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No mesmo dia, morreram William Shakespeare e Miguel de Cervantes

H uma grande polmica em torno da coincidncia da morte dos dois maiores nomes da literatura universal, que acredita-se, ocorreu no dia 22 de abril de 1616

No mesmo dia, morreram William Shakespeare e Miguel de Cervantes (Foto: Montagem/247)
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Max Altman _Opera Mundi - Acredita-se que, no dia 22 de abril de 1616, morreram dois dos maiores nomes da literatura universal, o inglês William Shakespeare e o espanhol Miguel de Cervantes. Há, contudo, grande polêmica em torno da coincidência da morte dos dois. Na época, a Inglaterra, reticente às inovações do continente europeu, vivia ainda com o calendário juliano enquanto a Espanha já havia adotado o gregoriano. Isso quer dizer que Cervantes pode ter falecido onze dias antes que Shakespeare.

Em meio a Dom Quixote e Hamlet, Sancho Pança e Otelo, Rocinante e Falstaff, Dulcineia e Julieta, esses dois gigantes da literatura legaram à humanidade personagens de grande autenticidade.

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O Bardo de Avon

William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon na família de um rico comerciante. Segundo a tradição, foi batizado em 26 de abril de 1564, na igreja da Santa Trindade, na mesma cidade em que morreria, cercado de honras, aos meros 52 anos. Foi ainda em Stratford que se casou com apenas 18 anos com Ann Hathaway, uma analfabeta oito anos mais velha que ele. O casal teria três filhos.

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Cinco anos mais tarde, William parte para Londres, onde passa a escrever sob a proteção do conde de Southampton, a quem dedica sua primeira coletânea de poemas, Vênus e Adônis. A trupe teatral de Shakespeare se apresentaria antes no novo Globe Theater, à margem direita do rio Tâmisa. Somente após 1608, passariam a utilizar a sala Black Friars.

O poeta e dramaturgo inglês se mostra excelente conhecedor não apenas da essência do ser humano, mas, também, de elementos do meio ambiente e da natureza. Ele cita não menos de 108 espécies de plantas em seu Romeu e Julieta. Frequenta as tavernas com a mesma desenvoltura que os castelos. Seus êxitos teatrais e suas qualidades de investidor lhe permitem desfrutar de um belo patrimônio.

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Shakespeare é o mais fecundo de todos os artistas que ascendem em Londres, no final do século XVI, sob o reinado brilhante e frenético de Elizabeth I. Christopher Marlowe, que poderia se rivalizar com o Bardo de Avon, alcunha de Shakespeare, foi morto prematuramente numa taverna.

Não obstante, Shakespeare segue sendo assaz misterioso. Só se conhece uma palavra escrita de próprio punho. É seu nome. Esta preciosa relíquia é conservada no Museu Britânico. Seus traços e sua imagem há muito vem sendo imaginados segundo um retrato a óleo de autor desconhecido. Intitulada Retrato Chandos, a tela pertenceu a James Brydges, 3º duque de Chandos.

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Em março de 2009, o professor Stanley Wells conferiu autenticidade a uma outra tela que estaria representando o dramaturgo. O Retrato Cobbe é assim chamado por ter sido historicamente de propriedade do arcebispo Charles Cobbe. Pintado em 1609, estaria mais próximo da realidade que o precedente. Tanto melhor, pois nos revela um homem do mundo, plenamente sedutor, a milhares de léguas do poeta exaltado e sombrio que a simples leitura de suas obras nos permite imaginar.

O Maneta de Lepanto

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Nascido em 1547, em Alcalá de Henares, Miguel de Cervantes Saavedra é tão representativo da Espanha de Felipe II quanto o Shakespeare da Inglaterra elizabetana. No entanto, é possível acreditar que ignorava tudo de seu contemporâneo.

Filho de um cirurgião coberto de dívidas e de uma jovem judia convertida, revela-se um aventureiro como seu herói, Dom Quixote, e como os conquistadores que desbravaram a América e fizeram a glória de seu país.

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Após estudar em Castela e na Andaluzia, é convidado a trabalhar para o cardeal Acquaviva, um núncio apostólico. Acompanha-o a Roma e depois se junta à Santa Liga para participar da batalha de Lepanto, contra os otomanos. Perde na batalha sua mão esquerda “pela glória da direita”, diria. Passaria a ser chamado de Maneta de Lepanto.

Mas seus apuros estavam apenas começando. É mais tarde conduzido como escravo para Argel pelos barbarescos – piratas que passaram a operar no mar Mediterrâneo após a conquista muçulmana da Península Ibérica. Lá permaneceu durante cinco anos. Em 19 de setembro de 1580, seu dono, Hassan Pacha, se apresta a lançar-se ao mar rumo a Constantinopla quando seu cativo é resgatado por padres e por 500 oficiais.

Cervantes casa-se e passa a morar em Sevilha, onde é nomeado comissário das provisões das galeras do rei Felipe II, que preparava a Grande Armada para invadir a Inglaterra. Suas aventuras alimentam as primeiras obras. Faz encenar diversas peças, hoje perdidas, e publica Galateia (1585). Mas suas aflições não tinham terminado. Ciúmes e negócios duvidosos o conduzem diversas vezes à prisão.

Cervantes atinge a idade, avançada para aquela época, de 57 anos quando publica a primeira parte de Dom Quixote. Somente então é que se afirma como mestre das letras.

Postos à venda 1200 exemplares nas livrarias de Madri em 16 de janeiro de 1605, o romance conquista imediatamente um enorme êxito. Seu sucesso em outros países se beneficiaria do imenso prestígio que a língua castelhana goza em todas as cortes europeias vinculadas à dinastia dos Habsburgos.

A segunda parte de Dom Quixote é publicada em 1625, após a morte do escritor, e a popularidade de seu heroi não parou de crescer. Todos os leitores espanhois e possivelmente todos os leitores do mundo conhecem a primeira frase do romance: “En un lugar de la Mancha, cuyo nombre no quiero acordarme (...)”.

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