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    MP pede tombamento da antiga sede do DOPS em BH

    Intenção é que os imóveis públicos que funcionaram como centros de repressão ou local de abusos, torturas e mortes provocadas em razão da perseguição política, sejam transformados em espaços de memória dos crimes cometidos no período da ditadura militar brasileira  

    MP pede tombamento da antiga sede do DOPS em BH

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    MPF - A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), órgão do Ministério Público Federal (MPF), em conjunto com parlamentares, representantes da OAB e movimentos sociais que integram a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça de Minas Gerais, oficiou à Secretaria de Estado da Cultura e ao Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte pedindo o tombamento do imóvel onde funcionou o extinto Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) de Minas Gerais.

    Localizada na Avenida Afonso Pena, no Bairro Funcionários, região central da capital mineira, a sede do antigo DOPS abriga hoje o Departamento de Investigação Antidrogas da Polícia Civil deMinas Gerais.

    Para o MPF e demais signatários do ofício, o tombamento constitui uma medida de reparação simbólica pelas violações cometidas pelo Estado brasileiro no período da ditadura militar.

    Nos chamados “Anos de chumbo” (1964 a 1985), a sede do DOPS destacou-se como o principal centro de repressão política em Minas Gerais. A partir da eclosão do golpe militar de 31 de março de 1964, dezenas de pessoas, oriundas de diversas localidades do estado, foram levadas para as suas dependências para serem submetidas a interrogatórios por agentes do Exército Brasileiro e da Polícia Civil e Militar de Minas Gerais, que, invariavelmente, culminavam em abusos e torturas.

    A partir de janeiro de 1970 e até o fim do governo militar, o imóvel passou a abrigar a seção de operações do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI-BH), uma unidade do Exército Brasileiro que, além de empregar militares do exército, utilizou agentes vinculados às Polícias Civil e Militar de Minas Gerais para promover ações de repressão política no estado. Essa unidade do Exército funcionou no terceiro andar do prédio e utilizava a carceragem do DOPSpara a custódia de presos políticos, fato que é de conhecimento público, além de estar comprovado em diversos documentos mantidos sob a guarda do Arquivo Público Mineiro.

    No entanto, lembra o MPF, “a memória coletiva desses acontecimentos vai se perdendo à medida em que o tempo passa, e eles vão se tornando ou um assunto restrito às pessoas que de alguma forma foram afetadas pela repressão política ou ficam limitados a estudos acadêmicos”.

    Por isso, a intenção é que os imóveis públicos que funcionaram como centros de repressão ou local de abusos, torturas e mortes provocadas em razão da perseguição política - de que é exemplo não só a sede do extinto DOPS, mas também a Delegacia de Furtos e Roubos de Belo Horizonte - sejam transformados em espaços de memória dos crimes cometidos no período da ditadura militar brasileira.

    A Lei Estadual nº 15.458, de 12.01.2005, até intencionou transformar a sede do DOPS no Memorial de Direitos Humanos, “destinado à guarda e exposição de material que se refira ou se vincule ao esforço de defesa e preservação dos direitos da pessoa humana”, para que, ao promover a divulgação dos abusos, evitar que “fatos semelhantes se repetissem no futuro”.

    O problema é que, antes da implementação da medida, o governo estadual promulgou nova lei abandonando a transformação do imóvel em memorial. Passados oito anos, nada mais foi feito nesse sentido.

    Outros centros de repressão - Nos ofícios encaminhados na semana passada, os signatários pedem que a transformação da antiga sede do DOPS em centro de referência e memória tenha a participação da sociedade civil, de ex-presos políticos e dos familiares de militantes mortos e desaparecidos.

    Foi pedida também a criação, no âmbito estadual e municipal, de uma política de preservação da memória da história recente do país, abrangendo todos os locais que funcionaram como centros de repressão na capital e em cidades do interior, entre eles, a sede do Colégio Militar do Exército Brasileiro, em Belo Horizonte, a Colônia Penal Magalhães Pinto, em Ribeirão das Neves/MG, a Penitenciária de Linhares, em Juiz de Fora/MG, a Colônia Penal Krenak, em Resplendor/MG, e a Colônia Penal Indígena da Fazenda Guarani, em Carmésia/MG.

     

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