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No dia do Maracanazo, Uruguai cala Argentina

No mesmo 16 de julho em que calou o Brasil, o Uruguai de Muslera e Forlan ( esq.) faz correrem lgrimas na Argentina, derrotada nos pnaltis na Copa Amrica; ser que Neymar, que quer o lugar de Messi como melhor do mundo, achou graa?

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No aniversário de 61 anos do Maracanazo, o Uruguai voltou a fazer história. Neste sábado, segurou um empate em 1 a 1 com a Argentina durante os 90 minutos do tempo regulamentar, mais 30 de prorrogação, venceu nos pênaltis por 5 a 4 e eliminou o maior rival da Copa América. No estádio conhecido como Cemitério dos Elefantes, a gigante Argentina enterra o sonho do título em casa. Tevez, jogador mais amado pela torcida local, foi quem perdeu o pênalti que definiu o jogo.

O jogo teve de tudo: duas bolas na trave, duas expulsões, dois gols anulados (sempre um de cada lado) e nove amarelos. O Uruguai segurou a Argentina com um jogador a menos por 48 minutos após o vermelho para Pérez, ainda na primeira etapa, e só voltou a ter igualdade numérica em campo quando Mascherano também recebeu o segundo amarelo. A partida, porém, poderia ter sido decidida aos 44 minutos do segundo tempo, mas Muslera fez duas defesas fantásticas em sequência e levou o jogo à prorrogação. Depois, o goleiro da Lazio, herói da noite, garantiu a vitória com a defesa do pênalti batido por Tevez. Fez segundo ele próprio, o maior jogo de sua vida.

Messi, que viu a torcida levar uma faixa pedindo desculpas pelas vaias no jogo contra a Colômbia, fez um bom primeiro tempo, com a assistência para o gol de Higuaín, mas caiu demais de produção depois do intervalo, só voltando a brilhar no segundo tempo da prorrogação. A quatro minutos do fim, teve a chance de decidir a partida, mas González salvou.

Na semifinal, o Uruguai vai enfrentar o Peru, que, mais cedo, venceu a Colômbia por 2 a 0 na prorrogação. A partida acontece na terça-feira, em La Plata, às 21h45.

O JOGO - Sem poder contar com Coates, suspenso pelo segundo amarelo, o cruzeirense Victorino entrou no time uruguaio para fazer dupla de zaga com Lugano. Pelo lado argentino, Sergio Batista manteve o time que venceu bem a Costa Rica, com as quatro substituições em relação à equipe da estreia.

O Uruguai não se assustou com a pressão da torcida argentina, que lotou o estádio Brigadier General Estanislao López, também conhecido como "Cemitério de Elefantes". Logo com 4 minutos, abriu o placar. Forlán cruzou na área pela esquerda, Cáceres cabeceou no segundo pau, Romero defendeu e Diego Pérez marcou no rebote.

Com todas as jogadas argentinas passando pelos pés de Messi, uma hora o gol dos anfitriões sairia. E ele veio aos 17 minutos. O Uruguai perdeu a bola no ataque e ela logo chegou a Messi, pela direita. O jogador do Barcelona viu Higuaín se movimentando na área e deu um cruzamento perfeito para o centroavante, que apareceu sozinho na marca do pênalti e cabeceou para empatar o jogo.

A combinação se repetiu aos 30. Messi cobrou falta pela direita e voltou a colocar a bola na cabeça de Higuaín, que novamente balançou as redes. Desta vez, porém, o atacante estava impedido e o gol foi corretamente anulado pelo árbitro paraguaio Carlos Amarilla.

Se a Argentina tinha Messi, o Uruguai contava com Forlán. Aos 34 o melhor jogador da última Copa do Mundo cobrou falta pela esquerda, Cáceres cabeceou e mandou no travessão. No rebote, Lugano marcou, mas o lance já estava parado por impedimento, mais uma vez bem anotado por Amarilla.

O equilíbrio foi desfeito aos 38 minutos. Pérez, que já havia feito uma falta violenta antes de marcar o gol e poderia ter sido expulso ali mesmo, levou o segundo amarelo ao matar um contra-ataque ainda na entrada da área argentina. Acabou expulso deixando o Uruguai com um jogador a menos. Antes, o time já havia perdido Victorino, por uma lesão na coxa esquerda. Scotti entrou no seu lugar. Mesmo em desvantagem, o Uruguai quase marcou aos 44 minutos. Forlán levantou uma bola na área pela direita, Lugano cabeceou e carimbou o travessão de Romero.

Se o primeiro tempo foi muito movimentado, o ritmo caiu no início da segunda etapa. Com um a menos, o Uruguai se fechou na defesa, sonhando com um contra-ataque arrasador. A Argentina, sentindo a ausência de um armador para fazer companhia a Messi - a torcida pedia por Pastore -, não criava chances de gol e já incomodava a torcida com 20 minutos de segundo tempo.

Batista só atendeu o pedido da torcida aos 26 minutos, colocando Pastore no lugar de Di Maria. A Argentina logo melhorou. Aos 32, Messi tocou para Agüero, que dominou girando sobre Lugano e bateu para a defesa de Muslera no reflexo. Esta foi a única boa jogada do barcelonista em todo o segundo tempo. O Uruguai respondeu em seguida. Forlán recebeu de Suárez na área, bateu na saída do goleiro, mas Romero salvou a Argentina.

Além da consistência tática e da garra, o Uruguai tinha seus talentos individuais. Aos 40, Forlán bateu escanteio da esquerda e Lugano cabeceou com perigo, por cima do gol. Um minuto depois, Mascherano fez uma falta por trás em Suárez, na lateral direita, quase sobre à linha do meio campo, levou o segundo amarelo e foi expulso. Sem o ex-corintiano, Messi virou o capitão argentino.

Aos 44, um lance incrível. Tevez bateu falta de longe, a bola desviou na barreira e quase enganou Muslera, que defendeu com o pé. No rebote, Higuaín chutou a queima-roupa, mas o uruguaio saiu em xis, como goleiro de handebol, e fez uma defesa para entrar na história. Nos acréscimos, Suárez deu um drible de futsal em Millito, quase sobre a linha de fundo e cruzou para Forlán, que cabeceou por cima.

Na prorrogação, parecia que a Argentina, ao perder Mascherano, ficara com um jogador a menos. O Uruguai ganhou campo de jogo e quase fez o segundo numa pancada de Álvaro Pereira. A bola, porém, subiu demais e passou tirando tinta do travessão. A Argentina ficou perto de marcar aos 13 minutos, quando Higuaín recebeu pela esquerda da área, bateu rasteiro e acertou o pé da trave de Muslera.

A Argentina foi melhor na segunda etapa, muito por conta do crescimento do futebol de Messi. O Uruguai voltou a se preocupar com marcar e esperar um contra-ataque. Num lance emblemático, aos 11, Messi recebeu na área, limpou a jogada, bateu para o gol mas González salvou no carrinho. O jogador do Barcelona se jogou no gramado, com a cara enfiada na grama, e ficou ali por alguns segundos, lamentando sua infelicidade. O jogo realmente seria decidido nos pênaltis.

Os dois craques começaram batendo. Messi e Forlán deslocaram os goleiros e converteram as batidas. Muslera e Romero acertaram o canto, mas não pegaram as batida de Burdisso e Suárez. Tevez bateu com força, à meia altura, e facilitou a defesa de Muslera, errando a primeira penalidade para a Argentina. O goleiro uruguaio também quase pegou a batida de Pastore, mas não conseguiu segurar a bola, que passou por baixo dele. Scotti e Gargano colocaram o Uruguai na frente.

O Uruguai poderia fechar o jogo na cobrança de Higuaín. A bola bateu no travessão, na linha, no travessão, e entrou. A vitória veio em batida perfeita de Cáceres.

FICHA TÉCNICA:

Argentina 1 (4) x 1 (5) Uruguai

Argentina - Romero; Zabaleta, Burdisso, Gabriel Millito e Zanetti; Mascherano, Gago (Biglia) e Di Maria (Pastore); Messi, Agüero (Tevez) e Higuaín. Técnico - Sergio Batista.

Uruguai - Muslera; Maxi Pereira, Lugano, Victorino (Scotti) e Cáceres. Diego Pérez, González, Arévalo Ríos e Álvaro Pereira (Gargano). Forlán e Suaréz. Técnico - Oscar Tabárez.

Gols - Diego Pérez, aos 5, e Higuaín, aos 17 minutos do primeiro tempo.

Árbitro - Carlos Amarilla (Paraguai).

Cartões amarelos - Tevez, Gago, Burdisso, Gabriel Millito, Mascherano, Zabaleta, González, Cáceres e Diego Pérez.

Cartões vermelhos - Diego Pérez e Mascherano.

Renda e público - Não disponíveis.

Local - Estádio Brigadier General Estanislao López, em Santa Fé (Argentina).

 

Abaixo, o que está no Wikipédia a respeito do Maracanazo, quando os mesmos uruguaios, no mesmo 16 de julho, fizerm o Brasil chorar:

Prólogo

O caminho para o título da Copa do Mundo de 1950 foi particularmente sui generis: Em vez do sistema de jogos eliminatórios (que é comumente usado atualmente em todas as competições, não apenas de futebol), o regulamento determinava que o campeão seria definido através de jogos entre um grupo de finalistas. Os quatro finalistas foram: o Brasil (país sede e grande favorito), o Uruguai (que precisava vencer apenas uma partida para chegar as finais, esmagou a Bolívia por 8-0), a Espanha (que deixou para trás a Inglaterra no seu grupo), e a Suécia (que venceu a Itália).

O início da rodada final foi mais do que promissor para o público brasileiro e para a imprensa, pois o Brasil tinha vencido, com folga, os jogos contra a Suécia (7-1) e contra a Espanha (6-1). O Brasil tinha marcado 4 pontos, e era o líder do grupo; seguido pelo Uruguai, que apenas havia empatado com a Espanha (2-2) e consegui uma vitória magra sobre a Suécia (3-2). O Uruguai tinha, então, 3 pontos antes da rodada decisiva.

Apesar de não ter sido estruturada dessa maneira, a rodada final tinha no jogo Espanha-Suécia a disputa do "terceiro lugar" (a Espanha tinha apenas 1 ponto, enquanto a Suécia não tinha nenhum). Brasil-Uruguai era o "jogo decisivo". Mesmo um empate garantiria o título ao Brasil, devido ao número de pontos. O Uruguai tinha, necessariamente, que vencer o jogo para levar a Copa.

Comemoração antecipada

A imprensa especializada e o público em geral já tinham começado a aclamar o Brasil como o novo campeão mundial, dias antes da final, e eles tinham razões para isso. O Brasil havia vencido suas duas últimas partidas, com um estilo muito ofensivo de jogo contra qual todos os esforços se tinham mostrado inúteis. Por outro lado, o Uruguai tinha encontrado muita dificuldade tanto no jogo contra a Espanha, como contra a Suécia, obtendo um empate contra a Espanha e uma vitória magra sobre a Suécia. Quando esses resultados eram comparados ficava óbvio que o Brasil estava preparado para vencer o Uruguai, facilmente, da mesma forma como tinha vencido a Espanha e a Suécia.

Na manhã de 16 de julho de 1950 as ruas do Rio de Janeiro estavam em polvorosa. Foi improvisado um carnaval sob o som de "O Brasil precisa vencer!". Este espírito encorajador não cessou, até o início da partida final, que lotou o lendário Estádio do Maracanã com um público de aproximadamente 200.000 pessoas, um recorde mantido até hoje.

Como o Uruguai se preparou

No vestiário do Uruguai momentos antes da partida, o técnico Juan Lópes determinou que uma estratégia defensiva seria o modo mais adequado de encarar o poder ofensivo Brasileiro. Depois que ele saiu, Obdulio Varela, capitão do time, levantou-se e disse ao time, "Juancito é um bom homem, mas hoje, ele está errado. Se jogarmos defensivamente contra o Brasil, nosso destino não será diferente do da Espanha e Suécia." Varela então fez um emocionado discurso sobre como eles precisavam encarar todas as dificuldades e não serem intimidados pela torcida brasileira. O discurso, como depois foi confirmado, teve uma enorme importância no desfecho que teria a partida. Algo que ele disse foi "Muchachos, los de afuera son de palo. Que comience la función", que poderia ser traduzido como "Rapazes, quem está do lado de fora não joga. Que comece o jogo".

A partida

A partida começou como já se esperava: a iminente avalanche brasileira contra o defensivo time uruguaio. Porém, diferente da Espanha e da Suécia, a linha defensiva do Uruguai conseguia segurar os muitos ataques brasileiros. O primeiro tempo acabou sem gols, e mesmo com o resultado ainda sendo favorável ao Brasil, a estratégia do Uruguai conseguiu diminuir a intensidade da torcida.

O Brasil marcou o primeiro gol da partida, com apenas dois minutos do segundo tempo, o que acionou a torcida. Novamente Varela teve um importante papel ao pegar a bola e disputar a validade do gol com o juiz, alegando impedimento do jogador brasileiro. Depois de ser vencido pela arbitragem, Varela levou a bola ao meio de campo e gritou para o seu time "Agora é a hora de vencer!".

O Uruguai realmente conseguiu inverter o jogo. Apesar da sua admirável capacidade ofensiva, o time do Brasil mostrava falhas na sua defesa, e aos 21 minutos, Juan Alberto Schiaffino empatou o jogo.

A multidão calou-se, em contraste com a erupção de gritos e vivas que havia, pouco antes de levar o gol (quando o resultado ainda era favorável para Brasil). Restando apenas 11 minutos de jogo, Alcides Edgardo Ghiggia, correu pelo lado direito do campo e fez outro gol. A multidão morrera. E assim continuou até o árbitro da partida, George Reader da Inglaterra, apitar o fim do jogo.

Jules Rimet, presidente da FIFA e organizador da copa, comentou o que acontecera: "O silêncio era absoluto, às vezes difícil de se acreditar", já que uma multidão de duzentas mil pessoas continuava sem acreditar que tinha perdido um título que considerava seu, por direito.

Jules Rimet havia preparado um discurso em português para parabenizar os vencedores, que ele esperava seriam os brasileiros, sendo assim, levou um susto quando, a caminho do campo, a multidão estava parada, não havia hino, nem celebração pela conquista de copa, nem nada.

A Confederação Brasileira de Desportos tinha preparado 22 medalhas de ouro, com os nomes dos seus jogadores gravados (na época a FIFA não dava medalhas aos vencedores, como agora), que também nunca cumpriram a sua finalidade.

Em uma entrevista, Ghiggia (autor do segundo gol) disse: "O silêncio era tão grande que se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos o seu zumbido."

Depois da partida

Com aquele resultado e com a consequente ruína da celebração, os organizadores da Copa do Mundo deixaram Jules Rimet sozinho no campo, com a taça nas mãos. Sem nenhuma cerimônia a ajudá-lo, Jules Rimet acabou por chamar Varela para entregar-lhe a taça. Este foi o segundo e, até o presente momento, o último título mundial conquistado pelo Uruguai - 2010.

A sociedade brasileira ficou em estado de choque, com o desfecho dessa copa. Muitos jornais pareciam não aceitar o fato de que a seleção tinha sido derrotada. Alguns dos jogadores aposentaram-se, nenhum deles, jamais, foi considerado para a Seleção.

A Confederação Brasileira de Desportos decidiu mudar a cor dos uniformes da seleção, pois considerou o azar como motivo da derrota. Antes do Maracanaço, o uniforme titular brasileiro era composto de camisa branca com gola azul e calções brancos, tendo sido mudado para o que é usado até hoje, camisa amarela com gola verde e calções azuis.

 


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