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O relator Odair Cunha é brando. A CPI não será

Indicao de Odair Cunha foi vitria de Dilma em relao a Lula e Jos Dirceu, mas no significa blindagem absoluta; em CPIs anteriores, do esquema PC e do mensalo, os relatores Benito Gama e Osmar Serraglio tambm pareciam dceis, mas conduziram investigaes explosivas

O relator Odair Cunha é brando. A CPI não será (Foto: Divulgação)

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247 – Em praticamente todos os veículos de comunicação, inclusive no 247, a escolha do brando deputado Odair Cunha (PT-MG) como relator da CPI sobre Carlos Cachoeira foi apontada como uma vitória da presidente Dilma Rousseff em relação ao presidente Lula e ao ex-ministro José Dirceu, que tentavam emplacar o também deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), de perfil mais aguerrido. No Painel, da Folha de S. Paulo, a vitória de Dilma foi explicitada no título: “Dilma 1x 0 Lula”. Hoje, será possível medir a temperatura da primeira divergência relevante entre os dois no almoço entre a presidente e seu antecessor no Palácio da Alvorada.

No entanto, a experiência histórica revela que, raramente, é possível controlar os rumos de uma CPI. Nos dois casos mais emblemáticos da história recente, governistas também tiveram maioria na indicação dos parlamentares. Ainda assim, os resultados foram explosivos. Em 1992, o antigo PFL indicou o deputado Benito Gama para relatar a CPI do esquema PC Farias. Benito era o mais leal aliado de Antônio Carlos Magalhães, que, por sua vez, foi o mais leal defensor de Fernando Collor até o fim – ACM, como se sabe, votou contra o impeachment estimulado pela CPI.

Em 2005, no mensalão, o governo também conseguiu indicar o presidente Delcídio Amaral (PT-MS) e o relator Osmar Serraglio (PMDB-PR). Este, que era um deputado do baixo clero, discretíssimo e pouco conhecido, acabou se notabilizando por um relatório também extremamente duro. Ou seja: numa CPI, os relatores, que todos os dias são cercados por repórteres, dificilmente conseguem se libertar da pressão exercida pela opinião pública.

“Doa a quem doer”

Na sua primeira declaração pública, Odair Cunha afirmou que o alvo será a relação do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos, especialmente com o senador Demóstenes Torres (sem partido/GO), mas deixou claro que, dependendo das investigações, o foco poderá ser ampliado “doa a quem doer”.

Na prática, o deputado transmitiu uma mensagem de lealdade ao governo, que o indicou, mas também à opinião pública. Deixou claro que não se submeterá a acordos para conduzir uma CPI de fachada, que termine em pizza. Eleito por uma base católica e moralista, Odair Cunha também terá que prestar contas a seu eleitorado, que dificilmente aceitaria conchavos com uma organização criminosa tão ampla, como a de Carlos Cachoeira.

Em paralelo, o governo federal se protege. Foco dos maiores danos potenciais à administração federal, a construtora Delta já vem sendo alijada de contratos importantes, tanto na Copa como no PAC. Além disso, o governo pode declarar a empresa inidônea e vender a tese de que a empreiteira obteve a maior parte dos contratos recentes no DNIT, órgão que foi colocado sob intervenção pela presidente Dilma.

Enquanto isso, a presidente continuará tocando uma agenda positiva, como fez ontem, ao anunciar mais de R$ 32 bilhões em recursos federais para obras de mobilidade urbana. A mensagem é clara: o governo governa e CPI é assunto do Congresso. Mas ter o controle absoluto sobre os rumos da comissão e o relatório de Odair Cunha será impossível.

 

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