MPF processa chefe do MP goiano. Coisa de irmãos
Denúncia de atendimento a pedidos do senador Demóstenes Torres, seu irmão, para beneficiar Carlinhos Cachoeira resulta em representação criminal contra procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres
Goiás 247 – Questionado dentro do Ministério Público de Goiás por desconfianças na relação com seu irmão, Demóstenes Torres, que ‘vendia’ facilidades para Carlinhos Cachoeira dentro, e por pouco fazer nas últimas semanas para investigar o governador Marconi Perillo (PSDB), coisa que só ele podia fazer, o procurador-geral de Justiça do Estado, Benedito Torres, é agora alvo do Ministério Público Federal.
Reportagem de hoje no Diário da Manhã, assinada pelo repórter Hélmiton Prateado, informa que o MPF ajuizou representação criminal contra Benedito. A seguir, a íntegra da reportagem.
MPF processa Benedito
Hélmiton Prateado
O Ministério Público Federal ajuizou uma representação criminal contra o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, irmão do senador Demóstenes Torres (sem partido). A ação é de competência privativa da Corte Especial do Tribunal de Justiça e tramita em segredo de Justiça.
A representação veio da Procuradoria-Geral da República com todos os anexos da Operação Monte Carlo em que aparecem referências feitas ao chefe do MP goiano, Benedito Torres. A denúncia foi distribuída para ao desembargador Leandro Crispim, que está de férias. Seu substituto legal, desembargador Benedito Soares de Camargo Neto, deverá deixar de oficiar no caso, declarando-se impedido: logo após se formarem ele e Demóstenes foram sócios em um escritório de advocacia.
Em diversas passagens gravadas pela Polícia Federal com autorização judicial surgem conversas entre o senador Demóstenes Torres e o empresário Carlinhos Cachoeira. Na maioria delas Cachoeira pede a Demóstenes, que também já foi procurador-geral de Justiça, que interceda junto a seu irmão para defender interesses do grupo.
Conversas degravadas pela PF mostraram que Demóstenes era sempre solícito a Cachoeira em pleitos para provocar ações do MP e de Benedito. As mais significativas foram as vezes em que Carlinhos e Demóstenes pediram para que Benedito se reunisse com um grupo de vereadores de Goiânia, opositores ao prefeito Paulo Garcia, que faziam denúncias sobre atividades da prefeitura.
Fontes da procuradoria da República em Goiás, de onde se originou a coleta de provas da Operação Monte Carlo disseram com exclusividade ao DM que o envolvimento que Demóstenes arrastou seu irmão Benedito é altamente comprometedor. “Demóstenes não se contentou em colocar seu mandato a serviço de Cachoeira, ele usou o cargo do irmão que ajudou a nomear para atender seus interesses e de Cachoeira”, frisou um procurador.
Em julho do ano passado a PF gravou uma conversa entre Carlinhos Cachoeira e Demóstenes versando sobre as denúncias que vereadores ligados a Cachoeira haviam feito na Câmara Municipal. Demóstenes se prontificou a intermediar que o irmão, chefe do MP, se reunisse com os vereadores Elias Vaz (Psol), Santana Gomes (PSD) e Geovani Antônio (PSDB). Benedito aceitou esse e outros pedidos de Demóstenes e depois que o caso veio a público disse que seu irmão abrira “uma cicatriz” em seu coração.
Em outra ocasião o diretor regional da Delta, Cláudio Abreu, pediu a Carlinhos e esse repassou o pedido a Demóstenes para que Benedito intervisse junto ao promotor Rodnei da Silva, que supostamente estaria montando um factóide em Catalão junto com o deputado estadual Jardel Sebba para ser usado nas eleições desse ano. Em expressões fortes Cláudio diz que a ação do MP de Catalão seria sem fundamento e que o contrato seria sem reparos.
Investigação
A Procuradoria da República não tem atribuição para agir no Tribunal de Justiça de Goiás. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, havia pedido ao Supremo Tribunal Federal que investigasse a responsabilidade criminal de Benedito Torres em atender aos pedidos da dupla Cachoeira/Demóstenes. O relator do caso no STF, ministro Ricardo Levandowski negou o pedido e forçou a PGR a representar contra o PGJ ao Tribunal de Justiça.
Na tarde de ontem uma funcionária da Corte Especial do TJ levou a contra-fé à Procuradoria da República em Goiás e informou que a corregedoria do Ministério Público de Goiás receberá as cópias e a representação para atuar de forma privativa na representação criminal. Procuradores ouvidas pela reporgatem disseram ser possível que seja pedido o afastamento liminar do procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres Neto, por suspeição das ações com Demóstenes e Cachoeira.
A reportagem procurou Benedito Torres para apresentar sua versão. Através de sua assessoria ele informou não ter ciência da representação e disse não discutir o teor por se tratar de segredo de Justiça.
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