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Mittal avisa: Arcelor agora quer lucrar antes de crescer

Terceiro homem mais rico do mundo, o indiano que comanda a maior produtora de aço do mundo diz que a prioridade atual é lucrar mais, não a expansão dos negócios. Empresa tem quatro usinas em Minas: em Sabará, Monlevade, Juiz de Fora e Itaúna

Mittal avisa: Arcelor agora quer lucrar antes de crescer

Minas 247 - Má notícia para o Brasil e, sobretudo, Minas Gerais. A ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo (em volume), avisa que deverá dar uma brecada nos investimentos. Crescer, agora, deixou de ser prioridade.

A menina dos olhos do empresário Lakshmi Mittal passou a ser “lucratividade”. Surpreendente vindo de quem vem: Mittal, fundador e diretor-presidente da ArcelorMittal, já é um ícone deste século. Indiano, virou o terceiro homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em R$ 50 bilhões.

A Arcelor possui vários negócios no Brasil. Na produção de aços longos, tem quatro usinas em Minas Gerais: em Sabará, Itaúna, João Monlevade e Juiz de Fora. 

Confira abaixo trecho de reportagem do jornal americano The Wall Street Journal:

Lakshmi Mittal, um dos empresários mais audaciosos da história da indústria do aço, moderou suas ambições.

Mittal, fundador e diretor-presidente da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo em volume, disse ao The Wall Street Journal que seu objetivo agora é aumentar os lucros em vez de crescer agressivamente através de investimentos na China, na Índia e em mineração - o plano dele quando criou a companhia em 2006.

No momento da fusão que originou a gigante sediada em Luxemburgo, "nós tínhamos certas expectativas [...] sobre o mercado e o crescimento que não se concretizaram", disse o executivo de 62 anos.

Em 2006, Mittal engendrou a maior fusão do setor até hoje com a aquisição do conglomerado europeu de aço Arcelor SA, sediado em Luxemburgo, pela Mittal Steel Co., que tem sede em Roterdã, na Holanda, por US$ 33 bilhões. Na época, Mittal previu que construiria uma potência capaz de produzir 120 milhões de toneladas de aço por ano, conquistar os mercados da Índia e da China e abrir novas e imensas minas de minério de ferro.

Mas, em vez disso, a ArcelorMittal fez apenas pequenas incursões na China e na Índia. A produção atual gira em torno de 90 milhões de toneladas por ano e a empresa está abordando com cautela investimentos em mineração.

Em outubro, ela divulgou um prejuízo no terceiro trimestre maior que o esperado, de US$ 709 milhões. O resultado incluiu despesas relativas ao proposto fechamento de fundições na Bélgica e na França, bem como a um novo contrato trabalhista que não logrou redução expressiva nos custos de aposentadoria e fundos de pensão.

Mittal está enfrentando a recessão na Europa, onde só 14 das 25 fundições da companhia estão funcionando. No mês passado, seu plano de cortar custos fechando duas fundições ociosas na França levou o ministro da Recuperação Industrial, Arnaud Montebourg, a pedir a nacionalização das plantas onde estão as fundições até que apareça um comprador. Depois de discutir com o governo francês, Mittal desistiu da iniciativa e concordou em investir 180 milhões de euros (US$ 237 milhões) numa fábrica de processamento de aço no local e em manter as duas fundições ociosas em vez de fechá-las.

A dívida da ArcelorMittal, que aumentou em US$ 1,2 bilhão no último trimestre, para US$ 23,2 bilhões, foi rebaixada para o grau de alto risco pela Standard & Poor's em agosto e pela Moddy's em novembro. A Moody's afirmou que a produtora de aço pode não ser capaz de saldar uma dívida em junho, com base na análise que a agência fez dos demonstrativos financeiros e perspectivas da empresa.

"Os programas que temos para melhorar nossas métricas de crédito estão em dia e esperamos ver mais progressos nos próximos meses", disse na semana passada um porta-voz da ArcelorMittal.

Analistas projetam que a companhia pode ter um lucro bem modesto em 2012, se tiver algum, depois de ter lucrado US$ 2,26 bilhões em 2011 e US$ 2,92 bilhões em 2010. Os lucros caíram porque os preços mais altos de matérias-primas como minério de ferro e petróleo se juntaram aos preços mais baixos do aço. Espera-se que a situação dos custos melhore ano que vem, já que os preços das commodities devem cair um pouco.