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Mistérios do Alzheimer. Ninguém sabe exatamente o que provoca a doença

No cérebro, a estrutura chave da memória é a primeira afetada. Sabe-se que, na sua forma hereditária, que é raríssima (0,1% dos casos), a doença está relacionada às mutações de genes que influenciam o acumulo do peptídeo amiloide. Fora isso, pouco se sabe a respeito de como o mal se instala e por que ele varia tanto de caso para caso. 

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Por Anne Lefèvre-Balleydier - Le Figaro Santé

Embora a origem exata da doença de Alzheimer continue desconhecida, duas pistas estão sendo exploradas por pesquisadores. No cérebro dos doentes observa-se de fato uma grande quantidade de “depósitos amiloides”, também denominados “placas senis”, que se formam por acumulação de um pedaço de proteína (peptídeo amiloide) na parte externa dos neurônios. Outras proteínas ditas “tau” estão igualmente presentes em excesso: elas se agregam sob a forma de filamentos no interior dos neurônios, e por isso são chamadas de lesões neurofibrilares. Apesar de não restarem dúvidas que essas duas anomalias caracterizam a doença de Alzheimer, não há nada ainda que  permita estabelecer  o que as desencadeia, nem as conexões existentes entre elas.

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Sabe-se que, na sua forma hereditária, que é raríssima (0,1% dos casos), a doença está relacionada às mutações de genes que influenciam o acumulo do peptídeo amiloide. É a partir dessa constatação que, no início dos anos 1990, os cientistas pensaram numa “cascata amiloide”. Segundo esta hipótese, tudo começaria por um descontrole dos processos chaves, responsáveis por regular a produção e a eliminação desses peptídeos. Eles acabariam então por se acumular e formar placas tóxicas para os neurônios, alterando então o funcionamento do cérebro.

Uma evolução muito lenta

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Problema: se as moléculas desenvolvidas para combater esses efeitos se revelam capazes de diminuir a densidade das placas senis, elas não impedem o declínio da memória e das funções cognitivas. É possível que seja por causa da escolha dos voluntários que participaram dos testes clínicos: os remédios são realmente administrados a pessoas que apresentam os sintomas e ,portanto, já num estágio avançado da doença.

Mas, como observado por Luc Buée, responsável por uma equipe de pesquisa sobre Alzheimer no Instituto Nacional de saúde e da pesquisa médica (Inserm) de Lille, “é um pouco como tirar o gatilho do revólver depois de atirar”. A doença evolui de forma muito lenta, estendendo-se ao longo três grandes fases.

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A primeira, de acordo com um estudo recente, se estenderia por vinte a trinta anos, é infelizmente desprovida de sintomas, o que prejudica um diagnóstico precoce. Durante esta fase, os peptídeos amiloides e as proteínas tau começam a minar o cérebro. Eles começam por atacar o córtex entorrinal, perto do hipocampo, “o pedágio da rodovia das lembranças” segundo o neurologista Bruno Dubois, diretor de uma equipe Inserm sobre as doenças do cérebro em Paris.

Em seguida, vêm os primeiros sinais, quando o hipocampo e certas áreas do córtex temporal são, por sua vez, invadidos por lesões. Trata-se primeiramente de simples lapsos de memória sobre fatos recentes, ou dificuldades em encontrar certas palavras, em planejar atividades e executar tarefas complexas.

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Em seguida, as lesões chegam ao córtex associativo, assim como nas áreas do cérebro responsáveis pelo reconhecimento visual, pelos gestos, pela linguagem, etc… A partir daí, os distúrbios se agravam: perda das referências espaciais e temporais, discurso incoerente, ausência de reconhecimento de objetos corriqueiros, fazendo-se necessária a assistência de um terceiro. É essa perda de autonomia que, para os médicos, delineia o começo da demência.

Hipertensão, diabetes e obesidade

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Na parte biológica, os pesquisadores demonstraram que é possível viver por vários anos com placas senis, mas sem sintomas. Por outro lado, as lesões neurofibrilares são sempre acompanhadas por um declínio cognitivo. Atualmente, os cientistas procuram então entender as conexões entre placas senis, lesões neurofibrilares e doença de Alzheimer, continuando a trabalhar em paralelo com as moléculas, capazes de derrotar as proteínas tau. Como por exemplo, o trabalho liderado pelo Prof. Étienne-Émile Baulieu sobre uma proteína chamada “FKBP52”, naturalmente presente, principalmente no cérebro, que seria capaz de bloquear ou corrigir a proteína tau.

Mas os esforços se concentram também em outra frente. Incapazes de frear a doença, os pesquisadores esperam de fato reduzir os fatores de risco. Dois estão especialmente em foco. No camundongo, a equipe de Luc Buée tem demonstrado que a obesidade aumenta os riscos de lesões neurofibrilares e as perdas de memória. E por outro lado, sabemos que os riscos cardiovasculares ligados a outros fatores (hipertensão, diabetes, obesidade, nível de colesterol), favorecem a doença de Alzheimer nas pessoas idosas. São várias novas pistas para atrasar o surgimento desta terrível doença.

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BOM SABER

> Estima-se  em cerca de 850 mil o número de pessoas afetadas pelo Mal de Alzheimer ou por doenças aparentadas, na França.

> A expectativa média de vida após o diagnóstico é de 8,5 anos, mas varia de 3 a 20 anos dependendo da pessoa.

> O diagnóstico de Alzheimer é geralmente feito antes da fase de demência, graças a testes de memória, cuja realização constitui o primeiro sintoma.

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