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Neymar, óbvio e mágico

O craque do Santos como Garrincha: absolutamente previsvel. Mas ningum consegue par-lo

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Quem assistiu ao clássico entre Santos e Portuguesa, na noite desta quarta-feira, teve a nítida impressão, aos 40 minutos do primeiro tempo, de estar conferindo um videotape, um replay. O garoto Neymar invadiu a área pela esquerda, desviou para o meio, atraindo dois zagueiros da Lusa, cortou para a esquerda, desnorteando a dupla de marcadores, e bateu de canhota, vencendo o goleiro Wéverton. O segundo gol do craque, aos 4 da segunda etapa, foi parecido: ele guinou para esquerda, enquanto o beque girava no sentido contrário, e tocou de direita no canto esquerdo. A Joia da Vila ainda deu um passe magistral para Leo fechar a goleada por 3 a 0, mas foi seu primeiro tento que dominou, de longe, os comentários pós-jogo. – Lembrou o último gol dele contra o Cruzeiro, no Brasileirão passado, só que do outro lado do campo – lembrou um torcedor. – Foi igualzinho ao segundo que ele marcou contra o Paraguai, no Sul-Americano Sub-20 – emendou outro. Ambos tem razão, pois os três lances em questão, e outros mais, guardam muitas semelhanças. Já é nítida a “assinatura” de Neymar em seus momentos mais letais: na corrida, corta à direita ou à esquerda, quase quebrando a espinha de seus oponentes, e bate em gol ou cruza a bola. Como bom predador, ele gosta e consegue ver seus marcadores pelas costas. Bem, se é esse é o seu “segredo”, por que o camisa 11 do Santos continua a pintar e bordar em campo? Será que os técnicos e zagueiros adversários não vem analisando com o devido rigor o estilo e as características do atacante peixeiro? Não assistem, na TV, aos gols da rodada? Nada disso. O fato é que Neymar é o mais novo membro de uma nobre e rara estirpe do futebol, a dos craques déjà vu. São boleiros que, volta e meia, recorrem a uma mesma jogada e vão fazendo história com a dita-cuja. Mané Garrincha é o mais notório representante dessa escola. Todos, de seus marcadores ao pipoqueiro na porta do estádio, sabiam que o ponta-direita do Botafogo e da Seleção, depois de se postar diante do zagueiro, iria arrancar, geralmente pela direita, em direção à linha de fundo ou à grande área, mas era quase impossível detê-lo. Os suecos constataram isso na final da Copa de 1958, quando o gênio das pernas tortas executou a mesmíssima jogada duas vezes seguidas, cruzando as bolas que deram ao centroavante Vavá a oportunidade de virar o placar no Estádio Rasunda, em Estocolmo, para 2 a 1. Compadre de Garrincha, Nílton Santos chegou a elaborar uma teoria sobre o bote do atacante em seu livro de memórias, “Minha Bola, Minha Vida” (Gryphus, 2000). De acordo com o maior lateral-esquerdo da história do futebol brasileiro, seu colega no Botafogo e no time canarinho explorava sempre o contrapé dos marcadores: se o sujeito estivesse com o equilíbrio centrado na perna direita, o drible seria aplicado à sua esquerda, e vice-versa. O ideal, segundo Nílton, era que o adversário ficasse saltitando à frente de Mané, o que lhe permitiria arrancar sem dificuldades para um lado ou outro. Tal tese, contudo, nunca foi testada em campo, até porque o zagueiro bicampeão mundial praticamente obrigou o Botafogo a contratar o futuro amigo depois que este, ainda à procura de um clube, o fez cair sentado em um treino em General Severiano , nos anos 50. No presente, o maior nome da galeria desses falsos sambistas de uma nota só é Lionel Messi. Eleito o melhor do mundo nas duas últimas temporadas, o atacante do Barcelona e da Seleção da Argentina especializou-se em arrancadas em diagonal, da direita para a esquerda, rumo ao gol. Sua obra-prima foi executada em 18 de abril de 2007 diante do Getafe, no Nou Camp: apanhou a bola no campo de defesa, junto à risca lateral, disparou rumo à área adversária, driblou quatro, passou pelo goleiro e tocou para as redes. Os brasileiros tiveram a oportunidade de assistir, em dezembro, a um “repeteco” do genial lance no último clássico entre os canarinhos e “nuestros hermanos”. No finzinho do jogo, os argentinos roubaram a bola e a entregaram a Messi, que avançou rumo à esquerda e disparou de canhota, na entrada da área. Placar final: Ar gentina 1 x 0 Brasil. Como se vê, Neymar está em ótima companhia no clube dos craques déjà vu. Assista ao vídeo com a jogada clássica de Neymar: E também às jogadas clássicas de Garrincha:

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