Mensalão tucano: MP-MG consulta PGR sobre pedido de delação de Valério
O Ministério Público (MP-MG) aguarda um posicionamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o pedido de delação premiada do empresário Marcos Valério Fernandes no processo que apura o mensalão do PSDB; de acordo com o promotor de Justiça Leonardo Barbabela, o ofício foi enviado ao procurador-geral, pois a delação envolve "agentes públicos com foro privilegiado"; a assessoria da PGR disse que não pode fornecer qualquer tipo de informação, por se tratar de temática que prevê sigilo; delação de Valério pode comprometer o senador Aécio Neves (PSDB-MG)
Minas 247 - O Ministério Público (MP-MG) aguarda um posicionamento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o pedido de delação premiada do empresário Marcos Valério Fernandes no processo que apura o mensalão tucano. De acordo com o promotor de Justiça Leonardo Barbabela, o ofício foi enviado ao procurador-geral, pois a delação envolve "agentes públicos com foro privilegiado".
A assessoria da PGR disse ao G1 que não pode fornecer qualquer tipo de informação, por se tratar de temática que prevê sigilo.
"Nós informamos [à PGR] que o Marcos Valério procurou o Ministério Público para oferecer delação premiada sobre fatos envolvendo processos em tramitação no estado de Minas Gerais, de competência da Justiça comum, mas mencionou que teria fatos envolvendo competência do Supremo Tribunal Federal, afirmou Barbabela.
Como contrapartida à delação, o advogado Jean Robert Kobayashi informou que pediu a transferência de Valério o para a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de Santa Luzia e a redução da pena em processos que tramitam em Minas. Atualmente, empresário está preso na Penitenciaria Nelson Hungria, em Contagem.
Valério, condenado a 37 anos de cadeia no mensalão do PT, está preso desde 2013 em regime fechado. Atualmente, ele responde ao processo do mensalão do PSDB, que corre na primeira instância da Justiça de Minas. De acordo com a denúncia, o esquema teria desviado recursos para a campanha eleitoral de Eduardo Azeredo (PSDB), que concorria à reeleição ao governo do estado, em 1998. O tucano foi condenado em 1ª instância e recorre da decisão.
O empresário também é réu em processo da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. A Justiça aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) pelo crime de lavagem de dinheiro.
Delação pode comprometer Aécio
Valério teria prometido ao MP-MG entregar documentos originais de empréstimos realizados pelo Banco Rural supostamente para financiar campanhas eleitorais e esquemas de corrupção tucanos em Minas Gerais. Ele teria sido incentivado pela defesa do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido-MS) a fazer uma delação para que o parlamentar tenha mais subsídios com o objetivo de provar sua citação à Operação Lava Jato de que houve uma suposta maquiagem de dados do banco. Dessa forma, Delcídio garantiria mais benefícios na redução de sua pena. Foi o que disseram fontes ouvidas pelo jornal mineiro O Tempo no mês passado.
Depois de ser citado por delatores da Lava Jato, dentre eles Delcídio, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, pode ter seu nome citado novamente, desta vez por Valério, justamente pelo incentivo da defesa do parlamentar cassado. Em delação, Delcídio afirmou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na época governador de Minas Gerais, teria atuado no sentido de alterar dados obtidos no Banco Rural pela CPI.
O empresário garantiu ter os documentos para comprovar as acusações e o principal deles é um conjunto de arquivos e extratos bancários que mostrariam o cenário dos empréstimos feitos no Banco Rural e que teriam sido maquiados antes de serem entregues à CPI dos Correios em 2005, como afirmou Delcídio. A suposta fraude está em investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), em um inquérito aberto após a delação do senador cassado.
Aécio já havia dito que as revelações são “mentirosas, que não se sustentam na realidade e se referem apenas a ouvir dizer de terceiros”.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: