O isolamento do candidato Humberto Costa
Isolado, o senador e candidato à Prefeitura do Recife, Humberto Costa (PT), partiu para o ataque contra o candidato do PSB, Geraldo Júlio; o governador e presidente da legenda socialista, Eduardo Campos, também partiu para o confronto e taxou a atitude do rival como “uma mentira de gente que está desesperada diante de uma derrota eleitoral”; Rompimento entre os antigos aliados estaria bem perto de acontecer
PE247 - O clima tenso na campanha eleitoral do Recife tem elevado a temperatura entre o senador e candidato petista Humberto Costa e o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos. Aliados até recentemente, o que se tem observado nos últimos dias é que em queda livre nas pesquisas eleitorais, Humberto tem batido duro no PSB, no adversário socialista Geraldo Júlio e, também, no próprio Campos. Ontem, no guia eleitoral, o governador deu o troco e chamou o ataque ao projeto de Parceria Público Privada (PPP) o qual Humberto afirma ser uma privatização e que só vai encarecer a conta para o contribuinte, de “uma mentira de gente que está desesperada diante de uma derrota eleitoral”. Tachando o ex-aliado de mentiroso, Eduardo mandou o recado da forma mais clara possível: ou o tom muda ou o rompimento entre os dois já pode ser considerado favas contadas.
A relação, que até bem pouco tempo era pessoal e também política entre os dois caciques políticos começou a azedar quando o PT demorou a decidir quem seria o candidato à sucessão de João da Costa na capital pernambucana. No imbróglio criado a partir daí, com pelo menos três nomes disputando a mesma vaga, o PT rachou e o ex-presidente Lula, juntamente com a Direção Nacional, viu-se obrigado a intervir diretamente na escolha, que acabou recaindo sobre Humberto Costa. A decisão gerou um mal estar sem precedentes, que culminou na sápida de nomes de peso do Partido dos Trabalhadores, como o deputado federal Maurício Rands, que também contava com o apoio de Campos para ser candidato.
Foi quando campos jogou a carta que tinha na manga. Lançou Geraldo Júlio e uma série de candidatos próprios em várias capitais administradas pelo PT, como Fortaleza (CE) e Belo Horizonte (MG). Os petistas entenderam como um sinal que o PSB estaria de olho em se fortalecer para o pleito presidencial de 2014 e lançar o seu presidente nacional na cabeça de alguma chapa, ameaçando a reeleição de Dilma Roussef. Foi quando a relação entre os partidos trincou e a relação pessoal de Lula e Eduardo ficou abalada.
Embora imposto pela direção, Humberto despontou na liderança da corrida municipal. Nas últimas pesquisas, porém, o petista começou a cair e a liderança foi ocupada pelo socialista Geraldo Júlio. Agora, nesta última semana, ele foi ultrapassado por Daniel Coelho (PSDB). Isso fez com que o senador subisse o tom das críticas chegando até mesmo ao governador, de quem foi secretário estadual ocupando a pasta de Cidades. O mal estar foi explicitado ontem (24) no guia eleitoral com Eduardo chamando o petista de despreparado e mentiroso.
E a tendência é que caso continue neste tom Humberto acabe ainda mais isolado na disputa, já enfraquecida pela falta de recursos financeiros. Com o reatamento iminente entre Lula e Campos, provocado por ataques sofridos pelo cacique petista –, o ex-presidente não está muito disposto a a vir ao Recife para apoia-lo nesta reta final de campanha. Também não seria interessante ao Partido do Trabalhadores comprar uma briga direta com um dos principais partidos da base de apoio governista no Congresso Nacional.
Acossado, Humberto não tem poupado ninguém. Além do governador, ele também tem vociferado contra o atual prefeito João da Costa (PT), a quem acusa de estar a serviço do PSB. ““Agora todo mundo que mudar o Recife, mas o atual prefeito é do PSB”, disse em um evento de campanha. Detalhe, tanto um partido quanto o outro possuem cargos no primeiro escalão das administrações municipal e estadual.
A pouco dias das eleições, independente do resultado das urnas, ambos os partidos ficarão chamuscados. E quanto a relação entre Campos e Humberto o que se vislumbra no horizonte são nuvens escuras. Se será somente uma chuva passageira ou um temporal que deixará estragos permanentes somente o tempo dirá.
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