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Momento econômico

Evolução social é mais importante que manter inflação no centro da meta

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Após o anúncio do resultado do PIB do segundo trimestre, e com os recentes dados da atividade econômica, muito foi dito a respeito, em geral num tom pessimista. As preocupações concentram-se, com alguma razão, no risco daquilo que é o pesadelo de qualquer economia: a estagflação. Ou seja, o risco de vermos a atividade produtiva se retrair fortemente com a inflação ainda alta.

Esse fantasma, de fato, assola as principais economias mundiais, especialmente européias, mas discordo dessas visões pessimistas no caso brasileiro. Acredito nisso por duas razões principais, uma de natureza estrutural e outra conjuntural.

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A estrutural diz respeito ao nosso atual modelo de desenvolvimento. Não é fácil realizar o desafio que nos propusemos há alguns anos: crescer de forma sustentável, com mais inclusão social e redução da pobreza.

Em diferentes momentos da nossa história econômica optamos por um único objetivo a ser perseguido. No Governo Militar escolhemos apenas crescer, seguindo a receita do crescer o bolo primeiro para depois distribuí-lo. No Governo FHC a estabilização foi o objetivo, mas renunciou-se ao crescimento.

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As economias que tem obtido bom desempenho no mundo, como a chinesa, não têm com o mesmo nível de proteção ambiental, trabalhista e social que nós temos. Isso reduz o custo da atividade empresarial nesses países, com claros efeitos sobre seus resultados econômicos, mas a um alto preço para suas populações.

Nós, ao contrário, nos colocamos um desafio maior: crescer, mas apenas se todos se beneficiarem desse crescimento. Isso exige um grande esforço para construção de um estado de proteção social, forte e inclusivo, mais comum aos países desenvolvidos. Nós miramos no estado de bem-estar social europeu e não no modelo chinês.

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Poderíamos reduzir o gasto social, com saúde, educação e combate à pobreza. Talvez com isso reduzíssemos a carga tributária que tantos criticam. Talvez crescêssemos mais, porém de forma desigual e injusta.

Acho até que não cresceríamos, pois o investimento social é a principal causas do surgimento da nova classe média com 40 milhões de brasileiros. Eles passaram a contar com um maior poder aquisitivo e se tornaram uma importante força de consumo da nossa economia.

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Ainda assim, mais do que apenas uma economia forte, queremos uma sociedade forte. E isso com um Estado atuante, combatendo as desigualdades sociais por meio de uma tributação justa para o financiamento de políticas públicas, um direito do cidadão.

Portanto, um crescimento em torno de 3,5% do PIB este ano com uma inflação de 6,5%, ou seja, no limite superior da meta, são ótimos resultados no âmbito do nosso atual modelo de desenvolvimento. Podemos e vamos crescer mais assim que a conjuntura internacional colaborar.

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Gostaria também de chamar a atenção para o comportamento de um dos principais componentes inflacionários, o do grupo serviços. Ele registrou, em média, 6,6% nos últimos anos, tendo acumulando 9% em 12 meses até setembro. Esse grupo é muito influenciado pela política de valorização do salário mínimo. Também reflete um processo comum aos países mais desenvolvidos e menos desiguais: o realinhamento de preços relativos, com valorização crescente do trabalhador.

A pergunta que faço é: devemos abdicar dessa importante evolução social para garantir uma convergência mais rápida para o centro da meta inflacionária? Minha resposta é um sonoro NÃO!

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É claro não devemos ser coniventes com a inflação alta, mal que foi erradicado de nossa realidade após décadas de luta. Mas, nesse sentido, nosso Banco Central tem demonstrado muita competência na condução dos instrumentos anti-inflacionários. Muitos não acreditaram na previsão do BC de que o processo inflacionário perderia fôlego neste último trimestre do ano. E mais, mostraram ceticismo quando o COPOM iniciou a sequência de cortes da taxa de juros, hoje em 11,5% ao ano, já buscando se antecipar a uma maior freada da economia global. Mas o fato é que a inflação têm se comportado como previsto já registrando 7 semanas consecutivas de desaceleração, beneficiada por grupos como alimentos e combustíveis. E a desaceleração do setor produtivo tem ocorrido de forma mais suave que internacionalmente, poupando, principalmente o emprego e a renda das famílias.

É nesse contexto que meu otimismo encontra apoio na situação conjuntural da economia brasileira. Poderia expressá-lo da seguinte forma: o nosso desaquecimento econômico ocorre de forma mais saudável que o das principais economias mundiais.

Um primeiro grande sintoma pode ser visto no nosso mercado de trabalho. Graças a uma boa condução da nossa política econômica, os últimos indicadores que ainda resistem ao quadro recessivo são o emprego e a renda. O fato é que o Brasil continua batendo recordes de emprego. A taxa de desemprego alcançou níveis mínimos históricos de 6% da força de trabalho e este ano já foram criados mais de 2 milhões de novos postos de trabalho. O rendimento real das famílias crescia 3,3% até julho, com bom desempenho seja no emprego formal quanto informal.

Nas economias desenvolvidas, o desemprego e a falta de perspectiva de trabalho e renda são visíveis. Eles constituem em grande parte a causa do clima de indignação e comoção social que observamos. Segundo a OCDE, a taxa de desemprego da Espanha em setembro alcançou 22,6%, a da Irlanda 14,2%, a de Portugal 12,5%, a da França 9,9%, o dos EUA 9,1%, dentre os principais países. Nesse momento de crise é que observamos a importância de políticas voltadas para proteção do emprego e valorização do trabalhador.

Outro aspecto muito positivo de nosso desempenho econômico, que nos distingue de outras grandes economias mundiais, é o fiscal. No acumulado em 12 meses até setembro, o setor público brasileiro, incluindo a União, Estados e Municípios, conseguiu economizar cerca de 130 bilhões de reais ou 3,2% do PIB. Com isso, nosso déficit nominal manteve-se em 2,5% do PIB, valor excepcional quando vemos o forte desequilíbrio fiscal dos outros países.

Em 2010, enquanto registrávamos o mesmo déficit de 2,5% do PIB, a Inglaterra apresentava déficit de 10,3%, os EUA de 8,8%, a França de 8,4%, o Japão de 7,8%, a Índia de 5,5%, a Rússia de 3,9%, dentre outros. E o resultado fiscal brasileiro foi alcançado mantendo-se o ritmo do investimento público, especialmente do PAC que este ano já desembolsou 18 bilhões de reais ou 26% a mais que no ano passado.

É por isso que me mantenho otimista quanto ao nosso desempenho econômico e confiante quanto à ao modelo de desenvolvimento econômico e social que consolidamos nos últimos anos no Brasil.

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