bastante recomendável para se formar investidores maduros. "A tendência é que esse investidor, ao sair do clube, parta para a carreira solo", diz o professor.

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