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      Meirelles teve aval de Lula para J&F comprar Delta

      Quando disse que “governo foi consultado” a respeito da aquisição, sem dispêndio de recursos, da empreiteira pela holding do agronegócio, José Batista Júnior cometeu um ato falho; o que houve, isso sim, foi uma conversa entre Henrique Meirelles e o ex-presidente Lula

      Meirelles teve aval de Lula para J&F comprar Delta (Foto: Divulgação_Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
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      247 – A ser anunciada oficialmente nesta segunda-feira 14, a compra, sem uso de dinheiro ou qualquer outro meio de pagamento, da Delta Construções pela J&F, holding que controla o frigorífico JBS, teve um ato falho de comunicação. Em entrevista, o empresário José Batista Júnior, principal acionista da ponta compradora, informou que, claro, sem dúvida, o governo havia consultado sobre o negócio. Primeiro o BNDES e, em seguida, o Palácio do Planalto, trataram, em notas oficiais, na semana passada, de desmentir a palavra do empresário. Ficou no ar, então, a dúvida, diante das versões díspares, sobre onde estavam a verdade e a mentira.

      Pode-se atribuir, agora, todo o caso a, digamos, um ato falho. Na verdade, o que aconteceu foi uma conversa a respeito entre o presidente do conselho de administração da J&F, o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este sim foi consultado e deu seu aval, segundo apurou a jornalista Clauda Safatle, do jornal Valor Econômico. O posicionamento de Lula é coerente com sua postura sempre favorável aos movimentos da família Batista. Em seu governo, a BNDESPar tornou-se a maior parceira do grupo, chegando aos atuais 31% de participação na JBS, principal joia da coroa da holding J&F. O aval de Lula, porém, divergiu da posição da presidente Dilma Rousseff, que prefere a alternativa da declaração da Delta como empresa inidônea – o que está prestes a acontecer na seara da Controladoria Geral da União – e absorção de seus contratos no PAC, estimados em R$ 4 bilhões, pelas empreiteiras que com a Delta participavam de consórcios. Uma solução, no entendimento do Planalto, bem mais natural do que a manobra de compra, sem uso de dinheiro, de uma empreiteira por um frigorífico. Amuada agora com Lula, Dilma poderá rir melhor nesse caso – se a empreiteira de Fernando Cavendish for mesmo declarada inidônea, ela perderá seus contratos e, por extensão, o interesse da J&F em seus complicados negócios. Resta avisar ao empresário José Batista Junior que Lula continua poderoso, ok, mas não está mais no governo.

      Abaixo, reportagem de Claudia Safatle publicada na edição desta segunda 14 no jornal Valor Econômico:

      Por Claudia Safatle, Valor Econômico - Um equívoco de interlocução está na origem da troca de notas oficiais e da postura do Palácio do Planalto em relação às negociações para a compra da Delta pela J&F, holding que controla o frigorífico JBS. Desde o início o Planalto informou que não foi consultado e que não aprovava essa aquisição. A Delta está no centro das denúncias de corrupção no esquema de Carlinhos Cachoeira; é responsável por diversas obras do PAC; e deve ser decretada "inidônea" pela Controladoria-Geral da União. Se isso se confirmar ela perderá os contratos existentes com o governo.
      Houve uma conversa do ex-presidente do BC e presidente do conselho de administração da J&F, Henrique Meirelles, mas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme informações que chegaram ao Planalto. Meirelles não falou com ninguém do atual governo, sustentam fontes da Presidência.

      Em entrevista à "Folha de S. Paulo", na sexta-feira, o empresário José Batista Júnior, um dos donos do JBS, garantiu que o governo foi consultado. "Conversa de bêbado, de louco", disse ele, referindo-se à informações de que a presidente Dilma Rousseff não teria sido avisada.

      Assessores da presidente começaram a redigir a nota do Planalto em que deixam claro: "São falsas, portanto, as ilações de que a referida operação teve aval deste governo".

      Em seguida, coube ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, entrar em contato com o grupo empresarial. Após a intervenção do ministro, a J&F divulgou nota em que desautoriza a entrevista de Batista Júnior e diz ainda que as declarações "refletem única e exclusivamente uma opinião pessoal, que está em completo desacordo com os fatos ocorridos".

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