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O papa não falou com os dissidentes

E mais: a Justiça boazinha, a armação de Demóstenes, os advogados porta-vozes, o Congresso está votando e brasilienses não querem álcool no Mane Garrincha

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Pau no Vaticano -- O papa Bento 16 foi a Cuba e não conversou com os oposicionistas, muito menos com a blogueira Yoani Sánchez. Que, aliás, não se atreveu a pedir a intercessão do chefe de Estado da Santa Sé para que consiga um visto de saída. O que será que políticos, analistas e jornalistas tucanos e demistas acham disso? Vão criticar a política externa do Vaticano como criticaram a do Brasil?

O fato é que boa parte dos críticos de Dilma queria apenas fazer oposição ou manifestar seu antiesquerdismo. Outra parte nada entende mesmo de política externa e não sabe que existem conceitos como respeito à soberania e não interferência em assuntos internos de outros países. Não sabem sequer distinguir ações bilaterais de ações multilaterais, mas pontificam nas news.

Omissão na Índia -- A propósito: na Índia, a presidente Dilma não vai manifestar ao primeiro-ministro a insatisfação do governo brasileiro com o sistema de castas ainda vigente naquele país. E não vai aproveitar para dizer ao presidente russo Dmitri Medvedev que as eleições em seu país foram fraudadas.

Ainda a Justiça boazinha – O Superior Tribunal de Justiça vai acabar conseguindo ter uma imagem tão ruim quanto a do Congresso Nacional. Uma turma inocentou um homem acusado de ter estuprado três meninas de 12 anos de idade alegando que elas já se prostituíam. Outra turma decidiu não aceitar exames clínicos e testemunhas como provas de alcoolismo em motoristas, alegando que isso feriria os direitos individuais. Estupradores e assassinos do volante agradecem aos ministros por serem tão bonzinhos com eles.

Se procurarem, vão achar – Não se sabe o que a Polícia Federal já tem sobre as relações pessoais e suspeitas do senador Demóstenes Torres, ou o que vai tornar público. Mas hoje aparece com mais clareza porque foi armada com a Veja a denúncia falsa de que havia sido grampeada uma conversa telefônica do ministro Gilmar Mendes com Demóstenes, muito bem aproveitada pelo então ministro Nelson Jobim. O grampo nunca existiu, por isso o áudio nunca apareceu. E jabuti não sobe em árvore.

Em defesa dos advogados – Todos têm direito à defesa, e por isso advocacia é uma instituição essencial à Justiça. O advogado tem a obrigação de defender o seu cliente nos tribunais, mas pelo bem da categoria profissional e de sua boa imagem, essa defesa deveria ficar circunscrita aos autos do processo e às tribunas. Advogados nunca deveriam se meter a porta-vozes de seus clientes em entrevistas à imprensa, pois geralmente usam argumentos ridículos e se confundem com os corruptos, ladrões e assassinos que têm a obrigação de defender judicialmente, de graça ou por muito dinheiro.

Dilma está vencendo – O Senado votou as mudanças na previdência dos servidores, a Câmara votou a Lei Geral da Copa. O Código Florestal será votado em abril e o que desagradar ao governo será vetado. Henrique Alves foi à tribuna dizer que não é fisiológico e chantagista e foi aplaudido pelos colegas que também, claro, não são fisiológicos e chantagistas. O conflito ainda não acabou e pode render, mas Dilma está mostrando que não agiu impensadamente ao começá-lo. Ela já sabe com quem lida e aonde pode chegar.

Brasília sóbria – Cada estado e o Distrito Federal é que decidirão se poderá haver venda e consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa do Mundo. Todos aprovarão, pois ninguém vai querer criar caso com a Fifa. Mas se dependesse dos brasilienses, não haveria álcool no Estádio Nacional de Brasília Mane Garrincha. Uma pesquisa realizada esta semana pelo instituto O&P mostra que 76% são contra a venda e consumo de álcool e apenas 21,9% são a favor. Os mais jovens (16 a 24 anos) são os mais favoráveis, com 26,1%. Os com mais de 60 anos são os mais contrários (84,4%).

 

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