Na surdina, vereadores aumentam seus salários em 35%

Goiás 247 _ Numa manobra bem articulada, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou aumento de 35,5% para os próprios vereadores e prefeito em votação realizada na quinta-feira (9). Alguns vereadores contra a aprovação do projeto afirmaram que a votação foi feita “na surdina”. O salário de prefeito salta de R$ 18,4 mil para R$ 26 mil; o rendimento é maior que o da presidente da República, Dilma Rousseff. Os vereadores passarão a ganhar R$ 15 mil. A matéria agora será encaminhada ao prefeito para sanção ou veto e posteriormente publicada no Diário Oficial do município.

Todo o processo em torno do projeto de lei é polêmico, pois ele foi colocada na pauta de votação de forma silenciosa e ainda recebeu prioridade para a votação. Além disso, os votos não foram nominais, assim não é possível saber quem votou a favor, o que gera menos desgastes aos vereadores. A votação mereceu reparos dos vereadores contrários à matéria. Elias Vaz, do PSOL; Geovanni Antonio, do PSDB e Virmondes Cruvinel Filho, do PSD; criticaram a maneira como o vereador Clécio Alves, do PMDB, que presidia a sessão, colocou o projeto em votação. “Fomos pegos de surpresa. Funcionou o rolo compressor do Prefeito nesta Casa“, reagiu Geovanni. Constam ainda da lista de votantes contrários ao aumento os vereadores Paulo Borges, do PMDB, e Simeyzon Silveira, (PSC).

O vereador petista Djalma Araújo afirmou em seu perfil no Twitter que vai recomendar ao prefeito Paulo Garcia que barre o projeto de lei. “A votação deixou muitas dúvidas quanto a sua legalidade.Por isso irei articular o veto do prefeito”, disse Djalma. “A votação foi na surdina.Não houve convocação da comissão de trabalho p/ declarar legalidade da lei.Eleitores estão certos em sua indignação”, completou Djalma em seu Twitter. Djalma Araújo ainda criticou a presidência da Câmara. “A presidência esperou o momento certo para dar o bote. Na hora em que vereadores contrários ao projeto não estavam presentes”, escreveu o petista.

Oposição

Em nome da oposição Elias Vaz lamentou a forma como foi feita a votação. “Trata-se de um projeto polêmico e que merecia mais debates, sem contar que 13 vereadores eram contrários a esses subsídios. É uma indecência dar aumento aos vereadores, secretários e prefeito em 35,5%, enquanto que o servidor público recebe 5,10%. É desmoralizante”.

o vereador Clécio Alves rebateu as críticas dos colegas pela forma como conduziu a votação. Segundo ele, não houve “nenhuma manobra da Mesa. A votação foi correta. A inversão de pauta foi aprovada. A maioria aprovou o projeto. Ademais, a matéria foi colocada em discussão, mas ninguém pediu para discuti-la. Ou seja, tudo correu dentro da normalidade de uma votação, mesmo que polêmica”.

O presidente da Câmara, Iram Saraiva, do PMDB, disse que o projeto da Mesa cumpre apenas uma formalidade legal, constitucional. “A fixação desses subsídios é uma exigência da Constituição Federal”, reafirmou. Atualmente, os vereadores de Goiânia percebem um salário de R$ 11.082,00, que vigorará até 31 de dezembro deste ano. Esse vencimento foi reajustado em 4,15% a partir de maio deste ano. Antes deste aumento, eles recebiam R$ 10.656,12 brutos.